QGnianos, é muito importante ficarmos ligados no que tem acontecido no mundo para o ENEM. Os acontecimentos da América do Sul costumam aparecer com frequência na prova de Ciências Humanas. Pensando nisso, o assunto de hoje é sobre a situação atual de um país que tem dado o que falar: a Venezuela.
O Cenário
A Venezuela, que já foi o país mais rico da América Latina, possui uma das maiores reservas de petróleo do mundo e seu governo democrático já foi o alvo de elogios. Porém, atualmente, a economia e o regime democrático do país trazem mais preocupações do que elogios. A Venezuela possui a maior taxa de inflação do mundo, fazendo com que alimentos e medicamentos sejam inacessíveis para a população. Além disso, nos últimos 4 anos, seu PIB caiu em 35% e seu nome está na lista dos países com as cidades mais perigosas do mundo. Essa situação gerou inúmeras manifestações contra o presidente, Nicolás Maduro, que foi eleito em 2013 e trouxe consigo essa crise.
80% da população deseja a saída do presidente, mas não é isso que está acontecendo.
Maduro consolidou seu poder trazendo o país próximo a um regime autoritário. A ambição do presidente ficou clara em dezembro de 2015. Dois anos após ser eleito, uma coalizão entre dos partidos de oposição, chamado MDU, possuía dois terços da Assembleia Nacional, ameaçando o poder do presidente. Em resposta, Maduro forçou o Supremo Tribunal Federal a ser composto por políticos aliados a ele. Em março de 2016, o Supremo Tribunal tirou o poder da Assembleia Nacional, gerando inúmeros protestos. Ao perceber o que havia cometido, Nicolás tentou desfazer, mas o estrago já tinha acontecido.
Em julho de 2017, Maduro convocou eleições para compor um novo órgão chamado Assembleia Nacional Constituinte, que teria o poder de reescrever a Constituição do país e substituir a Assembleia Nacional. Assim, o presidente não teria opositores no poder. A questão é que na eleição, a população não poderia escolher se aprovava o órgão ou não, apenas podia votar em quem faria parte deste.
Hugo Chávez
Quando olhamos para trás, vemos Hugo Chávez, o presidente anterior, que também propôs reescrever a Constituição em 1999. Tudo começou com um referendo que propunha a eleição da Assembleia Nacional Constituinte. Primeiramente, o país votou a favor da Assembleia e, em seguida, foram eleitos os políticos que fariam parte desta. Diferentemente de Maduro, Chávez era um presidente carismático e adorado pelo povo. Nos anos 90, ele alegava que a corrupção do governo e a elite venezuelana eram os culpados pela situação econômica e a desigualdade no país. Sua voz se espalhou com força entre a população mais pobre, ajudando Chávez a chegar ao poder.
O momento chave da presidência de Chávez foi em 2004, quando o preço do petróleo aumentou. Como a economia do país é pautada nisso, a Venezuela começou a crescer. Chávez gastou bilhões do que foi lucrado com programas sociais para população de baixa renda. Ele subsidiou os alimentos, melhorou a educação e o sistema de saúde pública, reduzindo a pobreza em até 50%. Esses programas ajudaram de fato os mais pobres, mas também serviram aos propósitos de Chávez. Para ser reeleito, ele precisava manter essa população feliz, então, ele focou a economia só nisso. Ele não balanceou a dependência do país por petróleo com outras fontes. E seus gastos acabaram gerando um déficit. Se o preço do petróleo caísse, seria impossível sustentar esses programas implementados. Após a morte de Chávez, Maduro chegou ao poder junto com a queda do preço do petróleo.
A Venezuela Atualmente
A hiperinflação fez medicamentos e alimentos, uma vez subsidiados, inacessíveis para a população mais pobre, que agora representa 82% da população. Como Chávez, Maduro sacrificou a economia para aumentar seu poder, mas dessa vez os mais pobres não estão sendo beneficiados.
Nicolás explorou o sistema monetário complexo iniciado por Chávez, fazendo com que 10 Bolívares Venezuelanos valessem 1 Dólar Americano. Mas um detalhe: apenas seus amigos e aliados tem acesso à essa taxa de conversão. Na verdade, o valor do Bolívar Venezuelano é bem mais baixo. A maior parte da população consegue dólares de forma clandestina, onde a taxa de conversão do Bolívar Venezuelano é de 12.163 por 1 Dólar Americano. Os militares, que estão no controle do fornecimento alimentos para o país desde 2016, estão lucrando com essa situação. Eles importam os alimentos com a taxa de conversão “especial” de Maduro e vendem clandestinamente com essa taxa muito mais alta. Logo, para militares e aliados do presidente, a crise apresentou opções lucrativas, apoiando o mandato de Nicolás. Porém, esse apoio não é suficiente para mantê-lo no poder.
E agora, Maduro?
O que nos traz de volta para a situação atual do presidente. A oposição boicotou as eleições. Menos de 4 milhões de eleitores foram às urnas. Mas o Governo não anulou a eleição. Os votos foram apurados e a opção da criação de uma nova Assembleia Constituinte venceu. O governo de Maduro está tentando criar uma ilusão de suporte popular, alegando que 8 milhões de pessoas votaram, mas especialistas mostram que o número real é menor que a metade.
A comunidade internacional, incluindo o Peru, México, Canadá, Espanha e Argentina, condenaram a eleição. Os Estados Unidos impuseram sanções financeiras no governo de Maduro. Mas sua Assembleia Constituinte formada de políticos leais a ele foi formada de qualquer forma. Inúmeros membros da oposição foram presos. Ainda não se sabe se uma nova Constituição será feita ou se as próximas eleições serão prorrogadas. No momento, Maduro tem poder supremo sobre o país e o futuro da Venezuela está cada vez mais turvo.