Desde a antiguidade até os dias contemporâneos, sempre houve uma grande questão que toda a humanidade almeja um dia ser capaz de responder: qual a origem da vida?
É uma dúvida que se estende na história, compartilhada por antigos pensadores e cientistas atuais. De onde viemos? Por que estamos aqui? Como e quando tudo começou?
Na tentativa de conseguir uma resposta, surgiram várias hipóteses e teorias. Vamos falar sobre elas?
Criacionismo:
A teoria do Criacionismo é uma hipótese defendida por religiosos que afirmam que Deus criou o Universo e todos os seres nele viventes, a partir do nada. Essa hipótese é ligada à crença religiosa, não sendo aceita pela comunidade acadêmica. Segundo ela, os seres vivos foram criados do mesmo jeito que são hoje, sendo assim imutáveis (vale lembrar que existem várias evidências que mostram que os organismos se modificam e já se modificaram com o tempo).
Até o século XIX, considerava-se que todos os seres vivos existentes se apresentavam como sempre tinham sido. Ou seja, toda vida existente era obra de uma entidade maior e poderosa. No entanto, mesmo que exista criacionistas nos dias atuais, essa teoria surgiu em um momento onde não existia conhecimento suficiente.
No entanto, já no tempo da Grécia antiga, ela não era satisfatória. De modo que muitos tentaram refutar o criacionismo, surgindo assim, várias teorias alternativas, baseadas na observação de fenômenos naturais, tanto quanto os conhecimentos da época o permitiam.
Abiogênese x Biogênese
- Abiogênese:
A teoria da abiogênese ou da geração espontânea, refutada ainda na antiguidade, consistia na explicação de que a origem da vida surgia a partir da matéria bruta, ou seja, de uma matéria sem vida. O mais clássico experimento que tentava explicar a abiogênese era o surgimento de ratos a partir de roupas sujas. Colocavam-se roupas sujas acompanhadas de grãos de trigo em determinado local e, após alguns dias, nasciam ratos. Para nós, é claro que os ratos eram atraídos pelo odor das roupas sujas e pelo alimento, porém a ideia da abiogênese perdurou por diversos anos – até mesmo grandes pensadores, como Aristóteles, Santo Agostinho, Descartes e Newton, acreditavam nesta teoria.
O primeiro a tentar refutar essa teoria foi Francesco Redi. Segundo ele, seria impossível um ser vivo nascer do nada. Entretanto, como ele provaria que a teoria aceita por diversos anos nunca esteve certa?
Redi então, criou um experimento para tentar acabar de vez com essa ideia errônea:
A experiência consistia em colocar carne em diversos vidros de boca larga, deixando alguns fechados com gaze e outros abertos. O resultado foi: nos vidros abertos, onde moscas podiam pousar livremente, surgiram larvas; no vidro fechado não apresentou nenhuma larva. Assim, Redi concluiu que as larvas eram algum estágio da vida das moscas e que elas não surgiam dos pedaços de carne. A teoria da abiogênese ficou, então, abalada e surgiu a teoria da biogênese.
Contudo, a descoberta do microscópio levantou a questão novamente e a teoria foi parcialmente reabilitada.
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Biogênese:
Ao contrário da abiogênese, essa teoria afirma que um ser vivo provém de outro ser vivo preexistente. Porém, como vimos, o primeiro a tentar provar tal teoria foi Redi, e não foi capaz depois da descoberta do microscópio, o que iniciou a busca por uma resposta, contando com 3 cientistas famosos: Needhaam, Spallanzani e Louis Pasteur. Entretanto, os dois primeiros falharam ao tentar provar com seus experimentos, gerando grande polêmica.
Mas essa polêmica só permaneceu até 1862, quando o francês Louis Pasteur encerrou a discussão.
Ele colocou caldos nutritivos no interior de frascos de vidro, depois aqueceu e curvou os gargalos. Essa curvatura impedia a entrada de poeira e outras partículas presentes no ar, mas ainda mantinha o caldo em contato com ele. Depois ele ferveu o caldo para que todos os microorganismos presentes morressem, deixando o líquido então livre de qualquer forma de vida.
O resultado foi que em nenhum frasco apareceu microorganismos. Pasteur concluiu, então, que os microorganismos ficavam presos no gargalo torcido e, por isso, o caldo não apresentava nenhum desses seres. Para comprovar de vez sua hipótese, ele quebrou os gargalos de alguns frascos. Após alguns dias, os frascos que tiveram seus gargalos retirados apresentaram microorganismos, enquanto os outros não.
Assim, Pasteur conseguiu refutar definitivamente a teoria da abiogênese e provou que a vida poderia surgir apenas a partir de outra vida preexistente.
Entretanto, ao fazer essa afirmação, outra dúvida surgiu: como surgiu a primeira forma de vida?
Para essa questão, temos 3 teorias, a do Criacionismo, que já falamos sobre, a da Panspermia e a de Oparin e Haldane:
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Panspermia:
Essa hipótese, proposta por Anaxágoras e reformulada por Hermann von Helmholtz, diz que a vida na Terra não se originou aqui, e sim do espaço, por meio de meteoros que chocaram-se, trazendo esporos que, em um ambiente favorável, teriam dado origem a formas de vida primitiva.
Tal ideia ganhou força em 1830, quando os químicos Vauquelin e Berzelius relataram a descoberta de compostos orgânicos em amostras de meteorito. No entanto, como essa hipótese apresenta algumas lacunas – como não ter explicado como a vida teria surgido em algum outro lugar do espaço – acabou sendo desacreditada.
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Hipótese de Oparin e Haldane
Atualmente, essa é a hipótese mais aceita sobre a origem da vida. Segundo ela, a Terra primitiva seria constituída por amônia, hidrogênio, metano e vapor d’água, que são expelidos constantemente pelas atividades vulcânicas. A condensação desse vapor d’água teria dado origem a um ciclo de chuvas, pois estas, ao atingirem a superfície ainda quente da Terra, voltavam a evaporar, iniciando assim um novo ciclo.
Por causa da ação das radiações ultravioletas solares e das constantes descargas elétricas, os elementos presentes na atmosfera teriam reagido, dando origem aos primeiros compostos orgânicos, denominados aminoácidos. As chuvas levavam esses compostos para os oceanos primitivos. Neles, os aminoácidos uniram-se, formando compostos semelhantes a proteínas e, em seguida, após novas reações, essas deram origem aos coacervados (agregados de proteína rodeados por água). Estes se tornaram mais estáveis e complexos, controlando as próprias reações químicas e sendo capazes de autoduplicar-se, originando assim os primeiros seres vivos.
Essa ideia foi posteriormente testada, em 1953 pelos pesquisadores Miller e Urey. Eles criaram um experimento em que foi possível simular as condições da Terra primitiva. O resultado foi impressionante, tendo sido eles capazes de produzir aminoácidos e outros compostos orgânicos. Esse experimento serviu para comprovar que, segundo as condições descritas por Oparin e Haldane, os primeiros compostos orgânicos podem ter surgido de reações dos elementos presentes na atmosfera.
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