Vish, muita coisa, viu? A crise política na Venezuela vem ganhando nos últimos dias novos capítulos e tomando conta dos principais jornais. Por mais que muitos vestibulares não costumem cobrar atualidades tão recentes, o caso venezuelano já está em pauta há tempos e pode sim ser uma questão pelas provas ao redor do país. Além disso, entender o que se passa em um de nossos vizinhos sulamericano também constitui nossa consciência política como cidadãos. Mas afinal, o que está acontecendo na Venezuela?
Em 2013, Nicolás Maduro era eleito presidente da Venezuela, porém nessas mesmas eleições, o parlamento eleito era formado por uma maioria de oposição. No entanto, essa mesma assembleia teria empossado deputados inaptos para o cargo. Com isso, a Suprema Corte do país declarou que o Parlamento venezuelano estava em desacato. O que não agradou os deputados, levando-os a criarem um Legislativo em paralelo.
Nesse cenário, Maduro convoca uma Assembleia Constituinte para superar isso e são eleitos apenas políticos ligados ao presidente, já que a oposição boicotou o processo afirmando que as eleições já teriam sido realizadas. O Parlamento paralelo venezuelano também afirmou que o Judiciário estava sendo aparelhado por maduristas. A partir de então, uma onda de autoritarismo começou a tomar conta de algumas atitudes governamentais, como prisões políticas e até mesmo um suposto assassinato de um jornalista dentro de uma prisão, alegando suicídio.
Nas eleições seguintes, a oposição ainda continuou boicotando o processo, o que fez com que menos da metade do eleitorado venezuelano ter ido às urnas. Maduro acaba se reelegendo e sendo vitorioso na maioria absoluta dos municípios. Enquanto isso, o Parlamento paralelo elege Juan Guaidó como sua liderança no Legislativo. Ele, por sua vez, defendeu que Nicolás Maduro era um “usurpador do poder” e autodeclarou-se presidente interino da Venezuela, já que, segundo ele, seria o líder do Legislativo legítimo.
Em resposta, o governo Maduro prende Guaidó por atitude golpista, porém ele acaba sendo solto devido à imunidade parlamentar. Vale ressaltar que a crise na Venezuela possui um caráter político e cada um dos lados possui argumentos jurídicos. Logo, nesse cenário, a partir de então, como a Venezuela passou a ter dois presidentes declarados, diversos países começaram a apoiar uma dessas lideranças. Estados Unidos e Brasil, por exemplo, já afirmaram a lealdade a Guaidó, enquanto que Rússia e Bolívia a Maduro.
Aqui vale um adendo: Maduro possui o apoio institucional das Forças Armadas, o que faz com que consiga se manter no poder. A aliança está pautada na política de distribuição de cargos no governo para lideranças militares, como no setor de alimento, energia e distribuição. Se você pensa que o Brasil está dividido, a Venezuela nas últimas semanas vem testemunhando manifestações pró e contra Maduro, muitas vezes no mesmo dia!
No meio desse caos político todo, a Venezuela ainda passa por uma grave crise econômica devido às baixas do preço internacional do petróleo. O produto é o principal motor da economia do país, compondo mais de 70% da riqueza da Venezuela. Esse ponto também não pode ser ignorado no debate acerca da crise, já que muitos países claramente possuem interesses nessas reservas venezuelanas. Não existe santinho nessa novela…