Desde o início da pandemia que vivemos atualmente, muito se foi discutido sobre como agir, como prevenir e como combater a doença do novo coronavírus. Mesmo que a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) tenha adquirido o isolamento social como principal medida no combate a COVID-19, há quem defenda outras formas de lidar com a doença, sendo uma das mais faladas a chamada “Imunidade de rebanho”.
O que é a imunidade de rebanho?
Antes da pandemia, a expressão (também conhecida como “imunização coletiva”) era usada em uma abordagem diferente, sendo essa o efeito de proteção que surge em uma população quando uma percentagem alta de pessoas se vacinou contra uma certa doença.
Explicando: Imagine que haja a necessidade da vacinação de uma comunidade inteira contra uma doença. Algumas pessoas dessa comunidade não podem se vacinar porque possuem contraindicação, ou seja, não é recomendado por diversos fatores. Nessa comunidade existem 100 moradores e, dentre eles, 95 foram imunizados. Aí entra a grande questão: mas e os 5 que não podem se vacinar? Bom, eles acabam sendo indiretamente protegidos também, porque se a doença chegar a comunidade, será muito difícil e improvável dela alcançar justamente os 5 não vacinados. Um exemplo clássico de vacina que produz imunidade de rebanho quando 95% de uma população a recebeu é a vacina contra o sarampo. Quando chega a 95% de imunizados o vírus não circula mais, a doença desaparece e quem não pode tomar a vacina fica protegido.
Agora, a abordagem de imunidade de rebanho na pandemia está sendo debatida, em tom estratégico, como uma ideia de como combater o novo coronavírus. A ideia dessa estratégia é relativamente simples e o contrário do combate atual:
Ao invés das pessoas se isolarem e se protegerem da doença dentro de suas casas, elas vão para as ruas e seguem a vida normalmente. Isso significa que muita gente vai pegar a doença e desenvolver anticorpos, constituindo imunidade. Em tese, essa abordagem deve encurtar o período crítico da doença, sendo assim, há um aumento rápido de casos, mas logo parte da população se cura e desenvolve imunidade a COVID-19. Porém, na prática, essa é uma estratégia extremamente arriscada, porque, ao mesmo tempo que existe um número maior de pessoas curadas, há uma superlotação do sistema de saúde, ausência de leitos e um número consideravelmente alto de mortos. Além de não se saber ainda por quanto tempo os anticorpos dessa doença permanecem no corpo.
Ademais, uma outra questão que os cientistas não sabem responder é: que percentagem de uma população precisa ter contraído o SARS-COV-2 (e estar imunizado) para que mesmo quem não teve a doença deixe de correr risco de se infectar? Apesar de pesquisadores estimarem o número entre 60 e 80%, não existe essa resposta.
Tal estratégia chegou até mesmo a ser defendida pela Inglaterra, entretanto, o governo do primeiro ministro britânico, Boris Johnson, recuou logo quando o cenário crítico começou a se dramatizar no país.
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