Você sabia que uma das primeiras escritoras negra do Brasil teve seu livro publicado apenas em 1960? Sabia também que foi uma mulher que fundou um dos principais movimentos negros antirracistas do Brasil? Nessa Semana da Mulher, venha relembrar essas figuras marcantes de nossa trajetória que acabaram sendo esquecidas pela narrativa oficial!
Ao pegar um livro, ler um periódico ou um artigo, é bem raro acharmos personalidades femininas sendo destacadas por seus feitos na sociedade. Nesse post, vamos falar de duas mulheres e como suas vidas e obras impactaram positivamente nossa sociedade.
Carolina Maria de Jesus
Catadora de papel na comunidade do Canindé, em São Paulo, Carolina Maria de Jesus sustentou a si mesma e seus três filhos durante anos com essa atividade. Nascida em 1914, em Minas Gerais, aos 23 anos perdeu sua mãe e se viu sem nenhuma outra opção a não ser se mudar para São Paulo.
Pouco depois, começou a trabalhar na casa de um médico renomado da cidade, que deixava Carolina ler seus livros nos dias de folga. Ela começou a registrar seu cotidiano em papéis que catava durante à noite, papéis esses que, em 1955, começaram a dar forma ao seu primeiro livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, que fez com que Carolina Maria se tornasse uma das primeiras escritoras negras do Brasil.
O livro vendeu 10 mil exemplares em uma semana. Atualmente, já passam de mais de um milhão de exemplares e foi traduzido para mais de 12 línguas.
Carolina Maria de Jesus foi uma mulher negra, mãe solteira e que mostrou para o Brasil e para o mundo, através de sua escrita como era a realidade dos moradores de uma comunidade pobre.
Lélia Gonzalez
Lélia Gonzalez nascida em 1935, na cidade de Belo Horizonte, graduou-se em História e Geografia, fez mestrado em Comunicação e doutorado em Antropologia Política. Utilizou de seus conhecimentos para apresentar a cultura com o olhar voltado para a conscientização política e social, questionando o mito da democracia racial e o papel relegado às mulheres, principalmente negras, na sociedade brasileira.
Ao longo dos anos 1970 e 1980, destacou-se como importante voz na luta contra o preconceito racial e o sexismo, participando ativamente da fundação de organizações dentro do movimento feminista e negro – como o Movimento Negro Unificado contra Discriminação e o Racismo e o Coletivo de Mulheres Negras N’Zinga.
Em 1994, aos 59 anos, Lélia faleceu deixando um importantíssimo legado intelectual e político. Através de suas obras e ativismo pela comunidade negra, Lélia rompeu barreiras de gênero, raça e fez História.
Nesse post, abordamos a trajetória de duas mulheres que marcaram seu tempo e cujas ideias são, hoje, um legado para pensarmos uma sociedade para todas e todos. Carolina Maria de Jesus e Lélia Gonzalez são exemplos de que mulheres fazem, sim, História e cabe a nós lembrá-las.
Para o dia de hoje, o que essas duas trajetórias nos trazem são muito mais reflexivas do que comemorativas. Resgatar parte dessa história não-oficial é saber valorizar nossas trajetórias oprimidas, e que o Dia da Mulher nos traga luzes para inúmeras outras!