Literatura para o ENEM: Modernismo

Linguagens e Códigos e Suas Tecnologias é uma das competências cobradas no ENEM. Matéria extremamente importante neste contexto é: Literatura. No post de hoje, vamos ajudar todos os QGnianos com uma super explicação da professora Silvia Gelpke sobre: Modernismo.

Contexto Histórico

Muito influenciadas pelos movimentos da Vanguarda Europeia e pelo Modernismo português, as manifestações modernas no Brasil começam a aparecer muito antes de 1922. O marco inicial do Modernismo brasileiro foi a Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu na cidade mais avançada, mais moderna da época: São Paulo.
Os dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922 entraram para a história da literatura brasileira, eles formam a conhecida “Semana de Arte Moderna”, que ocorreu no teatro Municipal de São Paulo.
Entretanto, é importante observarmos que o Modernismo brasileiro não começou a partir desse evento. Vários fatos e trabalhos foram responsáveis pelo o que ocorreu na Semana. Entre os principais antecedentes da semana de 22 estão: a volta de Oswald de Andrade da Europa, onde entrou em contato com as inovações propostas pela Vanguarda Europeia, principalmente com o Futurismo de Marinetti; a primeira exposição dos quadros expressionistas de Lasar Segall, chocando-se com a pintura acadêmica da época; a fundação da Revista Orpheu, símbolo do Modernismo em Portugal; a publicação de vários livros dos autores que participariam mais tarde da Semana de 22 e o grande estopim e a grande mola propulsora do Modernismo, segundo muitos estudiosos, a exposição da pintora Anita Malfatti, que recebeu uma forte crítica de Monteiro Lobato, no artigo intitulado Paranoia ou Mistificação?.

Quem participou da Semana de 22?
LITERATURA: Mário de Andrade; Oswald de Andrade; Ronald de Carvalho
PINTURA: Anita Mafaltti; Di Cavalcanti
MÚSICA: Heitor Villa-Lobos

A Semana foi patrocinada pelas pessoas da elite paulistana e contou até com a presença de um autor já consagrado, membro da Academia Brasileira de Letras. Graça Aranha, pré-modernista, autor do livro Canaã, foi o responsável pela cerimônia de abertura.
O evento não foi apenas literário, vários artistas da música, da pintura, da escultura e de outras áreas, puderam mostrar seus trabalhos.
Mas qual foi a reação da sociedade da época? Veja os comentários dos principais jornais da época:
“Foi como se esperava, um notável fracasso a récita de ontem na pomposa Semana de Mal – às Artes”. Jornal Folha da Noite (fevereiro de 1922)

“As colunas da secção livre deste jornal estão à disposição de todos aqueles que, atacando a Semana de Arte Moderna, defendam o nosso patrimônio artístico”. Jornal O Estado de São Paulo (fevereiro de 1922)

“É preciso que se saiba que nos manicômios se produzem poemas, partituras, quadros e estátuas, e que essa arte de doidos tem o mesmo característico da arte dos futuristas e cubistas que andam soltos por aí”. Jornal do Comércio (fevereiro de 1922)

Contexto Histórico II

A Semana foi verdadeiramente um choque, uma afronta direta aos autores e à sociedade da época. Em outras palavras a Semana foi um escândalo público.

Mas o que será que aconteceu de tão diferente nessa semana?

Logo no primeiro dia, depois da abertura de Graça Aranha, o músico Villa-Lobos tem sua apresentação interrompida por vários assobios e vaias da plateia. No segundo dia, a confusão foi ainda maior. Ronald de Carvalho ao declamar o poema Os Sapos, de Manuel Bandeira, leva o público à loucura, repetindo bravamente o refrão do texto que se assemelha ao coaxar dos sapos. Mário de Andrade, quebrando todas as formalidades, recita, entre vaias, um poema nas escadarias do teatro e, para fechar a noite com chave de ouro, Villa-Lobos entra no palco de casaca, chinelos e guarda-chuva. A plateia escandalizada quase parte para a agressão física.
Dizem as más línguas que entre “famílias direitas” não se comentavam os acontecimentos da Semana na presença de crianças e mulheres, tamanha sorte de barbaridades que lá aconteceram e que a atitude de Villa-Lobos, na realidade não era uma afronta, mas um calo que o impedia de calçar sapato.
Diante do acontecido, os organizadores ficaram felicíssimos, pois conseguiram o que queriam, ou seja, chocar a sociedade, destruir as estéticas tradicionais e conservadoras.

Desdobramentos Modernistas
Os acontecimentos da Semana ganham expressão nacional. As ideias modernistas aos poucos foram ganhando adeptos por todo o país. No período de 1922 a 1930, conhecido como a primeira fase modernista, a fase heroica, a fase de provocação de ruptura, de inovação, vários grupos, manifestos e revistas difundiram-se no cenário cultural brasileiro. Entre as revistas destacaram-se: Klaxon (São Paulo), Estética (Rio de Janeiro), Festa (Rio de Janeiro), A Revista (Minas Gerais), e Revista de Antropofagia (São Paulo).

A revista Klaxon foi a primeira a circular. Seu nome vem do termo em francês buzina, numa aproximação com o que ela queria realmente provocar: barulho, muito barulho. Seus artigos eram inovadores, exaltavam o progresso e recusavam “a arte vista como cópia da realidade”. Os principais organizadores da Semana participaram ativamente de sua elaboração.
As revisas Estética e Festa divulgaram as ideias modernistas no Rio de Janeiro. A primeira, a partir de um forte nacionalismo, buscou uma arte genuinamente brasileira. A segunda, ao contrário da maioria, apresentou um caráter mais espiritualista, identificado com os valores simbolistas. Uma das principais colaboradoras da revista Festa foi a poetisa Cecília Meireles.

A Revista foi uma publicação mineira de periodicidade irregular e que contou, em seu primeiro número, com a colaboração de Carlos Drummond de Andrade.
A mais polêmica de todas foi sem dúvida a Revista Antropofagia, que segundo seus criadores apresentou duas “dentições”, ou seja, duas fases. A primeira com publicações mensais e a segunda com publicações semanais.
Juntamente com as revistas, vários manifestos foram escritos, de acordo com a ideologia adotada pelos grupos.

Movimentos Modernistas
O movimento Pau-Brasil, criado por Oswald de Andrade, tinha como objetivo a redescoberta e revalorização da cultura primitiva brasileira. Oswald queria uma poesia de exportação, daí o nome Pau-Brasil, nome do primeiro produto exportado pelo Brasil.
O movimento Verde-Amarelo foi um movimento de reação ao movimento Pau-Brasil, pois ao contrário do primeiro, propunha uma arte livre das influências europeias, buscando uma identidade realmente nacional. Para seus adeptos, o nacionalismo de Oswald era um nacionalismo importado.
O movimento Antropofágico origina-se no trabalho da pintora Tarsila do Amaral.

modernismo
Antropofagia, 1929
modernismo 2
Abaporu, 1928

Abaporu é um termo indígena que significa “aquele que come gente”, “antropófago”. Segundo uma crença indígena, comer o inimigo significava assimilar suas qualidades.
Esses quadros fazem parte da chamada galeria antropofágica de Tarsila. E é com o quadro Abaporu que tem início o movimento.
Segundo a própria pintora, a ideia do movimento surgiu quando ela resolveu dar esse quadro de presente ao então marido Oswald de Andrade.
O movimento antropofágico queria justamente isso, “devorar” a cultura estrangeira, para reelaborá-la com autonomia.
O movimento espiritualista, como o próprio nome já sugere, voltou-se para o interior do ser humano, para o misticismo e a religião, mostrando-se um pouco distante da irreverência dos outros movimentos. Buscava uma conciliação entre o passado e o futuro.
Há também uma corrente regionalista, voltada para a valorização da cultura regional, especialmente a nordestina.

Fases Modernistas
Costuma-se dividir o Modernismo brasileiro em três grandes fases.

1a Fase (1922 – 1930)
HEROICA
• Oswald de Andrade
• Mário de Andrade
• Manuel Bandeira

2a Fase (1930 – 1945)
CONSOLIDAÇÃO
POESIA
• Carlos Drummond de Andrade
• Cecília Meireles
• Vinicius de Moraes
PROSA
• José Lins do Rego
• Graciliano Ramos
• Jorge Amado
• Rachel de Queiroz

3a Fase (1945 em diante)
REFLEXÃO
• Guimarães Rosa
• Clarice Lispector
• João Cabral de melo Neto

 

Assista à explicação da professora:

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