Recentemente, a FBI (Agência Federal de Investigação) sentiu a necessidade de hackear o iPhone de Syed Farook, um dos terroristas responsáveis pelo ataque que aconteceu em dezembro em San Bernardino (Estados Unidos). Com isso, foi pedido a empresa Apple o desenvolvimento de uma maneira para que isso fosse possível.
A polêmica começou quando a empresa se recusou a hackear o celular do criminoso e publicou uma carta aberta a todos explicando o que aconteceu e o porquê da recusa (leia a carta em inglês). A Apple alegou que o desenvolvimento de algo assim poderia ameaçar a segurança de todos os seus clientes.
A questão é simples, mas ao mesmo tempo complicada. O FBI tem em mãos o celular do
terrorista, mas não sabe a senha de acesso. Tendo acesso ao celular, eles poderiam acessar seus e-mails, calendários e aplicativos. Porém, caso tentem desbloquear o celular 10 vezes seguidas com a senha errada, o celular pode ficar bloqueado por 1 hora ou apagar todos os dados contidos nele.
O impasse é que a Apple alega que não consegue hackear apenas um celular, o sistema que fariam poderia ser usado em qualquer outro iPhone. Com isso, caso o programa desenvolvido vazasse, o que nesses casos é muito comum, qualquer pessoa que perdesse ou tivesse um iPhone roubado, poderia ter todos os seus dados acessados por um terceiro.
Esse caso mostra um impasse ético na contemporaneidade. De um lado, acessar o celular de Farook responderia muitas questões que nos ajudariam a entender como os terroristas agem em todo o mundo. Porém, isso mexeria diretamente com a privacidade de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Esse tema é extremamente importante para o Enem, uma vez que essa é uma questão de ética envolvida no contexto atual. Vale lembrar que ética é um dos top temas mais recorrentes no âmbito da filosofia (confira aqui os top temas do enem).
Para toda essa polêmica, é importantíssimo saber que: “a ética na filosofia busca uma definição do que mobiliza as ações sociais, tentando compreender como cada valor se põe em jogo a cada escolha. Ou seja, ética não se confunde com um conjunto de normas, sendo, na realidade, a discussão do universo próprio da ação, seu significado e seu impacto”. (Livro Enem, confira aqui)
Veja aqui uma questão sobre Ética abordada no Enem 2010:
A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido, porque é produto da relação interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsável por todos e que crie condições para o exercício de um pensar e agir autônomos. A relação entre ética e política é também uma questão de educação e luta pela soberania dos povos. É necessária uma ética renovada, que se construa a partir da natureza dos valores sociais para organizar também uma
nova prática política.
CORDI et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado).
O Século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais, conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sob esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser compreendida como
a) instrumento de garantia da cidadania, porque através dela os cidadãos passam a pensar e agir de acordo com valores coletivos.
b) mecanismo de criação de direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso.
c) meio para resolver os conflitos sociais no cenário da globalização, pois a partir do entendimento do que é efetivamente a ética, a política internacional se realiza.
d) parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses e ação privada dos cidadãos.
e) aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar sua vinculação à outras sociedades.
Gabarito: A