O atual panorama trágico do Pantanal há alguns dias vem sendo relatado nos jornais e portais de notícias, evidenciando que a maior área úmida continental do planeta vive uma situação que preocupa ambientalistas. Mas afinal, o que está acontecendo?
De forma simples e resumida: o Pantanal está pegando fogo. Entretanto, o problema não é só esse, e muito menos começou agora.
Nos primeiros sete meses deste ano, o principal rio do Pantanal atingiu o menor nível em quase cinco décadas. A chuva foi escassa, o desmatamento cresceu e os incêndios aumentaram. Ademais, segundo entidades que atuam na preservação da área, a fiscalização por parte do poder público diminuiu.
Cerca de 2,3 milhões de hectares da região já foram afetados por causa das queimadas, que é equivalente a mais de 15% de toda extensão da mata, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Pantanal está localizado nos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e também nos países Bolívia e Paraguai. Pela notável diversidade de espécies vegetais e animais que abriga, é considerado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.
Entretanto, no momento, tal bioma vive o que segundo especialistas é a sua maior tragédia ambiental das últimas décadas.
Por que o Pantanal está pegando fogo?
Os incêndios que ocorrem no Pantanal não são algo raro. Devido ao período de seca, costuma-se haver queimadas que, por causa do clima quente e do vento, se alastram pela região. Entretanto, especialistas afirmam que a grande maioria dos incêndios que têm ocorrido no Pantanal são causados pela ação humana. Isso porque o fogo natural ocorre por conta de raios, sempre associado ao período de chuvas. Como não tem chovido, é mais certo dizer que o homem é o principal causador. É válido lembrar que nem todos os incêndios causados no bioma são criminosos, mas existe também aqueles causados para renovação de pasto, motivado pelo agronegócio.
Punir os responsáveis pelo fogo, infelizmente, possui dificuldades como descobrir a origem da chama, isso porque a área do Pantanal é extensa. Além disso, a estrutura dos órgãos ambientais fiscalizadores é precária e o Ministério Público depende disso para eventual responsabilização civil ou criminal. Sendo assim, os responsáveis costumam sair ilesos. Com isso, essa sensação de impunidade pode servir como encorajadora de incêndios criminosos.
Além disso, os incêndios aumentam também devido à seca, que por sua vez agrava-se por uma situação recorrente na região e que aumentou nesse ano: o desmatamento.
Entre janeiro e maio desse ano, houveram 61 alertas de desmatamento validados, que foram correspondentes a 11 mil hectares desmatados – sendo que, no mesmo período do ano passado, foram 2.393 hectares do bioma desmatado.
A maior causa do aumento do desmatamento é o agronegócio. Um levantamento do Instituto SOS Pantanal aponta que cerca de 15% da área do Pantanal foi convertida em pastagem. Além disso, ocorreu um aumento da plantação de grãos, o que também resultou no desmatamento do bioma.
A situação do Pantanal está sendo controlada por bombeiros, militares, servidores federais e voluntários. A fiscalização também foi aumentada para evitar novos focos de incêndio. Contudo, combater quando já está acontecendo não é a resposta, e nem basta apenas aumentar a fiscalização agora. Devemos prevenir, fiscalizar desmatamentos e evitar incêndios causados pelo homem. Se o cenário do Pantanal não sofrer mudanças drásticas, o tamanho da perda ambiental e econômica será enorme.
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