Entenda as causas e prevenção do mal de Alzheimer

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Mesmo com todo o avanço científico, da medicina e da tecnologia, existe muitas questões em aberto, perguntas sem respostas e doenças sem cura. Esse é o caso da Doença de Alzheimer, que ainda é um mistério em vários quesitos e, infelizmente, não possui uma cura. Entretanto, cientistas acham que podem haver formas de se prevenir de tal patologia. Vamos descobrir como? 

O que é o Alzheimer? 

A doença de Alzheimer – descoberta e descrita pelo neurologista alemão Alois Alzheimer- é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que ocorre pela deterioração das funções cerebrais, comprometendo o cognitivo, a memória, a linguagem e atividades de vida diária (o que faz com que o paciente perca a capacidade de cuidar de si mesmo), causando também uma variedade sintomas sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais.

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Sintomas:

  • falta de memória para acontecimentos recentes;
  • repetição da mesma pergunta várias vezes;
  • dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos;
  • incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas;
  • dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos;
  • dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais;
  • irritabilidade, suspeição injustificada, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento;

Qual a causa da doença? 

A causa específica da doença de Alzheimer ainda é desconhecida pela ciência, porém parece haver uma certa predisposição genética, porque cerca de 5 a 15% dos casos afetam pessoas com antecedentes familiares. Além desse, um outro fator genético muito apostado de ter influência é a Apolipoproteína (APOE), que, segundo cientistas, tal gene na forma APOE4 é a que mais oferece riscos para idosos, pois ela é capaz de aumentar em 20 vezes as chances de uma pessoa desenvolver Alzheimer antes dos 75 anos de idade.

Entretanto, apesar da causa molecular do Alzheimer ser uma icógnita científica, a maioria dos neurocientistas acredita que a doença começa quando uma certa proteína começa a se acumular. Como assim?

Vamos começar do começo!

Chamamos a região do ponto de conexão entre dois neurônios de sinapses, que é onde ocorre a liberação de neurotransmissores (mediadores químicos), ou seja, onde sinais são transmitidos no cérebro, em que impulsos nervosos são passados de um neurônio para o outro. As sinapses são responsáveis por nossos pensamentos, sentimentos, emoções e, com isso, também é o ponto mais afetado pelo mal de Alzheimer.

Durante o processo da comunicação, além ter a liberação de neurotransmissores – como por exemplo glutamato – dentro da sinapse, os neurônios também liberam um pequeno peptídeo chamado beta-amiloide. Normalmente, a beta-amiloide é retirada e metabolizada por células imunológicas do cérebro, chamadas de micróglia, que basicamente fazem “faxinas” cerebrais.

Agora, voltamos do ponto que paramos anteriormente: a maioria dos neurocientistas acredita que a doença começa quando uma certa proteína começa a se acumular, e essa proteína é a beta-amiloide.

Se liberada em excesso ou retirada insuficientemente, a sinapse começa a acumular beta amiloide. Quando isso acontece, elas se agregam, formando depósitos grudentos chamados de “placas amiloides”. Estima-se que o acúmulo dessas placas leva de 15 a 20 anos antes do que chamamos de ponto crítico, que depois desencadeia uma sequência molecular que causa os sintomas clínicos da doença.

  • O que acontece quando as placas amiloides chegam a esse ponto crítico?

As micróglias ficam hiperativadas e começam a liberar substâncias químicas que causam inflamação e dano celular. Acredita-se que elas começam a “limpar” as próprias sinapses.

Além disso, uma proteína neural crucial chamada “tau”, que ajuda na formação de microtúbulos, torna-se hiperfosforilada, torcendo-se em emaranhados que entopem os neurônios de dentro para fora.

Sendo assim, já avançando em direção a doença, o cérebro acumula enormes inflamações e emaranhados, além de um caos nas sinapses e várias mortes celulares.

Isso tudo leva a uma questão muito interessante:

Um cientista tentando curar o Alzheimer teria que intervir em qual momento? A grande aposta de maioria da comunidade científica é uma simples solução: evitar que as placas atinjam o ponto crítico. Sendo assim, o ideal é descobrir um remédio capaz de prevenir, eliminar ou reduzir a acumulação da placa amiloide. Assim sendo, é provável que a cura seja um remédio preventivo.

Existe prevenção contra o mal de Alzheimer?

Sim. É claro que não podemos fazer nada em relação ao envelhecimento ou aos genes que herdamos, entretanto, podemos fazer algo sobre nosso estilo de vida, que pode nos ajudar a prevenir a doença, haja vista que, ele pode influenciar no acúmulo das placas amiloides que falamos anteriormente.

  • Sono: é comprovado que em um sono demorado e profundo atua como uma poderosa “faxina” no nosso cérebro. Mas e o contrário, quando dormimos pouco? Muitos cientistas acreditam que pouco sono pode na verdade ser um preditivo do Alzheimer, isso porque uma simples noite acordado leva a um aumento de beta-amiloide, o que atrapalha o sono, fechando um ciclo: aumento de beta-amiloide -> perda de sono -> aumento de beta-amiloide…
  • Saúde cardiovascular: fatores como hipertensão, diabete, obesidade, fumo e colesterol alto podem aumentar o risco de desenvolver a doença. Alguns estudos de autópsia mostraram que 80% das pessoas com Alzheimer também tiveram doença cardiovascular. Muitas pesquisas mostram que exercícios aeróbicos diminuem a beta-amiloide em modelos animais da doença.

Concluímos então que boas noites de sono, uma boa saúde cardiovascular, uma dieta saudável e praticar exercícios físicos podem ajudar na prevenção ou no adiamento da doença.

Mas agora, vamos imaginar que você já tem 60 anos e levou uma vida com noites marcadas com insônia e uma péssima alimentação. Seu cérebro provavelmente já apresenta placas, emaranhados, inflamações e tenha sofrido mortes celulares. Tudo indica que você deveria apresentar sintomas do Alzheimer, certo?

Na verdade, não. Isso porque ainda há mais uma outra forma de se proteger contra os sintomas, mesmo que a doença já tenha se instalado no seu cérebro. Isso está diretamente ligado a plasticidade neural e reserva cognitiva.

O motivo é simples: a experiência dos sintomas do Alzheimer é resultado da perda de sinapses. Um cérebro mediano tem mais de 100 trilhões de sinapses, o que é maravilhoso, temos muitas para serem usadas, e além de tudo: o número de sinapses não é imutável. Na verdade, ganhamos e perdemos sinapses o tempo todo por meio de um processo que chamamos de plasticidade neural.  Sempre que aprendemos algo novo, estamos criando e fortalecendo novas sinapses.

  • Para entendermos melhor, podemos nos basear no “Estudo das Freiras” no qual os cientistas descobriram algo surpreendente:

Esse estudo contou com 678 freiras – todas com mais de 75 anos -, que foram acompanhadas por mais de duas décadas. Para o acompanhamento, elas concederam todos os seus registros médicos e concordaram em doar seus cérebros após a morte para uma pesquisa mais aprofundada.

O que fez este grupo de participantes do estudo tão único foi a semelhança particular com a qual todas tinham levado suas vidas – nenhuma delas fumava, nenhuma bebeu excessivamente, nenhuma teve parceiros e todas tiveram uma rotina significativa. No mundo da ciência, para se ter tantos participantes com aproximadamente as mesmas variáveis de controle é uma verdadeira sorte.

O resultado e verdadeiro intrigante das autópsias dos cérebros das freiras mostraram que todas possuíam os sinais físicos da doença de Alzheimer, ainda que, em vida, nenhum sintoma se apresentou, permanecendo mentalmente ágeis na velhice.

Mas como isso seria possível?

A conclusão foi que tais freiras tinham um alto nível de reserva cognitiva, ou seja, tinham mais sinopses funcionais.

Pessoas que leem, escrevem, participam frequentemente de atividades mentalmente estimulantes, tem interesses intelectuais e outros, todas essas tem uma reserva cognitiva maior, o que significa mais sinapses de sobra. Dessa forma, mesmo com o Alzheimer comprometendo certas sinapses, existe muitas conexões extras reservadas.

Então, aprender coisas novas, sendo elas significativas; não apenas fazer palavras cruzadas, mas atividades como aprender outras línguas, ler vários livros, assistir palestras e aulas informativas; isso tudo pode proteger contra sintomas do Alzheimer.

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