Nos dias 1 e 2 de dezembro, haverá o Enem para os candidatos privados de liberdade. Os inscritos terão uma oportunidade de entrar para uma faculdade, escola técnica ou obter o diploma de segundo grau.
O número de candidatos deste ano aumentou em relação ao ano passado. Esta é uma segunda chance de mudar as suas histórias por um caminho feliz, dentro da lei para contribuir com a sociedade através das suas habilidades e vocações que cada um tem, porém, por diversos fatores da vida, muitas delas acabam não sendo desenvolvidas.
Devido à desigualdade social, muitas crianças e adolescentes são deixadas nas escolas como objetos em um depósito. Muitos professores, desestimulados com seus baixos salários e falta de estrutura pedagógica, não conseguem lidar com jovens que trazem uma bagagem emocional de casa e acabam reproduzindo na sala de aula o que veem em seu ambiente.
A escola não pode ser responsabilizada por alunos que entram no crime, mas um ensino de qualidade poderia permitir que pelo menos algum sonho fosse despertado. Fazer entender que cidadania não está atrelado a bens materiais. Quando internos pensam em fazer o Enem, eles acabam quebrando um ciclo que se repete, do jovem sem oportunidade que comete crime para poder ter o que não pode comprar e acaba apreendido ou morto.
Os candidatos ao Enem que são privados de liberdade devem ser exemplos seguidos pelos que acham que a vida não pode ser diferente para melhor. Existem muitas possibilidades de escolha. Quando elas são tangíveis, ficam mais fáceis de seguí-las. A questão social não justifica o crime. Ricos e pobres os cometem. O que podemos pensar sobre isso é que uns são criminosos por falta de oportunidade e outros por excesso.