Mais do que salvar vidas, a profissão de médico se propõe a aliviar o sofrimento humano. Da descoberta de curas para doenças ao acolhimento do paciente, os motivos que levam os estudantes a encarar um dos vestibulares mais concorridos do país são variados. No caso do entrevistado deste mês, o carioca Gabriel Villard Milet, 27 anos, a medicina era um sonho de criança, alimentado pela influencia do avô, que era clínico – opção escolhida pelo neto.
O estudo é uma constante na vida dos médicos: são seis anos de graduação, mais, no mínimo, dois de residência médica e a necessidade constante de acompanhar os conhecimentos descobertos na área. Ciente dessa exigência, Gabriel conta que sua trajetória na profissão foi sempre se dedicando aos estudos. Durante a faculdade passou em vários concursos acadêmicos e conseguiu realizar um estágio remunerado na emergência de um hospital. Em su primeiro ano de residência, trabalhou em clínica médica do Hospital Universitário Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, e no Pronto Atendimento da Unimed.
Na entrevista a seguir, o médico fala sobre o seu fascínio pela área da clínica médica e aponta quais os principais desafios do curso que atrai milhares de interessados.
QG – Por que você optou pela carreira de médico?
Gabriel Milet (GM) – Por ser um sonho desde garoto e por ter tido a influência do meu avô, que era médico.
QG – Qual a especialidade dele? Alguma lembrança de vocês que lhe remeta a decisão de fazer medicina?
GM – Meu avô era clínico e também trabalhava na área de análises clínicas em seu laboratório. A grande lembrança que tenho era das histórias de grandes casos clínicos e diagnósticos que fazia no seu dia a dia. Isso foi um grande estímulo para o meu segmento nessa mesma profissão.
QG – Medicina tem um dos vestibulares mais concorridos do país. Na sua opinião, quais características são necessárias para quem pensa em ingressar no curso?
GM – As principais características são ter vontade de vencer e não desistir do seu objetivo; não importando quantas vezes irá fazer [o vestibular], pois em um determinado momento a sua aprovação irá chegar. E colocar os estudos como o foco maior no momento para poder chegar bem preparado e concentrado nas provas. Além do mais, a cada ano que passa, a disputa fica mais acirrada.
QG – Qual foi o seu principal desafio durante a graduação?
GM – Foi sair do ciclo básico e entrar no ciclo profissional, que se dá no terceiro ano da faculdade. Esse foi o melhor ano. É neste ano que os estudantes de medicina começam a entrar mais em contato com os pacientes, aprender a examinar e a chegar aos diversos diagnósticos sindrômicos. É esse o momento no qual o aluno enxerga a sua grande responsabilidade de estar lidando com vidas e o faz refletir de como tem que se entregar para a profissão, sendo para mim o ponto-chave da graduação em medicina.
QG – São muitas as especialidades que o bacharel em medicina pode optar. Como foi o seu processo de escolha?
GM – O meu processo de escolha foi muito bem escolhido e também, de certa forma, influenciado de maneira positiva por grandes professores que tive como o Dr. Manoel Ricardo e o Dr. Michel Cukier. Apesar de ter pensado muito em como seria o meu dia a dia em cada especialidade, vi que o mais importante era fazer o que gostava para, assim, poder dar o melhor de mim para a minha carreira.
QG – Sendo a tua carreira baseada no que mais gosta, você pode falar um pouco sobre a clínica médica e o que lhe atraiu nela?
GM – A clínica médica é uma área que abrange diversas especialidades, sendo necessária como pré-requisito para as outras residências médicas, como, por exemplo, cardiologia, reumatologia, nefrologia e outras mais. A clínica médica é a base da medicina, sendo intrigante os diversos pensamentos, discussões e diagnósticos diferenciais que ela proporciona. Esse foi um dos grandes motivos que me fez escolher e desbravar os mistérios impostos por essa área tão fascinante.
QG – Qual a sua visão sobre o mercado de trabalho atualmente? Há alguma área com mais demanda de profissionais?
GM- Apesar de o mercado de trabalho, por um lado, estar sobrecarregado, sempre terá vagas para bons profissionais. Dentro da clínica médica, a especialidade de maior demanda de profissionais é a cardiologia.
QG – O atendimento em consultórios e hospitais são as áreas de atuação mais conhecidas. Em quais outros campos os médicos podem trabalhar?
GM – Além desses locais tradicionais, o médico pode trabalhar em clínicas de medicina de família; nas grandes empresas como médico do trabalho; em postos de saúde; ambulâncias; no Corpo de Bombeiros, nas Forças Armadas e outras variadas áreas.