O Primeiro de Maio é um marco mundial em homenagem ao Dia do Trabalho. Aqui no Brasil, não é diferente, porém a partir da década de 1930, a data passou a ter um simbolismo muito mais forte. As mudanças estruturais no mundo do trabalho com Getúlio Vargas impactaram inclusive a maneira como nós enxergamos o conceito do próprio termo.
A chamada Primeira República (1889-1930) marcou a transição de uma ordem escravista para uma ordem burguesa de sociedade, principalmente nas grandes capitais como o Rio de Janeiro. Isso também ocasionou uma mudança de projeto de dominação por parte das classes dominantes, já que o direito de propriedade do escravo já não era legal. A partir de então, tentou-se revalorizar o conceito de trabalho como sendo uma característica dignificadora de qualquer indivíduo, garantindo assim mão de obra.
Quando Vargas chega ao poder em 1930, a Crise de 1929 abalava essas estruturas de dominação sobre o trabalho. A iminência de revoltas e levantes populares instabilizavam essa sociedade em plena crise capitalista. Com isso, o Estado varguista adotou uma postura de conciliador dessa tensão social entre as classes.
Para concretizar esse Estado de Compromisso, Getúlio Vargas aprofundou ainda mais essa cultura de valorização do trabalho e, consequentemente, da figura do trabalhador. A criação das leis trabalhistas e a extensão de direitos para a classe trabalhadora precisavam estar vinculadas à imagem de Vargas para fortalecer essa imagem de o “Pai dos Pobres”, evitando assim revoltas de grande dimensão, como a Greve de 1917.
Já para as elites, Vargas não deixava de ser a “Mãe dos Ricos”. O trabalhismo varguista, por mais que empoderasse a classe trabalhadora com direitos e conquistas, também garantia às elites essa paz social em meio à crise. O projeto político de Getúlio, então, fazia com que o trabalhador deixasse de ser “caso de polícia” durante a República Oligárquica e passasse a ser “caso de política”.
Nesse projeto populista de Vargas, o Dia do Trabalho era fundamental para consolidar tanto seu projeto político quanto cultural. No Primeiro de Maio, Getúlio ia recorrentemente ao estádio de São Januário no Rio de Janeiro e anunciava, exatamente nessa data, todas as conquistas trabalhistas e as tratava como concessões à classe trabalhadora, fortalecendo ainda mais a sua figura.
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