A maioria das pessoas têm o primeiro contato com um enfermeiro já na sala de parto, ao nascer. É esse profissional da área da saúde que está mais próximo dos pacientes e familiares, seja em hospitais ou em programas da saúde pública. E essa ligação pede do futuro profissional mais do que técnica, demanda capacidade de comunicação e gosto por lidar com pessoas.
A entrevistada de hoje, Helana Maria Renesto, pôde ver de perto essa dedicação quando seu avô, com câncer, precisou receber cuidados de uma enfermeira em casa. “Foi muito importante o apoio e a assistência que ela prestou ao meu avô. Acho que isso repercutiu na minha escolha como profissional”, relembra.
Há 12 anos, Helana se formou no curso que, segundo o Censo da Educação Superior de 2012, está na quinta posição em número de alunos matriculados em todo país. Atualmente, a enfermeira natural de Caruru (PE) trabalha na oncologia pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife. Ela também é professora da Faculdade Estácio de Sá, na disciplina de Saúde da Criança.
Na entrevista a seguir, a pernambucana conta qual foi seu principal desafio durante o curso, fala sobre as áreas de atuação do enfermeiro e como foi a escolha de trabalhar com crianças.
QG – Por que você optou pelo curso de enfermagem?
Helana Renesto (HR) – A enfermagem tem uma ampla área de atuação dentro da saúde; é um profissional indispensável ao funcionamento dos programas de saúde pública e hospitais. Particularmente, eu sempre tive interesse pela assistência hospitalar, especificamente na área de oncologia, e a enfermagem permite ao profissional o cuidado humanizado e individualizado. Dentre dos profissionais da equipe de saúde, é aquele que está mais próximo da criança e familiares.
QG – Qual foi o principal desafio que teve durante o curso?
HR – Lidar com a morte, principalmente de crianças. Acredito que mesmo com algum tempo de profissão esta ainda é a minha maior dificuldade.
QG – Apesar disso, o que fez você continuar?
HR – O desejo que tinha de me tornar enfermeira e de atuar no cuidado a criança.
QG – Quais são as características necessárias para as pessoas que desejam ingressar na profissão?
HR – Ser proativo, ter capacidade de comunicação, de trabalho em equipe, ter liderança, gostar de lidar com pessoas, ser dinâmico e organizado.
QG – E quais são as principais atividades do enfermeiro?
HR – O enfermeiro atua como assistência dentro de programas do Ministério da Saúde, como assistência da gestação, parto de baixo risco, puericultura, sala de vacina, consulta de enfermagem para hipertensão e diabetes, classificação de risco em emergências publicas, na indústria dentro da área de saúde do trabalhador, serviços de homecare, estomoterapia. Pode atuar como gestor ou gerente de serviços, como auditor hospitalar e de clinicas de saúde, como representante de produtos hospitalares. Ainda como pesquisador e professor, seja no curso de enfermagem do nível técnico e na graduação e pós-graduação multiprofissional.
QG – Existem várias áreas de atuação. Como foi o seu processo de escolha?
HR – Durante a graduação, o aluno tem oportunidade de estagiar em diferentes âmbitos de atuação do enfermeiro e de conhecer diferentes profissionais, o que pode ajudar na identificação no momento de optar por uma especialidade. Mas acredito que essa escolha está ligada, antes de tudo, a realização e identificação pessoal. Minha escolha em atuar em oncologia, por exemplo, teve motivações pessoais.
QG – E quais foram essas motivações?
HR – Minha principal motivação foi meu avô paterno, que teve câncer de pulmão e passou algum tempo em cuidados paliativos em casa. Desde essa época eu tive contato com uma enfermeira em particular e foi muito importante o apoio e a assistência que ela prestou ao meu avô. Acho que isso repercutiu na minha escolha como profissional.
Durante a faculdade fiz estágio extracurricular em oncologia pediátrica, então, tive certeza que essa seria minha área de trabalho. E é exatamente onde estou hoje. Por causa dessa escolha, fiz residência em hematologia e mestrado em saúde da criança. Meu próximo passo será especialização em Humanização das práticas em saúde e tenho muito interesse também por cuidados paliativos.