Recentemente, os resultados de diversas pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estão sendo vítimas de descrença popular e descrédito. No entanto, muito do que se critica a respeito dos levantamentos do instituo demonstram certo desconhecimento de como funciona uma pesquisa do IBGE. Por isso, decidimos explicar um pouco melhor como se dá esse processo.
Como é um processo muito variado e de longa duração, iremos expor os passos principais da pesquisa. Primeiramente, quando se decide a temática da pesquisa, muito se é debatido a respeito das perguntas que serão realizadas pelas equipes. Esse passo é muito importante porque o modo como a pergunta é feita pode influenciar e muito o resultado ao confundir ou gerar polissemias ao entrevistado. Como exemplo, as perguntas “Você não aprova o governo?” e “Você reprova o governo?” podem possuir resultados diferentes e por isso, essa etapa é analisada com muito cuidado pela instituição.
Após esse passo, recorre-se ao censo demográfico realizado pelo instituto para determinar quem serão os entrevistados. Essa etapa é a que gera muitas dúvidas entre a população, porque aquela pergunta de sempre “Como eles conseguem saber sobre a população inteira consultando só 2.000 pessoas?” ou as constatações como “Nunca me consultaram” são muito frequentes. Mas enfim, por que mesmo assim, consultando um número pequeno em relação ao total da população brasileira, os resultados das pesquisas ainda são muito válidos?
Tentaremos explicar essa etapa com calma, porque realmente não é simples. Como sabemos, a classe social, o fator racial, etário e regional influenciam diretamente na opinião pública. Por isso, o que o IBGE faz é dividir esses critérios em blocos diferentes, como por exemplo: o Nordeste possui cerca de 20% da população nacional, logo, 20% das pessoas consultadas precisam ser nordestinas e assim segue para cada “bloco” diferente. Por isso, no final, pode ser que em uma cidade grande urbana tenham cerca de 20 pessoas consultadas.
Após a realização das perguntas e recolhimento das respostas, os resultados são coletados e são criados gráficos, que a partir daí serão comparados com pesquisas anteriores. No fim desse processo todo, é possível perceber que as pesquisas do IBGE não possuem qualquer parcialidade dos dirigentes do instituto e pesquisadores. A etapa das interpretações é a única que é cabível a críticas e diferentes pontos de vistas, não os dados.
As pesquisas do IBGE são de extrema importância. Elas não modificam a realidade social brasileira, mas indicam para o poder público o modo como a população brasileira enxerga o seu cotidiano e suas opiniões a respeito do que está bom ou do que precisa ser melhorado. É a partir dessas pesquisas que o Estado se capacita melhor para adotar medidas de intervenção.