Casamento Real: Qual a Relevância?

Esse final de semana rolou o casamento real do neto caçula da rainha Elizabeth. “Tá e daí? Eu moro no Brasil, nunca fui à Inglaterra e a família real britânica não influencia nada na minha vida.” A gente entende, mas algumas coisas nesse casamento são importantes de serem discutidas.

O que muitos estão dizendo é que é um marco para a família real ter o primeiro casamento com uma mulher que vem de uma família negra, que é divorciada, mais velha que o noivo e famosa desde antes do casamento.

Por outro lado, alguns pensam que isso não é um marco, pois se trata de uma mulher que abre mão de sua carreira para casar com um príncipe. Além disso, muitos não entendem o motivo de tanta atenção para a família real britânica uma vez que temos outras figuras que merecem ser celebradas.

A questão que esse casamento levanta é a seguinte: temos uma noiva que marca uma ruptura, mas ela ainda está entrando em um mundo que representa colonialismo e patriarcado. Apesar dessa contradição, muitas mulheres passam por sentimentos similares. A ideia de ficar no meio do caminho entre curtir as tradições, mas criticá-las, celebrar pequenas vitórias, mas demandar mudanças maiores.

De qualquer forma, a ideia de uma princesa fruto de um relacionamento inter-racial vai mudar muito pouco a questão do preconceito racial no Reino Unido ou apagar o papel histórico que a coroa britânica teve no nascimento desse preconceito. Segundo o sociólogo, Kehinde Andrews, na família real está enraizada as ideias de imperialismo e colonialismo e, para ele, a realeza é o primeiro símbolo de branquitude do país. Esse fato fica ainda mais explícito ao se saber que 2 terços da população do Reino Unido é a favor da monarquia e considera que o império britânico foi uma coisa boa.

A verdade é que não se sabe como será para Meghan Markle entrar na família real. Recentemente, seu sogro, o príncipe Charles, comentou que ela não “parece” ser da cidade de Manchester. Além disso, há todo um histórico de comentários racistas feito pelo príncipe Philip, o marido da rainha Elizabeth.

Para os apoiadores do feminismo, a entrada de Markle na família traz mais contradições. Mal ou bem é a entrada de uma mulher em uma tradição patriarcal. Além disso, a nova princesa largou seu emprego e apagou seus perfis nas redes sociais, o que gerou um desconforto para muitos, pois parece que ela abriu mão de sua vida para começar uma do zero como princesa. Meghan vê de um outro jeito, para ela, essa é uma grande oportunidade para focar em causas humanitárias.

Muitos acreditam que o casamento real é um retrocesso. Segundo a jornalista canadense Leah McLaren, o fato de uma mulher ambiciosa e trabalhadora, abrir mão de sua carreira para virar uma esposa que faz caridade para fazer parte de uma família real “falida” é uma ofensa para a humanidade. Entretanto, alguns entendem que como realeza, a Markle vai continuar fazendo seu trabalho humanitário que já vem fazendo desde antes do casamento.

E aí QGnianos, o que fica para vocês? O casamento real é um retrocesso? O que a família real representa para o Reino Unido? Conta pra gente. 😉

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