Resumo do livro Canção para ninar menino grande, leitura obrigatória da Fuvest 2026

canção para ninar menino grande resumo

Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Canção para ninar menino grande, da escritora Conceição Evaristo, que será cobrada nos vestibulares para entrada na USP em 2026 a 2029.

É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova, compilamos um resumo completo sobre o livro de Conceição Evaristo. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2025 a 2029!

Lançado em 2018, o livro mergulha nas experiências da população negra e aborda questões como racismo, machismo, amor e os desafios enfrentados pelo protagonista, Fio Jasmim, e pelas mulheres que também desempenham papéis centrais na história. A obra nos apresenta a jornada de autodescoberta de Fio Jasmim, marcada por suas relações amorosas e os conflitos pessoais, enquanto ele lida com questões sociais e culturais que refletem a realidade de muitos brasileiros.

Ao longo do livro, somos convidados a refletir sobre as dificuldades e os desafios que ainda afetam a vida de grande parte da sociedade brasileira, especialmente dos negros e das mulheres.

Resumo de ‘Canção para ninar menino grande’

No livro “Canção para ninar menino grande”, conhecemos Fio Jasmim, um homem negro, bonito e sedutor, mas marcado por traumas do passado. Quando era criança, ele viveu uma experiência dolorosa que o afetou profundamente: na escola, durante a escolha para o papel de príncipe em uma peça de teatro, Fio Jasmim foi rejeitado. Em seu lugar, a professora escolheu um menino branco, com olhos azuis, aquele que se encaixava no estereótipo do príncipe. A justificativa da professora foi cruel: “não existem príncipes negros”. Essa cena ilustra um dos primeiros episódios de racismo vivido por Fio Jasmim e que o acompanha ao longo da vida.

Na vida adulta, Fio Jasmim trabalha como auxiliar de maquinista em um serviço ferroviário, o que o leva a viajar por várias cidades do interior do Brasil. Durante suas viagens, ele se envolve com diversas mulheres, vivendo uma série de aventuras amorosas. Esse comportamento está diretamente ligado à educação machista que recebeu. Desde cedo, Fio Jasmim aprendeu que o papel de um homem seria sempre o de conquistador, tendo várias mulheres, além de sua esposa. Ao longo de sua vida, ele se sente pressionado pela sociedade a manter essa imagem de homem sedutor, o que o faz continuar com esse comportamento. 

Distribuição dos capítulos

Embora Fio Jasmim seja uma presença constante na obra, ele não é o verdadeiro protagonista. O livro é narrado pelas mulheres com quem ele se envolve ao longo de suas viagens. Cada capítulo é dedicado a uma mulher diferente, que teve um relacionamento com ele. Essas mulheres são as verdadeiras protagonistas da história. A cada parada do trem, Fio Jasmim se envolve com uma personagem distinta, e cada uma delas tem uma personalidade e uma expectativa diferente. Uma deseja um grande amor, outra quer apenas ter um filho, uma busca algo casual, enquanto outra sonha com o casamento. No entanto, há algo em comum entre todas elas: todas estão, de alguma forma, à procura de uma presença masculina em suas vidas.

Esse vazio é significativo, pois essas mulheres enfrentaram desafios sozinhas, muitas vezes sem o apoio de uma figura masculina. Fio Jasmim, portanto, torna-se o elo que conecta suas histórias. Ele preenche, ainda que momentaneamente, o vazio que essas protagonistas sentem, oferecendo-lhes a companhia que lhes falta. No entanto, logo ele volta para sua esposa, Pérola Maria, com quem tem oito filhos, e segue sua vida, sem realmente se comprometer com nenhuma delas.

Ao longo da obra, fica claro que o comportamento de Fio Jasmim também é uma forma dele mesmo tentar preencher seus próprios vazios internos. Sua busca por mulheres reflete, em muitos aspectos, uma tentativa de lidar com suas próprias inseguranças e traumas não resolvidos, principalmente o racismo que enfrentou durante sua infância. Assim, tanto Fio Jasmim quanto as mulheres com quem ele se envolve estão tentando preencher lacunas em suas vidas, mas de maneiras diferentes, e a obra nos convida a refletir sobre as complexidades dessas relações e sobre as questões sociais e pessoais que as moldam.

Quais são os assuntos retratados na obra?

A obra “Canção para ninar menino grande”, de Conceição Evaristo, aborda diversos temas importantes e atuais, refletindo sobre a complexidade das relações humanas. Um dos principais assuntos retratados no livro é o racismo, presente desde a infância de Fio Jasmim, quando ele é rejeitado para o papel de príncipe em uma peça escolar, apenas por ser negro. Esse episódio marca sua vida e molda sua visão de si mesmo e do mundo.

Além do racismo, a obra também trata da masculinidade tóxica, mostrando como Fio Jasmim é pressionado a cumprir o estereótipo do homem sedutor, que deve ter várias mulheres e ser sempre forte e dominante. Isso está relacionado à educação machista que ele recebeu e às expectativas da sociedade sobre o comportamento masculino. Através de suas relações amorosas, Fio Jasmim tenta preencher um vazio emocional, mas acaba perpetuando o mesmo comportamento, sem se conectar de forma profunda com ninguém.

Outro tema central no livro é a figura feminina, que, embora muitas vezes à margem da narrativa, é a verdadeira protagonista. Cada capítulo do livro é narrado por uma personagem feminina com quem Fio Jasmim se envolve. Essas personagens têm diferentes desejos e expectativas, como o sonho de encontrar um grande amor, de ter filhos ou de se casar. No entanto, elas também enfrentam a ausência de uma figura masculina em suas vidas e, muitas vezes, têm que lidar com desafios sozinhas.

A obra, portanto, traz à tona questões como racismo, masculinidade tóxica, machismo e a luta das personagens femininas, convidando os leitores a refletirem sobre as desigualdades sociais e as relações de poder que ainda marcam a sociedade brasileira.

O que a autora diz sobre a obra?

Conceição Evaristo, em uma entrevista para o canal Curta!, comentou sobre o processo de criação de “Canção para ninar menino grande” e a construção do personagem Fio Jasmim. A autora explicou que criar a história de Fio foi uma maneira de refletir sobre uma dificuldade que ela observa na vida real: a dificuldade de acessar o universo do homem, especialmente o homem negro. Para ela, contar a história de Fio Jasmim é também um exercício de compreensão e interpretação de uma realidade que, muitas vezes, fica oculta ou é mal compreendida.

Evaristo destaca ainda a importância de apresentar uma ficção em que as personagens negras não sejam vistas apenas como estereótipos, mas sim como seres humanos complexos, com subjetividades próprias. Ao fazer isso, ela cria um novo discurso na literatura brasileira, uma maneira de representar a vivência e as experiências dos negros de forma mais profunda e verdadeira. Segundo a autora, essas personagens negras, embora fictícias, são baseadas em vivências reais de mulheres negras, que enfrentam desafios semelhantes aos retratados no livro.

Assim, a obra de Conceição Evaristo não só questiona os padrões da literatura tradicional, mas também dá voz a figuras frequentemente marginalizadas, convidando os leitores a refletirem sobre as realidades e as histórias de mulheres e homens negros na sociedade brasileira.

Sobre a autora Conceição Evaristo

Conceição Evaristo é uma escritora, poeta e professora brasileira, nascida em 29 de novembro de 1946, no Rio de Janeiro. Reconhecida por suas obras que abordam as questões do racismo, da desigualdade social e da luta das mulheres negras, Evaristo é uma das vozes mais importantes da literatura contemporânea no Brasil. Sua escrita é marcada pela força emocional e pela profundidade das personagens, especialmente as mulheres negras, que são muitas vezes invisibilizadas na literatura.

Conceição começou sua carreira literária com a poesia, mas foi com os romances que ela se destacou ainda mais. Seu livro mais conhecido, Ponciá Vicêncio (2003), e a obra Canção para ninar menino grande (2018), são exemplos de como a autora constrói narrativas sensíveis, que exploram as complexidades da vida das pessoas negras nas periferias brasileiras.

Além de escritora, Conceição Evaristo é uma defensora da educação e da cultura, tendo sido professora e ativista na luta pelos direitos das mulheres e da população negra. Sua obra é uma contribuição fundamental para a literatura brasileira, trazendo à tona temas como identidade, resistência e as dificuldades enfrentadas pelos marginalizados. Ela é uma referência para estudantes e leitores que buscam entender melhor as questões sociais e raciais no Brasil.

Confira as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2026 a 2029

Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2026 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:

2026

  • Opúsculo humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2027

  • Opúsculo humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2028

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2029

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira 

Foto do post: Reprodução/Pallas

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