A Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Caminho de pedras, da escritora Rachel de Queiroz.
É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular de 2026, compilamos um resumo completo sobre o livro de Queiroz. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2026 a 2029!
Resumo do livro Caminho de pedras
A obra “Caminho de pedras”, da renomada escritora Rachel de Queiroz, publicada em 1937, reflete os dilemas de uma sociedade em transição, onde as mulheres começam a questionar suas posições, confrontando as normas sociais, além da luta de classes. A autora aborda como o sistema privilegia de forma sutil aqueles próximos ao poder, enquanto explora a queda moral de sua protagonista e incita reflexões sobre o papel feminino na sociedade da época.
O contexto histórico e social
Diferentemente de outros livros da autora, o enredo de “Caminho de pedras” se passa em Fortaleza, nos anos 1930, durante a Era Vargas, período marcado por transformações sociais e políticas no Brasil. Rachel de Queiroz insere sua narrativa nesse cenário para abordar questões femininas e críticas sociais que dialogam com as mudanças da época.
A jornada de Noemi
A narrativa acompanha Noemi, uma mulher casada com João Jacques, um homem bondoso, com quem vive um casamento inicialmente estável e harmonioso. Mãe de um menino chamado Guri, Noemi encontra sua vida transformada ao conhecer Roberto, um militante de esquerda encarregado de recrutar operários para uma célula socialista. Atraída pelas ideias políticas e pela personalidade de Roberto, Noemi desenvolve uma forte conexão intelectual e emocional com ele, além de sentir uma poderosa atração que é recíproca.
Dilemas morais e o papel feminino
Apesar de reconhecer a bondade de seu marido, Noemi enfrenta um profundo dilema moral. Incapaz de se separar de João Jacques sem sentir culpa, ela acaba traindo-o, uma decisão que provoca intensos conflitos internos. Nesse contexto, Rachel de Queiroz revela a força de uma mulher que decide seguir seus desejos, mesmo sabendo das consequências que enfrentaria. Em uma sociedade que impunha às mulheres os papéis restritos de mãe, esposa e dona de casa, Noemi é ao mesmo tempo “transgressora” e “heroína”, pois opta por romper com um casamento sem amor em busca de sua liberdade.
Críticas e reflexões
A narrativa é marcada por um tom introspectivo e por críticas sociais contundentes. Mesmo com sua linguagem direta e clara, o texto convida o leitor à reflexão, especialmente por abordar de forma pioneira questões feministas em uma época em que esses debates começavam a emergir no Brasil. Rachel de Queiroz explora os papéis femininos e as dificuldades em conciliar ambições pessoais com as expectativas sociais, trazendo à tona os dilemas enfrentados pela classe média urbana.
O simbolismo do título
O título “Caminho de pedras” simboliza a jornada árdua de Noemi rumo à sua liberdade política, social e sexual, enfrentando os desafios de uma sociedade conservadora e opressiva. É uma obra que lança luz sobre as contradições de uma época e a luta por transformação.
Sobre a autora
Rachel de Queiroz (1910–2003) foi uma escritora, jornalista, dramaturga e tradutora brasileira, reconhecida como uma das grandes representantes da literatura modernista no Brasil. Nascida em Fortaleza, Ceará, destacou-se pela abordagem de temas sociais, especialmente sobre o sertão nordestino, retratando a vida e as dificuldades do povo sertanejo com profundidade e sensibilidade.
Em 1930, lançou seu romance de estréia, O Quinze, que abordava a seca de 1915 e marcou sua entrada na literatura nacional. Ela foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, em 1977. Rachel também se destacou como cronista e manteve uma intensa produção jornalística ao longo de sua vida.
Entre suas principais obras, estão: O Quinze (1930), João Miguel (1932), Caminho de pedras (1937), As Três Marias (1939) e Memorial de Maria Moura (1992).
Confira as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2026 a 2029
Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2026 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:
2026
- Opúsculo humanitário (1853) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
- O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2027
- Opúsculo humanitário (1853) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
- A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2028
- Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
- A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2029
- Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
- João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
- Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira
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