Bruna Rodrigues, autor em Plataforma Enem Plataforma Enem Thu, 20 Feb 2025 20:20:47 +0000 pt-PT hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 https://enem.com.br/wp-content/uploads/2025/02/e-PORTAL_ENEM-150x150.png Bruna Rodrigues, autor em Plataforma Enem 32 32 Resumo do livro Conselhos à minha filha, leitura obrigatória da Fuvest 2028 https://enem.com.br/2025/02/18/conselhos-a-minha-filha-resumo/ https://enem.com.br/2025/02/18/conselhos-a-minha-filha-resumo/#respond Tue, 18 Feb 2025 18:00:00 +0000 https://site.enem.com.br/?p=23017 A Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Conselhos à minha filha, da escritora Nísia Floresta, que será cobrada nos vestibulares […]

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Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Conselhos à minha filha, da escritora Nísia Floresta, que será cobrada nos vestibulares para entrada na USP em 2028 e 2029.

É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova, compilamos um resumo completo sobre o livro. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2025 a 2029!

Resumo do livro ‘Conselhos à minha filha’

A obra “Conselhos à minha filha”, escrita por Nísia Floresta, foi publicada em 1842 e é o primeiro trabalho autoral da escritora. O livro é redigido seguindo a estrutura de uma carta destinada à filha, Lívia, e nele Nísia a aconselha sobre o melhor caminho a seguir em sua vida, tendo em vista o contexto histórico em que viviam. 

O trabalho de Nísia Floresta é marcado pela defesa aos direitos das mulheres, em especial à educação, e não poderia ser diferente em “Conselhos à minha filha”. Floresta incentiva Lívia à prática do estudo, mostrando a posição da autora quanto à importância da educação feminina, debatida em “Opúsculo humanitário”, seu segundo livro. Nísia também reforça o quão essencial é exercer virtudes morais e cristãs. Ao final da obra, a autora dedica um conjunto de pensamentos em versos para Lívia.

Prefácio

O livro é aberto com uma mensagem de Nísia à filha, Lívia, no dia de seu aniversário de 12 anos, em 12 de janeiro de 1842. A autora, então, diz que, em vez de presentear a filha com artigos de moda, preferia oferecer-lhe conselhos para a vida, os quais seriam mais úteis, caso bom uso fosse deles feito.

Floresta descreve o amor que sente, como mãe, pelos filhos, e o coloca como superior a todos os outros, dizendo que “só uma mãe ama seus filhos com um inteiro e verdadeiro interesse. Se ele é virtuoso, ela o ama feliz, se ele não o é, segue o amando um pouco triste; mas o ama sempre, o ama com o sentimento mais poderoso, a compaixão!”.

O título de mãe, segundo a autora, seria aquele que verdadeiramente enobrece a mulher e alivia “o peso da desgraça e da tristeza que tanto oprimem”. Aqui, vemos uma referência de Nísia à situação da mulher no Brasil oitocentista, em que direitos não lhe eram garantidos.

A questão da educação é então abordada por Nísia pela primeira vez. Ela indica que o amor à maternidade a motivou a estudar “na esperança de poder, um dia, te dar as primeiras lições, e que me deu forças para suportar as terríveis dificuldades que se apresentaram em meu caminho, afinal, eu me encontrava só no mundo: mulher fraca, sem apoio e sem dinheiro!”. A educação feminina é um aspecto sempre presente nas obras de Nísia Floresta, e sua importância é reforçada ao longo de “Conselhos à minha filha”.

As virtudes morais e religiosas

Com a linguagem adaptada para a compreensão da filha, Nísia inicia suas recomendações mencionando o que chama de “virtudes filiais”, as quais serviriam de “base para todas as outras que virão a seguir”. Ela relembra seu próprio contexto familiar à filha, em que, em vista das dificuldades enfrentadas pelos pais, ao lado deles permaneceu, oferecendo conforto e auxílio. Assim,  ela aconselha que Lívia faça o mesmo: “siga com inteligência os deveres da sua idade!”. A filha, então, deveria sempre se lembrar do amor e da obediência filial, imitando os exemplos que lhe foram dados. 

Essa obediência, no entanto, não deveria ser estruturada no medo, mas, sim, no “prazer de estar realizando todos os seus deveres”. O bem também deveria ser praticado tão somente por ser o correto e pela satisfação de realizá-lo, da mesma forma que o mal deveria ser evitado por suas consequências dolorosas à alma.

A autora, para fundamentar suas ideias, vale-se de referências religiosas, pois as virtudes cristãs seriam, para ela, um importante meio de elevação da alma. Uma das ilustrações feitas por Floresta seria a história de Isaque e de seu pai, Abraão, na qual o filho, em obediência à figura paterna, submeteu-se à morte e foi recompensado. Essas virtudes, dessa maneira, determinariam as boas escolhas e contribuiriam para a construção de um espírito forte e digno.

Características exaltadas

Além disso, a modéstia, a naturalidade e a simplicidade são exaltadas, em detrimento da vaidade, esta que, para Nísia, seria um “vício desprezível que, geralmente, se atribui ao nosso sexo”, o qual poderia assassinar a inocência de Lívia. A mãe, ao longo de seus conselhos, reforça à filha que a vaidade de nada serve, porque pertence àqueles cujas almas são pequenas e de educação fraca.

Lívia deveria, então, cultivar a generosidade e a caridade, evitando o sentimento de superioridade, e se preocupar em auxiliar os necessitados: “Se dedique sempre ao oprimido; os desgraçados têm direito à nossa proteção e amizade”.

Nísia, dando continuidade aos seus conselhos, reforça a importância da bondade, pedindo à Lívia que não exite em ajudar o próximo, sem julgar suas circunstâncias. A ostentação, por outro lado, deve ser rejeitada: a satisfação do coração ao realizar boas ações deverá bastar. A mãe também pede à filha que cuide de entes queridos e amigos e que priorize a felicidade dos outros, pois isso seria um sinal de sua virtude, a qual nunca deve ser deixada de lado. 

A busca pela educação

Nísia Floresta trata da educação feminina e destaca o contexto da mulher à sua época no decorrer de sua obra. A autora busca sempre incentivar o investimento da filha nos estudos – algo negado às mulheres no Brasil oitocentista -, pois, tendo acesso a essa sabedoria, suas verdadeiras virtudes seriam valorizadas, e a educação seria a única maneira de tornar o espírito “digno da estima e dos respeitos da sociedade”.

Assim, Nísia afirma que, apesar do imaginário social de que as ciências não seriam necessárias à mulher, sua pretensão era prover à filha o aprofundamento necessário na educação, de maneira que Lívia pudesse alcançar um espírito digno e livre de vaidades.

Além disso, ao dar conselhos sobre o contato com o sexo oposto, Nísia deixa clara a visão de grande parte da sociedade sobre a figura feminina. A autora aponta que havia dois tipos de “admiradores do nosso sexo, um mais comum, outro extremamente raro”. O mais comum – aquele que representa a desvalorização da mulher – trata-se do homem que vê as mulheres com desprezo e de forma objetificada, cujo valor recai apenas em sua beleza.

Desses homens a mãe pede que a filha se afaste, pois eles somente se preocupam com a fisionomia feminina. Já o grupo mais raro seria composto por “homens cujo coração foi formado na escola da virtude, para honra da humanidade”. É um homem desse tipo que Nísia recomenda à filha, uma vez que “[a]dmirando nossos talentos, ele não receia que ultrapassemos os limites impostos a nós”.

Final do livro

Mediante esses conselhos, é possível ao leitor ter uma visão sobre a defesa que a autora estabelece à educação feminina, que, para ela, é de extrema importância para formar as virtudes da mulher e valorizá-la na sociedade.

Vemos também um retrato do contexto de desvalorização em que as mulheres se encontravam e o encorajamento que Nísia procura passar à filha para que ela compreenda o lugar que ocupa socialmente e, apesar da resignação, não desista de buscar desenvolver o intelecto.

Já ao final de “Conselhos à minha filha”, Nísia Floresta resume, em versos, os conselhos descritos ao longo da obra. A autora reforça o desejo de que a filha ouça suas recomendações e retoma as virtudes anteriormente destacadas, como a bondade, a sabedoria e a generosidade. De maneira poética, Nísia enfatiza a relevância do aprimoramento do espírito, do caráter e do amor e reafirma à filha aquilo que acredita ser o melhor modo de se viver.

O que poderá ser cobrado na Fuvest?

Questões relacionadas à educação feminina e às virtudes religiosas e morais, temas centrais trabalhados em “Conselhos à minha filha”, podem marcar presença no vestibular, considerando também o foco educacional de toda a obra de Nísia Floresta e seu pioneirismo.

Além disso, o contexto social e histórico da obra pode ser trabalhado, tendo em vista que a defesa da autora ao direito educacional da mulher se dava em uma época em que os direitos femininos eram negados e desvalorizados.

A linguagem adotada por Nísia e a estrutura epistolar do livro também podem ser tópicos de análise, assim como o conteúdo final em versos elaborado pela autora. 

Sobre a autora

Dionísia Gonçalves Pinto, conhecida pelo seu pseudônimo Nísia Floresta Brasileira Augusta – ou somente Nísia Floresta -, nasceu em 1810, em Papari, Rio Grande do Norte, e foi uma educadora, escritora e poeta brasileira. Era filha de um advogado português, o qual, liberalista, incentivava a paixão da filha pelos livros. 

Essa paixão a levou a assumir o nome Nísia Floresta Brasileira Augusta para se dedicar à escrita. A escolha do pseudônimo se devia ao nome da fazenda onde nasceu e ao seu amor pelo Brasil e por Manuel Augusto de Faria Rocha, seu marido.

Em 1831, o jornal Espelho das Brasileiras publicou uma série de artigos redigidos por Nísia, nos quais ela dissertava sobre a condição das mulheres no século XIX. Seu primeiro livro, “Direito das mulheres e injustiça dos homens”, foi publicado um ano depois, sendo uma tradução do livro “Woman not inferior to man”, divulgado por um(a) autor(a) ainda hoje desconhecido(a), de pseudônimo Sophia. O primeiro trabalho autoral de Nísia Floresta foi “Conselhos à minha filha”, livro reconhecido por ser a primeira obra de autoria feminina publicada no Brasil. 

Nísia, em seus escritos, defendeu pautas sociais importantes, e sua luta em prol da educação feminina a levou, em 1838, a fundar o Colégio Augusto, exclusivo para meninas. Sua instituição de ensino possibilitou a essas meninas o estudo de matérias como  matemática e português em uma época em que se valorizava somente a educação doméstica para as mulheres. Nísia Floresta foi um marco para a educação feminina e é considerada uma pioneira na discussão sobre o feminismo  no Brasil.

Confira as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2026 a 2029

Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2026 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:

2026

  • Opúsculo humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2027

  • Opúsculo humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2028

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2029

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira 

Foto do post: Reprodução/Editora Casa Amarela

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Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Opúsculo humanitário, da escritora Nísia Floresta.

É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular de 2026, compilamos um resumo completo sobre o livro de Floresta. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2026 a 2029!

Resumo do livro Opúsculo humanitário

O livro “Opúsculo humanitário” tem autoria de Nísia Floresta e constitui uma tese em defesa à educação das mulheres no Brasil oitocentista. Foi, em um primeiro momento, publicado em formato de folhetins nos jornais Diário do Rio de Janeiro e O Liberal entre os anos de 1852 e 1853, para posteriormente ser organizado em um livro, como uma coletânea de 62 artigos, em 1989, por Peggy Sharpe-Valadares.

Nísia Floresta, em sua obra, procurou defender a necessidade de uma educação formal e diferenciada para o público feminino, o que, no século XIX, se mostrava raro – o foco da educação à mulher situava-se no campo doméstico. Ela acreditava, como é possível observar em “Opúsculo humanitário”, que a educação seria um importante método para afastar a noção de inferioridade feminina que circundava o imaginário social da época – e que ainda mostra resquícios atualmente – e para tornar as mulheres melhores mães e esposas.

A tese construída pela autora é hoje considerada um marco para a luta feminista e pelo direito à educação para mulheres. Floresta, no entanto, aborda outras relevantes questões em seu livro, como as estruturas sociais que tornavam viáveis a manutenção da exploração da mulher, a permanência da escravidão, a desvalorização da pessoa indígena e a intensificação das desigualdades sociais. 

Panorama mundial da educação feminina

“Opúsculo humanitário”, de início, destaca a história da educação feminina no Brasil e no mundo, realizando comparações e análises com o objetivo de demonstrar o poder social transformador inerente ao provimento de uma educação diversificada às mulheres. Já nas primeiras linhas da obra, Nísia Floresta deixa claros seu posicionamento e seu apelo: “Enquanto pelo velho e novo mundo vai ressoando o brado – emancipação da mulher -, nossa débil voz se levanta, ná capital do império de Santa Cruz, clamando: educai as mulheres!”.

A autora prossegue, indicando que um traço relevante de nações civilizadas se mostrava na educação e na independência das mulheres. Ela menciona outras regiões do mundo e faz observações quanto às funções delegadas à mulher – considerada somente um “instrumento do prazer material do homem” e valorizada apenas por sua beleza física -, traçando paralelos religiosos em muitos momentos. Essas referências são de grande importância para Floresta, a qual, ao longo de todo o livro, vale-se das tradições cristãs para embasar sua tese. Ao mencionar, por exemplo, figuras femininas que na Bíblia protagonizaram notáveis acontecimentos, Nísia é capaz de evidenciar “já então não ser a mulher somente destinada a guardar os rebanhos, a preparar a comida, e a dar à luz a sua posteridade”.

A autora, então, busca provar que uma nação poderia ser apontada como civilizada somente quando valorizasse a educação feminina e a emancipação das mulheres. Ela aponta que logo encontravam a ruína os povos que ignoravam essas questões, ao contrário daqueles que se mostravam abertos a tornar uma pauta a discussão sobre a posição da mulher na sociedade. Nísia dá como exemplo a Grécia: “Os costumes da Grécia adoçaram-se, a mulher já não era ali um instrumento só de prazeres vãos e materiais. Ela associou-se aos trabalhos do espírito, que ocupavam os homens, e a civilização da Grécia apresentou-se sem rival ao mundo inteiro”. 

Outras nações são citadas por Nísia Floresta em seu panorama do estado social da mulher, de modo que o leitor compreenda a conclusão da autora: a educação da mulher é, de fato, um “barômetro que indica os progressos de sua civilização”. A Alemanha, segundo a autora, à época era reconhecida por seu respeito aos direitos das mulheres e por estabelecer igualdade entre homem e mulher no casamento, e Nísia indica que a mulher germânica dispunha de vantagens em relação às mulheres antigas e modernas. Já a educação da mulher inglesa, conforme Floresta, compreendeu algo a mais: a educação feminina precisava ter como base a religião. Tratava-se, para Nísia, de uma verdade não entendida por outras nações e a vantagem da Grã-Bretanha sobre outras regiões.

A autora também recomenda obras estrangeiras escritas por mulheres em “Opúsculo humanitário”. Ela assim o faz com o objetivo de constatar que mulheres poderiam participar efetivamente da cultura nacional e dos espaços públicos, sugerindo, desse modo, mudanças na sociedade – inclusive em aspectos além da pauta feminina. A autora buscava comprovar, nas palavras dela, “que a educação moral deve ser, como já temos observado, a base de toda a instrução da mulher, a fim de que ela se não desvie da senda das virtudes que a farão sair vitoriosa do labirinto da vida, onde tem de lutar com o monstro da sedução”.

Uma das autoras citadas por Nísia é Harriet Beecher-Stowe, escritora por trás da obra “A cabana do Pai Tomás”. Por meio da menção feita a Stowe, Floresta não somente deixa clara sua defesa à educação religiosa e moral e à clara capacidade feminina de se colocar em discussões relevantes socialmente como também abre espaço para o debate sobre os horrores da escravidão. Nísia faz uma breve análise do livro “A cabana do Pai Tomás” e mostra ao leitor a denúncia às injustiças da política escravista relatada na obra, esta que buscou dar voz às vítimas. Desse modo, Floresta traz a sociedade brasileira à luz, com a esperança de que os jovens leitores da época conseguissem enxergar nas páginas da obra de Stowe uma representação da situação do Brasil e, assim, buscassem por mudanças futuras. Vemos, dessa maneira, que uma das lutas de Nísia Floresta era o abolicionismo.

O cenário brasileiro

Após esclarecer ao leitor o contexto educacional da mulher desde a Antiguidade, passando por variadas nações ao redor do mundo, Nísia Floresta inicia o debate sobre o cenário brasileiro fazendo um questionamento: “Povos do Brasil, que vos dizeis civilizados! Governo, que vos dizeis liberal! Onde está a doação mais importante dessa civilização, desse liberalismo?”.

Retomando o panorama realizado até então, a autora indica que, apesar de o empenho de outras nações para a emancipação das mulheres ter sido testemunhado, quase nenhuma ação era tomada para tal no Brasil. Todavia, tendo em vista o desejo de “ver o nosso país colocado a par das nações progressistas”, Nísia sentia-se impulsionada a tratar da educação da mulher no Brasil, e assim o fez, com a esperança de que seu ato motivasse outros a lutarem pela causa.

Dessa maneira, a autora prossegue na defesa de sua tese. Sempre ressaltando a importância da educação feminina para o progresso da nação, Floresta explana a situação educacional brasileira, em que os próprios intelectuais não se dedicavam a escrever sobre o status de inferioridade dado à mulher. A autora observa que o Brasil herdou de Portugal o desprezo pela educação das mulheres: “A glória das armas e das conquistas era a única a que aspirava o seu gênio belicoso. Dessa glória, porém, nenhuma vantagem resultava à mulher”. À mulher restava o título de servente de sua casa. Esse cenário foi estendido ao território brasileiro, junto, ainda, ao degradante contexto da escravidão. Aprofundando-se em sua contextualização, Floresta afirma que “nenhum recurso podia o Brasil oferecer à mulher que desejasse cultivar a sua inteligência”.

Nísia também faz críticas ao funcionamento das instituições de ensino da época. Até o início do século XIX, afirma a autora, não existiam escolas regulares e academias de ensino. Assim, aqueles que nutriam interesse pelos estudos precisavam se deslocar longas distâncias para obter alguma instrução. Se dessa maneira era, à mulher não restava nada: “Embalde tentaria ela instruir-se em qualquer outra coisa, a não ser nas ocupações materiais da vida doméstica, porquanto as lições que recebiam algumas meninas, nas casas intituladas escolas – onde, sentadas por terra em pequenas esteiras ou toscos estrados, abrindo de vez em quando, sobre a almofada de renda ou de costura que faziam com rigorosa tarefa, errados manuscritos, e a cartilha do Padre Inácio que lhes iam materialmente explicando – eram tão mal dirigidas e por vezes tão perniciosas, que tendiam antes a estreitar do que a dilatar-lhes o espírito, a viciá-lo, antes do que enobrecê-lo”.

Em muitos momentos, além disso, a autora se vale de preceitos critãos para embasar sua argumentação, uma vez que, para ela, uma sociedade essencialmente cristã estaria ferindo seus ensinamentos ao não valorizar a igualdade entre os cidadãos. Isso estaria relacionado não somente à questão feminista mas também à sua posição antiescravista e à defesa da pessoa indígena, pois nenhum tipo de desigualdade estaria de acordo com a moralidade religiosa: “Todos os brasileiros, qualquer que tenha sido o lugar de seu nascimento, têm iguais direitos à fruição dos bens distribuídos pelo seu governo, assim como à consideração e ao interesse de seus concidadãos”. 

Floresta também aborda a suposta fragilidade feminina em “Opúsculo humanitário”. É discutido o imaginário da época de que a “fraqueza” corporal da mulher seria um de seus encantos, discurso que fortalecia a noção de inferioridade feminina e definia a mulher como imprópria para o estudo. Contudo, Nísia argumenta: “Se a natureza deu à mulher um corpo menos robusto que ao homem, não tem ela, por isso mesmo, mais precisão do exercício de suas faculdades intelectuais para que possa melhor preencher os deveres de filha, esposa e mãe, sem descer ao artifício?”. Além disso, Nísia discorda do pensamento geral oitocentista brasileiro de que a educação seria algo inútil e prejudicial à mulher. Retomando as discussões e comparações feitas ao longo do livro, ela aponta que seria ridículo pensar que “a ignorância é o melhor estado para o desenvolvimento das virtudes morais”. 

Portanto, são vários e relevantes os argumentos da autora em prol da defesa da educação das mulheres. Nísia, em sua obra, tocou em diversos pontos sensíveis da sociedade da época e tomou iniciativas extremamente necessárias e que, mesmo que não de imediato, geraram transformações essenciais para o país. 

A obra foi disponibilizada na íntegra pelo governo para acesso público por meio do site do Domínio Público.

O que poderá ser cobrado na Fuvest?

Considerando o caráter progressista da obra de Nísia Floresta e os temas desenvolvidos em “Opúsculo humanitário”, seriam diversos os assuntos que poderiam ser abordados no vestibular. A publicação de seus artigos no século XIX, tendo em vista o contexto histórico e social da época, seria em si uma abordagem interessante, já que os escritos de Nísia podem ser considerados as primeiras manifestações feministas publicadas em jornais no Brasil.

Além disso, a relevância da discussão levantada pela autora na história da educação brasileira também constitui um ponto de atenção. O teor abolicionista da obra e as menções às desigualdades sociais da época compõem um interessante tema de análise no vestibular, assim como as críticas feitas ao patriarcado. O cruzamento literário feito e toda a contextualização histórica realizada por Floresta são outros pontos relevantes que poderiam ser cobrados.

Sobre a autora Nísia Floresta

Dionísia Gonçalves Pinto, conhecida pelo seu pseudônimo Nísia Floresta Brasileira Augusta – ou somente Nísia Floresta -, nasceu em 1810, em Papari, Rio Grande do Norte, e foi uma educadora, escritora e poeta brasileira. Era filha de um advogado português, o qual, liberalista, incentivava a paixão da filha pelos livros. 

Essa paixão a levou a assumir o nome Nísia Floresta Brasileira Augusta para se dedicar à escrita. A escolha do pseudônimo se devia ao nome da fazenda onde nasceu e ao seu amor pelo Brasil e por Manuel Augusto de Faria Rocha, seu marido. Em 1831, o jornal Espelho das Brasileiras publicou uma série de artigos redigidos por Nísia, nos quais ela dissertava sobre a condição das mulheres no século XIX. Seu primeiro livro, “Direito das mulheres e injustiça dos homens”, foi publicado um ano depois, sendo uma tradução do livro “Woman not inferior to man”, divulgado por um(a) autor(a) ainda hoje desconhecido(a), de pseudônimo Sophia. O primeiro trabalho autoral de Nísia Floresta foi “Conselhos à minha filha”, livro reconhecido por ser a primeira obra de autoria feminina publicada no Brasil. 

Nísia, em seus escritos, defendeu pautas sociais importantes, e sua luta em prol da educação feminina a levou, em 1838, a fundar o Colégio Augusto, exclusivo para meninas. Sua instituição de ensino possibilitou a essas meninas o estudo de matérias como matemática e português em uma época em que se valorizava somente a educação doméstica para as mulheres. Nísia Floresta foi um marco para a educação feminina e é considerada uma pioneira na discussão sobre o feminismo no Brasil.

Confira as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2026 a 2029

Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2026 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:

2026

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2027

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2028

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2029

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira 

Foto do post: Reprodução/Penguin & Companhia das Letras

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Resumo do livro Dois irmãos, leitura obrigatória da Fuvest 2025 https://enem.com.br/2024/12/06/dois-irmaos-resumo/ https://enem.com.br/2024/12/06/dois-irmaos-resumo/#respond Fri, 06 Dec 2024 15:30:00 +0000 https://dimgrey-loris-931685.hostingersite.com/?p=20294 A Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Dois irmãos, do escritor Milton Hatoum. É essencial que os candidatos procurem ler, […]

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Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Dois irmãos, do escritor Milton Hatoum.

É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular de 2025, compilamos um resumo completo sobre o livro de Milton Hatoum. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2025 a 2029!

Resumo do livro Dois irmãos

A obra “Dois irmãos” foi publicada em 2000 e elaborada pelo escritor Milton Hatoum. O romance é ambientalizado em Manaus, no Amazonas, e aborda as complexas relações familiares entre os irmãos gêmeos Yaqub e Omar, protagonistas da história e personagens que estão sempre em atrito e envoltos em rivalidade, e o restante de sua família. Acompanhamos, assim, as situações e os dramas por eles vivenciados ao longo das décadas. Além dos embates familiares, o livro trabalha questões sociais e políticas dos anos em que a história se passa.

Moram juntos os irmãos Yaqub e Omar, Rânia, a irmã, os pais, Zana e Halim, e a empregada Domingas, junto ao filho. Esse filho, de nome Nael, constitui o narrador-personagem da trama e é, de certa forma, um dos protagonistas do romance. Nael expõe ao leitor aquilo que testemunhou vivendo junto à família para a qual trabalha a mãe e o que lhe era narrado por outros, e acompanhamos também seus próprios conflitos internos enquanto procura esclarecer o enigma relacionado à sua paternidade. O narrador desconfia que um dos gêmeos seria seu pai biológico, e o registro dos acontecimentos acaba por configurar uma maneira de Nael compreender sua própria identidade.

Os conflitos iniciais

A história tem início com o relato da morte de Zana, a mãe dos protagonistas. O narrador nos descreve as ilusões da mulher em seu leito de morte, em que acreditava enxergar o pai, Galib, e o marido, Halim, no quarto em que estava. Antes bela, Zana se encontrava abatida em seus últimos momentos, e seu questionamento derradeiro destaca o conflito que marcará a narrativa como um todo: “Meus filhos já fizeram as pazes?”. Ela falece sem uma resposta.

Temos, posteriormente, um regresso no tempo. Yaqub, com 18 anos, volta ao Brasil após ser enviado, a contragosto, ao Líbano, um ano antes da Segunda Guerra Mundial, e passar cinco anos no país. A viagem forçada foi uma tentativa da família de separar os gêmeos e amenizar os conflitos entre os irmãos, que apenas se intensificavam. Halim, o pai dos gêmeos, manifestou o desejo de enviar os dois filhos ao sul do Líbano, porém Zana fez com que somente Yaqub viajasse. A preferência da mãe por Omar, uma das razões da rivalidade entre os irmãos, deu seus indícios nessa escolha: “Durante anos Omar foi tratado como filho único, o único menino”.

Halim foi buscar Yaqub no Rio de Janeiro na ocasião de seu retorno. Ao observar as características do andar do filho mais velho – no nascimento, Yaqub chegou primeiro ao mundo; Omar, o caçula, veio minutos depois -, o narrador nos mostra uma comparação entre os gêmeos, detalhe que salienta como as diferenças entre eles são sempre ressaltadas ao longo da obra. Chegando em casa, em Manaus, Yaqub se perde em lembranças da infância, e o narrador observa que o irmão mais velho nutriu admiração por Omar um dia: “Yaqub se escondia, mas não deixava de admirar a coragem de Omar. Queria brigar como ele, sentir o rosto inchado, o gosto de sangue na boca, a ardência no lábio estriado, na testa e na cabeça cheia de calombos […]”. Todavia, o ódio sobrepôs esse sentimento, e, aos 13 anos, a primeira grande briga entre os gêmeos ocorreria e acarretaria sua separação.

Ambos Yaqub e Omar estavam apaixonados por uma garota chamada Lívia. Omar foi favorecido em um baile, em que começou a dançar com a menina na ausência do irmão, cuja mãe havia pedido que levasse a irmã, Rânia, para casa. Yaqub confidenciou a Domingas, a empregada da família, sua frustração com a situação, mas, posteriormente, na casa de vizinhos, ele acabou por beijar Lívia na frente de Omar, o que gerou uma extrema raiva no caçula e o levou a ferir o irmão mais velho no rosto. Nele, gravou uma cicatriz em formato de meia-lua, a qual se tornou uma marca viva do ódio entre eles. Após o ocorrido, Yaqub, sem entender o motivo de ter sido o escolhido, foi enviado ao Líbano. A tentativa de separar os irmãos para amenizar a situação foi, contudo, em vão, pois a aversão entre os dois não esvaneceu.

Avançando na história

Ao longo da obra, vamos acompanhando, na visão de Nael, as interações entre os personagens, os conflitos internos dos pais em relação aos filhos e os embates dos gêmeos. Os eventos se misturam às descrições da sociedade e do contexto da época: o crescimento desestruturado da cidade, as divisões sociais e étnicas, os contrastes regionais e o desenvolvimento econômico. O autor estrutura sua narrativa conectando todos esses aspectos em uma obra recheada de minúcias.

De volta ao Brasil, Yaqub investe em seus estudos e se mostra um promissor matemático. É incentivado pelo professor Bolislau, seu preferido, a viajar para São Paulo, dizendo que “Se ficares aqui, serás derrotado pela província e devorado pelo teu irmão”. Lá, gradua-se em engenharia e constrói uma vida profissional de sucesso . Ele também se casa, e descobrimos posteriormente que sua esposa é Lívia, uma das razões de suas desavenças com Omar.

Ao contrário do irmão mais velho, Omar, indisciplinado e rebelde, foi expulso do colégio, pois agrediu Bolislau. Ele é então matriculado em uma instituição conhecida como “Galinheiro dos Vândalos”, onde frequentemente se gaba de sua expulsão. O caçula segue por um caminho de festas constantes e bebedeiras, e, quando leva uma mulher para sua casa determinada noite, recebe um castigo do pai.

Omar chega a levar outra parceira à casa, Dália, porém, dessa vez, é Zana quem intervém, com ciúmes da mulher. Ela opta, após o ocorrido, por enviar o caçula para São Paulo para viver com o irmão, o qual se recusa a recebê-lo em sua residência, arcando, em vez disso, com os custos de um quarto em uma pensão e matriculando-o em um colégio. No entanto, embora tenha se comportado no início, Omar logo se rebela: após se envolver com a empregada do irmão, ele entrou na casa de Yaqub e, irado ao descobrir o casamento com Lívia, vandalizou as fotos do casal, roubou o passaporte e alguns dólares e viajou para os Estados Unidos.

A intensificação dos atritos

Algum tempo depois, Yaqub volta a Manaus para visitar a família. Trata-se de um momento em que o narrador, Nael, pensa ter desvendado o mistério sobre quem seria seu pai, já que testemunha Yaqub e Domingas, sua mãe, de mãos dadas. O enigma, no entanto, não é solucionado.

Ele retorna a São Paulo, e Omar, a Manaus. Enquanto Nael narra a história, tentando, como ele mesmo afirma, “recompor a tela do passado” mediante os relatos de Halim, somos apresentados a uma mulher conhecida como Pau-Mulato, nova paixão de Omar. O narrador nos diz que Zana, após os ocorridos com Dália, pensava que o filho mais novo não mais se apaixonaria. Ele, porém, não desistiu. Envolve-se, assim, com essa nova mulher, bem como com atividades de contrabando, e foge de casa. Os pais tentam encontrá-lo, e Zana consegue trazê-lo para casa.

São expostas ao leitor outras complexas relações envolvendo a família libanesa. Descobrimos que Nael, o narrador, nutre uma paixão por Rânia, que seria sua tia, considerando que um dos gêmeos poderia ser seu pai. Com ela, Nael compartilha uma única noite de amor. A irmã dos gêmeos, por sua vez, é, de certa maneira, apaixonada pelos irmãos e rejeita todos os pretendentes. Halim nunca quis ter filhos, mas cedeu aos pedidos da esposa, e muitas vezes sentia-se deixado de lado por ela, que favorecia o gêmeo mais novo. O retorno deste à sua casa acabou por deixá-lo desconfortável.

Halim, envelhecido e perdido em suas memórias, falece na véspera de Natal de 1968, no sofá de casa. Omar, na ocasião, quase atacou  o cadáver do pai após dirigi-lo ofensas e foi parado por vizinhos e por Nael. Yaqub não compareceu ao enterro; ele enviou uma coroa de flores e uma frase como homenagem: “Saudades do meu pai, que mesmo à distância sempre esteve presente”. Todavia, mesmo longe, parecia mais presente que Omar, que estava no enterro, mas manteve-se distante todo o tempo e se afastou do túmulo do pai ao ver o choro da mãe. A situação trouxe, pela primeira vez, o registro de uma atitude de dureza e repreensão por parte Zana com Omar, semanas após o enterro.

‘Os dois filhos podiam trabalhar juntos’

Pouco tempo depois, Omar trouxe para casa Rochiram, um indiano que tinha planos de construir um hotel na cidade. O empresário notou que estava ganhando a confiança de Zana e, assim, visitava a família com frequência, sempre acompanhado do gêmeo caçula. A mãe, nos momentos a sós com o visitante, comentava sobre seu outro filho, engenheiro, e via na recém-amizade de Omar um meio para aproximar os irmãos, o que era seu grande sonho: “Os dois filhos podiam trabalhar juntos: Yaqub faria os cálculos do edifício, Omar poderia ajudar o indiano em Manaus”. 

Omar, desconfiado dos planos da mãe, a qual já havia feito contato com Yaqub para falar sobre Rochiram, parou de levar o novo amigo para casa e se encontrava com ele em segredo. Yaqub se interessou pelo projeto do hotel, o que irritou Omar, que insistia para a mãe e para irmã que a busca pela concretização do plano e a amizade pertenciam a ele. No entanto, Yaqub havia feito um plano para trair o irmão; já estava associado a Rochiram e hospedado em um hotel em Manaus.

Em determinada manhã, ele visita a casa da família e, enquanto descansava e esperava por Domingas para lhe fazer companhia na rede, é agredido pelo irmão, que havia descoberto o que Yaqub pretendia e teria o matado, caso não tivesse sido impedido. Omar invadiu, posteriormente, o hospital em que o gêmeo estava e quase o espancou novamente, mas Yaqub fugiu a tempo e retornou a São Paulo.

Por fim, o projeto do hotel acaba por falhar. Domingas, pouco tempo depois do confronto entre os irmãos, adoece e falece, revelando a seu filho que havia sido violada por Omar no passado, fator que poderia denunciar ao leitor a paternidade de Nael. O fracasso do projeto gerou uma dívida com o empresário indiano, que pediu a casa como pagamento, conforme sugerido por Yaqub. Omar estava foragido, pois foi denunciado pelo irmão após o conflito, e é, mais tarde, capturado. Em meio a esses acontecimentos, voltamos à morte de Zana, introduzida no início do livro. 

Final do livro

Nos momentos finais da obra, é revelado que Nael herda uma pequena parte da casa. Rânia chegou à conclusão de que Yaqub planejou o declínio de Omar: “Aos poucos, ela foi descobrindo que o irmão distante havia calculado o momento adequado para agir. Yaqub esperou a mãe morrer. Então, com truz de pantera, atacou. A fuga foi pior para Omar. Agora ele não tentava escapar às garras da mãe, mas ao cerco de um oficial de justiça”. Julgado, Omar foi condenado a dois anos e sete meses de prisão. Rânia, em fúria, disse a Nael que escreveria uma carta a Yaqub, deixando claros os seus sentimentos. Não houve resposta por parte do irmão. Nael decidiu se afastar, após isso, de Rânia e do comércio administrado por ela, onde lhe prestava alguns serviços.

Omar é liberto da prisão um pouco antes do prazo determinado. A morte de Yaqub é brevemente mencionada pelo narrador, enquanto refletia sobre as cartas que recebia do homem e sobre a equivalência das atitudes impulsivas e excessivas de Omar e dos planos calculistas de Yaqub. A cena final da obra descreve o breve reencontro entre Omar e Nael. O narrador revela: “Queria que ele confessasse a desonra, a humilhação. Uma palavra bastava, uma só. O perdão”. Todavia, sem palavras, com um olhar perdido, o caçula somente “deu as costas e foi embora”. A incógnita sobre a paternidade do narrador permanece.

Como o livro poderá ser cobrado na Fuvest?

Os conflitos familiares, a busca por identidade e por pertencimento e o contraste entre membros de uma família são temas centrais da obra e seriam aspectos relevantes para trabalhar no vestibular. A questão da memória, do passado, da revisitação dos acontecimentos de uma vida e da relação dessas lembranças com o presente também constitui um interessante tópico de análise.

Além disso, o contexto histórico e social da época em que se passa a história, a cultura de Manaus e os efeitos de eventos históricos diversos na cidade poderiam ser abordados. Por fim, a complexidade das relações familiares e o simbolismo presente nos constantes embates entre Yaqub e Omar poderiam ser explorados, assim como os aspectos estilísticos da obra e as conexões feitas pelo autor com outras referências, como a Bíblia, ao citar a rivalidade entre Caim e Abel.

Sobre o autor Milton Hatoum

Milton Hatoum é um romancista amazonense, nascido em Manaus no ano de 1952. Sua família possui origem libanesa. Em 1967, mudou-se para Brasília, onde concluiu o ensino médio e participou de uma passeata contra  a Ditadura Militar. Chegou a ser preso, porém durante pouco tempo, e depois viajou a São Paulo. Lá, formou-se arquiteto em 1977 e tornou-se professor universitário.

Viveu na França entre 1980 e 1984, país em que estudou literatura. Depois, retornou ao Brasil e ingressou na Universidade Federal do Amazonas como professor. Seu primeiro romance foi publicado em 1989, intitulado “Relato de um certo Oriente”, obra que ganhou o prêmio Jabuti de melhor romance. Alguns anos depois, vivendo em São Paulo, dedicou-se somente ao trabalho com a escrita e foi colunista para o jornal O Estado de S. Paulo. Assim, tornou-se um dos autores da literatura contemporânea mais conhecidos.

Em seus livros, Hatoum é lembrado por valorizar a memória e a história de seus antepassados. Há destaque também para aspectos psicológicos dos personagens e para críticas sociais. Algumas de suas principais obras são “Dois irmãos”, “Cinzas do Norte” e “Órfãos do Eldorado”.

Todas as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2025 a 2029

Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2025 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:

2025

2026

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2027

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2028

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2029

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira 

Foto do post: Beatriz Kalil Othero/Portal Enem

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Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Quincas Borba, do escritor Machado de Assis.

É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular de 2025, compilamos um resumo completo sobre o livro de Machado de Assis. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2025 a 2029!

Resumo do livro Quincas Borba

O romance “Quincas Borba” foi escrito por Machado de Assis e publicado no ano de 1891. A obra, inserida no movimento literário realista, vale-se de um narrador onisciente para contar a história de Rubião, professor que, após a morte do amigo Quincas Borba, herda toda a sua fortuna – com a condição de que cuide do cachorro do falecido, também chamado Quincas Borba.

Acompanhamos, assim, a história de como Rubião foi da pobreza à riqueza, da riqueza à pobreza – uma vez que, devido a inúmeros acontecimentos, acaba por perder o que herdou do amigo – e da sanidade à loucura.

A história é contada, como dito anteriormente, por um narrador onisciente, isto é, um narrador que tem absoluto conhecimento de tudo que ocorre e de todos os personagens. Ele não é, no entanto, imparcial: ele dialoga com o leitor – inclusive, convida-o, logo no início da história, à leitura de outra famosa obra de Machado de Assis, da qual o personagem Quincas Borba também faz parte – e utiliza grande ironia para descrever determinadas situações e pessoas.

Esses traços constituem marca do próprio autor Machado de Assis em outras produções, principalmente em suas crônicas, nas quais costuma interagir com seu interlocutor e introduzir sua afiada ironia.

O início da história

O livro tem início com Pedro Rubião de Alvarenga – mais conhecido como Rubião -, protagonista da história, já rico e bem de vida em sua casa no bairro Botafogo, no Rio de Janeiro. Somos introduzidos a alguns personagens muito relevantes para a história e em grande parte responsáveis pelo futuro declínio de Rubião: Cristiano de Almeida e Palha e sua esposa, Sofia.

Vemos, nas primeiras páginas, uma breve cena da nova vida de Rubião: em sua grande casa, à janela, de professor à capitalista, apreciava uma bela vista, com um criado para trazer-lhe café. Após esse vislumbre da recém-riqueza do protagonista, o narrador nos leva à explicação de como Rubião chegou onde estava. 

O personagem Joaquim Borba dos Santos – Quincas Borba, para os mais próximos – esteve em outra famosa obra de Machado de Assis: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. O narrador nos lembra desse fato e nos mostra como Borba estava à beira da morte em sua casa. A partir daí, compreendemos melhor o que Rubião intencionou ao afirmar queSe a mana Piedade tem casado com o Quincas Borba, apenas me daria uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de modo que o que parecia uma desgraça….

Quincas Borba havia se apaixonado pela irmã de Rubião, Maria da Piedade. No entanto, uma relação mais profunda nunca ocorreu, pois Piedade veio a falecer. Esse amor, porém, aproximou Rubião e Borba, que se tornaram amigos. Assim, prestes a morrer, o único herdeiro possível para a fortuna de Quincas foi o amigo, o qual se dispôs a cuidar dele e a acompanhá-lo no leito de morte. Havia, todavia, uma condição: o segundo Quincas Borba, o cão, deveria ficar sob os cuidados de Rubião

Humanitismo

Nesse início da obra, temos, então, um panorama tanto da vida – e morte – de Quincas Borba quanto da situação de Rubião. Além de aprendermos como a herança foi passada ao protagonista, temos também conhecimento sobre os modos de pensar de Quincas.

Sua filosofia, o Humanitismo – ou Humanitas -, é descrita e pode ser observada nos acontecimentos narrados no decorrer do livro, já que, de acordo com ela, o ser humano é levado a almejar seus próprios interesses acima de qualquer outra coisa, em uma luta pela sobrevivência. Voltaremos a isso posteriormente.

No que tange a Rubião, começamos a conhecer sua vida após a riqueza, esta que se tornou um ponto de virada para ele, tendo em vista que, apesar de lhe trazer conforto, ofereceu-lhe também uma intrincada jornada em um complexo meio social.

A vida em Botafogo

O narrador, indo de relatos trágicos a cômicos, dá continuidade à história de Rubião e de seus relacionamentos com os personagens que o cercavam. Ao longo da narrativa, vemos como Rubião e sua fortuna são sugados por seus conhecidos e como toda a sua trajetória pós-enriquecimento acabou por levá-lo à loucura.

Em sua viagem ao Rio de Janeiro, quando se mudava depois de receber sua herança, ele conhece Cristiano e Sofia, casal ambicioso que, ao tomar conhecimento das posses de Rubião, imediatamente inicia uma amizade por interesses egoístas. Ao longo da narrativa, é possível observar, inclusive, que o próprio Cristiano se aproveita do interesse de Rubião por Sofia para incitar a esposa a ceder às investidas do amigo para que se beneficiassem financeiramente desse relacionamento.

Além do casal, outros se aproveitaram da riqueza e da ingenuidade de Rubião, porém o que fica mais evidente é a extorsão lenta e consistente de Cristiano, que almejava quitar suas inúmeras dívidas e ascender socialmente às custas do protagonista. Eles estabelecem, desse modo, uma parceria, e Cristiano se torna algo próximo a um contador para Rubião.

Chegando ao bairro Botafogo, onde estabeleceria residência, o ex-professor conhece outros personagens importantes em sua história, como Carlos Maria, Freitas e Camacho. Acompanhamos, assim, o percurso de Rubião nesse desconhecido contexto social. O protagonista é inserido em um meio em que se familiariza com intrigas da sociedade abastada – o próprio Rubião acaba por se colocar em uma posição de superioridade, considerando seu novo patamar econômico – e experimenta a ambição e a exploração por parte daqueles que o rodeiam.

A loucura de Rubião

Rubião vai perdendo suas posses como consequência de uma má administração e da exploração por seus conhecidos. Junto a elas, começa também a perder a noção de si, imaginando-se um imperador à frente de um grande exército – o imperador Luís Napoleão.

Contudo, não foi apenas a perda da herança que o levou a esse estado. Em determinado momento da história, Rubião salva um garoto chamado Deolindo. O ex-professor, novo rico, ciente de seu novo status social e agora aclamado pelo seu suposto altruísmo, deixa a vaidade subir à cabeça, o que também impactou seu estado mental.

Além disso, um de seus novos amigos, Carlos Maria, e Sofia demonstravam ter um envolvimento amoroso, embora Carlos acabe se casando com a prima desta, Maria Benedita. Rubião, que já se interessava por Sofia, recebe um golpe – que eventualmente seria duplo, pois descobrimos, seguindo a narrativa, que Cristiano planejava casar Rubião e Maria Benedita.

Esses e outros fatores motivaram, aos poucos, a insanidade do protagonista. Vemos os primeiros traços de sua loucura quando este, o narrador nos informa, ao receber convidados em sua residência,teve aqui um impulso curioso, — dar-lhes a mão a beijar”, mas que “[reteve-se] a tempo, espantado de si próprio.

Aumento dos delírios

Eventualmente, a dificuldade de Rubião em discernir realidade e ilusão se intensifica. O personagem se aliena mentalmente, em seu mundo imaginário, e tudo isso traz consequências irreversíveis para o homem. O Humanitismo, filosofia do amigo Quincas Borba, foi seguido também por Rubião e constatado por este ao seu redor.

Quincas afirmava que “não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da outra”. Dessa maneira, no processo descrito pelo filósofo, a morte não se mostrava relevante, uma vez que dava origem à sobrevivência de outro, prevalecendo os interesses daquele que sobreviveu.

Assim, a morte de Quincas foi a condição de sobrevivência de Rubião, o qual percebia que seus conhecidos buscavam torná-lo a condição de sobrevivência deles, mediante sua fortuna. A busca por interesses próprios fica evidente para o leitor e para o próprio protagonista, que foge para dentro de si buscando se afastar dessa realidade.

‘Ao vencedor, as batatas’

A intensificação dos delírios de Rubião levou à sua internação. Seus antigos amigos já não se importavam mais com ele, pois haviam alcançado o que almejavam. Após alguns meses, um pouco mais estabilizado, o ex-professor consegue fugir da casa de saúde em que estava, levando consigo o cão Quincas Borba, e vai à cidade de Barbacena. Entretanto, não possuía perspectiva de como prosseguir.

Esperou nas ruas, sob a chuva da cidade, e se lembrou de umas das frases adotadas pelo falecido amigo em sua filosofia: ao vencedor, as batatas. A afirmação fazia parte de uma ilustração feita por Quincas Borba para explicar sua linha de pensamento. Ela retoma o Humanitas e toda a construção da vida do protagonista até aquele momento:

Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.”.

Posteriormente, Rubião é acolhido por sua comadre. No entanto, estava com febre e permanecia em sua ilusão de ser um grande imperador, como ficou até a morte, quando afirmou— Guardem a minha coroa — murmurou. — Ao vencedor….

Três dias depois, o cachorro Quincas Borba também encontrou um trágico fim, doente e à procura do dono. O cão foi, assim, a condição de sua riqueza e, ao fim, tudo que restou a Rubião.

Onde encontrar o livro completo?

A obra foi disponibilizada na íntegra pela USP para consulta dos candidatos no site oficial da universidade. Confira!

Como o livro poderá ser cobrado na Fuvest?

Trata-se de uma obra com várias camadas e aspectos relevantes que poderiam ser analisados e cobrados no vestibular. Em primeiro lugar, o próprio caráter psicológico da narrativa tem destaque. Poderiam ser trabalhadas a transformação à qual Rubião foi submetido e o efeito que a filosofia Humanitas exerceu sobre ele, assim como sua insanidade final.

A influência do movimento realista no romance também seria um tópico pertinente de análise. Além disso, toda a crítica à sociedade da época e à superficialidade das relações poderia ser abordada, com foco na questão do materialismo, da incessante busca por riquezas e até mesmo do uso do amor como instrumento de exploração.

Os aspectos filosóficos trabalhados por Machado de Assis e as referências utilizadas pelo autor constituem um rico objeto de estudo, assim como a construção da narrativa e os variados recursos linguísticos utilizados e bem arquitetados por ele. Seria interessante refletir também sobre o simbolismo trazido pelo cão Quincas Borba na obra e sobre se a própria generosidade de Rubião ao cuidar do amigo em seu leito de morte manifestava a essência da filosofia do Humanitismo – já havia interesse ali?

Sobre o autor Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis foi um jornalista, cronista, romancista, contista, poeta e teatrólogo nascido no Rio de Janeiro em 1839. Filho de Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, o autor estabeleceu seu legado na literatura brasileira e é considerado um dos maiores escritores da história e o mais importante escritor do Brasil.

Um dos poucos homens negros reconhecidos e prestigiados por sua obra no século XIX, Machado de Assis foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e ocupou a presidência da Academia por mais de 10 anos, a qual passou a ser conhecida como a “Casa de Machado de Assis”. O autor faleceu no Rio de Janeiro, em 1908.

Durante sua infância, sem condições financeiras para manter os cursos regulares da época, deu continuidade aos estudos da forma que encontrou e publicou, aos 14 anos, seu primeiro trabalho no Periódico dos Pobres, um soneto intitulado “À Ilma. Sra. D.P.J.A.”.

Após dois anos, iniciou-se na profissão de aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional, onde foi apadrinhado por Manuel Antônio de Almeida, escritor e professor. Ao longo do tempo, trabalhou também como revisor em outros locais e passou a escrever regularmente para variadas revistas.

Escolas literárias e principais obras

Machado de Assis foi um escritor versátil e se aventurou em diversos gêneros literários, explorando características do Romantismo e do Realismo. Seu primeiro romance, chamado “Ressurreição”, foi publicado em 1872.

Em 1881, nasceu uma das obras mais emblemáticas do autor, intitulada “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Outras de suas principais produções são “Casa Velha”, “Dom Casmurro” e “Quincas Borba”.

No campo dos versos, um de seus poemas mais conhecidos é o soneto “Carolina”, redigido em homenagem à esposa, Carolina Augusta Xavier de Novais. 

Todas as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2025 a 2029

Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2025 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:

2025

2026

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2027

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2028

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2029

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira 

Foto do post: Reprodução

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A Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Marília de Dirceu, do escritor Tomás Antônio Gonzaga.

É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular de 2025, compilamos um resumo completo sobre o livro de Tomás Antônio Gonzaga. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2025 a 2029!

Resumo do livro Marília de Dirceu

A obra “Marília de Dirceu”, escrita pelo autor luso-brasileiro Tomás Antônio Gonzaga, teve sua primeira parte publicada no ano de 1792 e tornou-se uma das produções que mais marcaram o Arcadismo, movimento literário europeu iniciado no século XVIII. Considerando sua relevância na literatura brasileira, o livro foi adicionado às leituras obrigatórias do vestibular Fuvest 2025. 

Gonzaga elaborou seu trabalho no formato de um extenso poema lírico dividido em três partes. Ao longo de seus versos, em linguagem simples, o autor narra a história de amor de Marília e Dirceu, dois pastores de ovelhas. A obra, embora não possa ser considerada autobiográfica, é, em grande parte, baseada em sua relação com Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão.

Tomás e Maria foram noivos, mas acabaram separados devido à prisão e ao exílio de Tomás na África, como resultado de sua participação na Inconfidência Mineira. Esse fato é também destacado nas páginas da obra, em que são ressaltadas as atribulações pelas quais o próprio Gonzaga passou durante o movimento.

Parte I

Na primeira parte de “Marília de Dirceu”, Dirceu, que compõe o eu-lírico da obra, dedica-se a expressar seus sentimentos por Marília, pastora de ovelhas que despertou nele grande afeição e para a qual destinou versos apaixonados e o título de “Estrela”: Graças, Marília bela,/Graças à minha Estrela!

Há, no decorrer da escrita, a descrição de um profundo amor, o qual é ambientalizado na natureza, no campo, tendo em vista a própria profissão de Dirceu – pastor de ovelhas, assim como Marília – e as particularidades do movimento árcade, explorado por Tomás Antônio Gonzaga.

Assim, vemos falas de um amor puro, idealizado e melancólico, o qual se almeja viver não em meio a interferências urbanas, mas, sim, nos campos, em simplicidade e calmaria – junto à sua amada, à Marília. A natureza, desse modo, é alvo de extensa descrição por parte do autor e é também testemunha dos anseios de Dirceu por uma vida ao lado de Marília e de sua tristeza pelos momentos em que estaria longe de sua amada.

Parte II

Já a segunda parte da obra entrega uma quebra nos relatos puros de amor de Dirceu por Marília e demonstra como há nuances mais complexas na relação descrita ao longo dos versos. Refletindo o contexto do autor à época, que estava preso em consequência do envolvimento na Inconfidência Mineira, essa parte do livro retrata toda a angústia sentida por Dirceu – ou Tomás – no cárcere pela separação de seu objeto de afeição.

As reflexões estruturadas nessa narrativa poética giram agora em torno da dor do distanciamento, da incerteza do aprisionamento e da própria sorte, do amor que precisa superar as circunstâncias e da ânsia pela libertação para o futuro reencontro: Nesta cruel masmorra tenebrosa/Ainda vendo estou teus olhos belos,/A testa formosa,/Os dentes nevados,/Os negros cabelos

Para além, no entanto, das duras descrições de um coração ferido por estar distante de seu amor, é possível observar falas referentes à situação política em que se encontrava Gonzaga no Brasil. O autor expõe o sentimento de injustiça em relação à severidade do governo colonial e às decisões do regime à frente do país.

Mesmo que o foco não desvie de seu amor por Marília, é realizado, na voz de Dirceu, um paralelo entre a experiência desse amor e de toda a opressão e a violência sofridas no decorrer de seu aprisionamento e seu futuro exílio.

Dessa maneira, a perda da liberdade possui grande destaque ao longo do segmento, bem como a tristeza de estar vivendo no que Dirceu define como uma masmorra, sem perspectiva, no entanto ainda com a ilusão, de escapatória: Nesta triste masmorra,/De um semivivo corpo sepultura,/Inda, Marília, adoro/A tua formosura.

Parte III

Por fim, a terceira e última parte da obra mantém temáticas semelhantes às anteriores, porém vemos um aprofundamento na melancolia do eu-lírico e nas críticas ligadas à sua conjuntura política. Dirceu dá continuidade aos relatos sobre seu sofrimento devido ao exílio e à separação de Marília, abordando sentimentos como a desesperança e o desencanto com o futuro.

É possível perceber, assim, que não se trata de uma história de amor com um final feliz, já que, longe de sua amada, Dirceu não vê consolo e esperança em sua vida: há somente uma perspectiva de tristeza e dor, pois tanto a liberdade quanto o amor lhe foram negados por suas circunstâncias.

Como ler o livro completo?

A obra foi disponibilizada na íntegra pelo governo para acesso público no site do Domínio Público e pela própria USP para consulta dos candidatos no site oficial da universidade. Confira!

De quais formas o livro poderá ser cobrado na Fuvest?

No vestibular, aspectos relacionados ao Arcadismo poderiam ser cobrados, tendo em vista que constitui o movimento literário explorado por Tomás Antônio Gonzaga ao longo de “Marília de Dirceu”. Além disso, a forma como o autor constrói sua narrativa poética de um amor idealizado de Dirceu por Marília poderia ser um tópico relevante a ser observado nas provas.

A abordagem da natureza e da vida bucólica, temas conectados ao movimento árcade, também seriam pertinentes. Para finalizar, um outro aspecto muito visto na obra e que poderia também ser alvo de análise no vestibular seria a contextualização histórica, social e política da época em que se passa a história.

Sobre o autor Tomás Antônio Gonzaga

Tomás Antônio Gonzaga foi um advogado, juiz e expoente poeta luso-brasileiro nascido em 11 de agosto de 1744, na cidade de Porto, em Portugal. Filho de João Bernardo Gonzaga e de Tomásia Isabel Clark, Gonzaga passou parte da infância no Brasil, no Recife e na Bahia, e retornou a Portugal durante a adolescência para finalizar seus estudos, formando-se em Direito aos 24 anos.

Após iniciar sua carreira em Portugal, retornou ao Brasil em 1782 para ocupar o cargo de Ouvidor Geral na comarca de Vila Rica, em Ouro Preto, Minas Gerais. Permaneceu no estado até 1789, quando foi preso e enviado ao Rio de Janeiro devido ao seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Depois, foi extraditado para Moçambique, na África, onde faleceu em 1807. Foi seu exílio a causa de sua separação de Maria Doroteia, que foi sua noiva e inspiração para Marília em “Marília de Dirceu”.

Gonzaga não possui um catálogo extenso de obras. Contudo, seus poemas já foram editados e distribuídos inúmeras vezes ao longo dos anos. Seu estilo seguia o movimento árcade brasileiro, cujas características estão claras em “Marília de Dirceu”, livro considerado sua obra-prima. Outras de suas principais obras são “A Conceição” e “Cartas chilenas”.

Todas as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2025 a 2029

Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2025 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:

2025

2026

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2027

  • Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2028

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2029

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira 

Foto do post: Reprodução

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