Atualmente, a energia nuclear corresponde a pouco mais de 10% da geração de energia elétrica mundial e, apesar de ser menos agressiva ao meio ambiente comparada às usinas termelétricas e hidrelétricas, existe uma grande polêmica ao redor da utilização desse tipo de energia: os acidentes nucleares. O mundo já presenciou vários acidentes nucleares, desde Chernobyl até Fukushima, e sabemos que é fato de que um acidente pode causar impactos extremamente graves e sérios.
As usinas nucleares são centrais de geração de energia elétrica, que ocorre por meio do uso de materiais radioativos que produzem calor como resultado de uma reação nuclear. O perigo mora justamente no fator essencial dessa energia: a radioatividade.
Os impactos de um acidente nuclear:
Em um acidente nuclear, ocorre a exposição de material nuclear ao meio ambiente, que libera substâncias radioativas no ar e no solo. Essas substâncias contaminam plantas, rios, os animais e as pessoas em volta. Os dois elementos mais perigosos e preocupantes em um acidente são o iodo radioativo e o césio, subprodutos da fissão nuclear do urânio. O césio, inclusive, se desintegra e dá origem ao Bário 137m (por isso o nome césio-137) e passa a emitir radiações gama, que são extremamente nocivos à saúde porque possuem um grande poder de penetração, invadindo as células do organismo e podendo levar até à morte.
As consequências de acidentes nucleares possuem longa duração tanto para o meio ambiente quanto para a população que habita o local, isso porque os níveis de radioatividade podem permanecer altos por décadas. Chama-se decaimento radioativo, o processo pelo qual um isótopo radioativo, instável, perde energia espontaneamente e se transforma em átomo mais estável, não radioativo. Ele pode levar dias, como no caso do iodo radioativo, ou décadas, no caso do césio radioativo.
Para exemplificarmos as consequências da contaminação nuclear, vamos falar dos acidentes mais famosos e como eles impactaram o meio ambiente e a saúde da população local:
Chernobyl
O acidente de Chernobyl ocorreu em 26 de abril de 1986 e é considerado o mais grave e pior acidente nuclear da história. A explosão de um reator da usina liberou uma nuvem radioativa, com 70 toneladas de urânio e 900 de grafite, na atmosfera. O acidente é responsável pela morte de mais de 2,4 milhões de pessoas nas proximidades e atingiu o nível 7, o mais grave da Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES). Ainda hoje, 34 anos após o acidente, não é permitido ficar mais de 15 minutos nas imediações da antiga usina soviética.
Consequências: No quesito saúde, houve ao menos quatro mil casos de câncer de tireoide. Além disso, foram registrados casos de leucemia e outras formas de câncer agressivas em longo prazo, problemas de circulação e catarata, fora as consequências psicológicas geradas pelo incidente. No quesito ambiente, houve uma contaminação em cadeia, o solo, a vegetação que extraía nutrientes deste solo, o gado que se alimentava desta vegetação e, por fim, as pessoas que tomaram o leite de vacas contaminadas. Vários animais apresentaram mutações genéticas e muitos morreram, o que gerou também um aumento de animais selvagens região.
Césio-137 na Goiânia
Esse acidente (nível 5 segundo a INES) aconteceu em Goiânia, em 1987, quando sucateiros encontraram um aparelho de radioterapia e o levaram para um ferro-velho. Após desmontarem o aparelho, os homens encontraram uma cápsula de chumbo, com cloreto de césio em seu interior. O dono do ferro-velho, Devair Ferreira, ficou impressionado com aquele pó branco que brilhava no escuro e decidiu levar para casa consigo, distribuindo o “pó azul” para sua família e amigos. Entretanto, náuseas, vômitos e diarréia foram os conseguintes do contato com o césio, além de resultarem em onze mortes (a sobrinha de Devair foi a primeira a morrer, seis dias após ingerir o césio) e mais de 600 pessoas contaminadas. Além disso, mais 6 mil toneladas de lixo radioativo foram enterradas e 6 mil pessoas atingidas indiretamente pela radiação emitida.
Fukushima
O acidente da Usina Nuclear de Fukushima ocorreu em 2011, após um tsunami de 14 metros ocasionado por um terremoto inundar os reatores na central nuclear local, levando metade deles ao colapso. Sem procedimentos de segurança, 3 reatores superaqueceram e explodiram, levando ao vazamento de material radioativo. Na tentativa de minimizar os impactos, 171 mil pessoas foram evacuadas, plantações foram interditadas e o consumo de água potável foi desincentivado.
Consequências: No quesito saúde, 130 pessoas morreram de câncer e as pessoas que habitam áreas mais afetadas demonstram uma maior probabilidade de desenvolver câncer. Problemas de tireoide já foram relatadas entre 40% das crianças na área de Fukushima. Além disso, muitas pessoas apresentaram estresse pós-traumático e depressão após o acidente. No quesito ambiente, há uma questão extremamente grave, pois houve a contaminação marítima. De acordo com a Tepco (Tokyo Electric Power Company), um total entre 20 a 40 trilhões de becquerels de trítio radioativo entraram no Oceano Pacífico desde o início do desastre nuclear. Isso irá afetar nossa alimentação, por causa da contaminação da cadeia alimentar, através da bioacumulação e biomagnificação. Já foram identificados peixes com níveis de radiação 124 vezes a mais que os padrões estabelecidos e plantas mutadas por causa do acidente.
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