A Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está A Ilustre Casa de Ramires, do escritor Eça de Queiroz.
É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular de 2025, compilamos um resumo completo sobre o livro de Eça de Queiroz. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2025 a 2029!
Resumo do livro A Ilustre Casa de Ramires
“A Ilustre Casa de Ramires” é um romance de caráter realista, escrito pelo português Eça de Queiroz, publicado em 1900, somente após a morte do autor. Na época de publicação da obra, existia em Portugal uma monarquia bastante enfraquecida e dois partidos políticos: o partido conservador, conhecido como os regeneradores, e o partido liberal e republicano, conhecido como o partido progressista.
O livro reflete sobre a identidade nacional portuguesa por meio de uma crítica social não tão explícita e explora os dilemas da nobreza decadente. Eça de Queiroz sintetiza, na jornada do personagem principal, as grandezas do passado histórico de Portugal, que outrora foi uma nação tão poderosa, e as fraquezas desse mesmo país, que no presente (final do século XIX) se encontra em grande decadência. O autor apresenta um retorno à aristocracia e ao colonialismo como forma de restaurar a glória do país.
Principais características
Por ser um romance realista português, essa obra narrativa é caracterizada pela análise psicológica dos personagens, pela presença do anti-herói, pela dessacralização da mulher, pela descrição mimética ao longo da narração e pelo uso do discurso indireto livre.
A história faz o cruzamento de duas narrativas: uma no presente e a outra no passado, que são intercaladas ao longo da obra. Logo, o livro conta com dois narradores, ambos em terceira pessoa onisciente: o narrador externo, que relata a jornada do protagonista, e o narrador interno, que conta a história dos antepassados da família Ramires.
Quem é Ramires?
O livro começa com o protagonista, o jovem fidalgo Gonçalo Mendes Ramires, que retorna às suas terras, no interior de Portugal após finalizar o curso de Direito em Coimbra.
Gonçalo é um personagem extremamente complexo, descrito como um homem amedrontado, leviano, covarde, mas com uma extrema bondade apesar de ser um grande oportunista. Ele fará de tudo – inclusive deixar seu caráter e sua moral de lado – para alcançar seus objetivos.
Apesar de pertencer a uma das famílias nobres mais antigas, sua renda era diminuta e a moral de sua casa (família) estava rebaixada. Ao retornar de Coimbra, ele reencontra não só os mesmos sufocos, mas também a monotonia provinciana de sempre.
Carreira política e escrita de história
Gonçalo, então, define como objetivo a construção de uma carreira política como forma de sair da sua condição de fidalgo decaído. Para isso, ele começa a escrever uma novela histórica sobre sua família, que se chamaria A Torre de Ramires, baseada em um poema escrito por um tio seu.
A novela acompanha Tructesindo Ramires e pretende reconstituir a história de sua família, que é muito antiga e teve participação nas origens da pátria portuguesa.
Seu amigo José Castanheiro, editor de uma revista a ser lançada em breve e chamada Anais de Literatura e de História, incita Gonçalo a escrever a história e promete publicá-la na revista. Castanheiro afirma que eles precisam reativar o conceito de pátria e fazer com que Portugal se torne novamente o grande país das glórias do passado.
Crise e mudança de rota
Apesar de não receber retorno financeiro, a publicação da novela tornaria Gonçalo famoso, difundindo seu nome por vários cantos de Portugal e proporcionando-lhe o reconhecimento de várias pessoas e políticos.
Nesse contexto, Ramires deixa de lado sua ética e sua moral para conseguir entrar no meio político, e ele vence as eleições para deputado. Conforme o tempo passa, Gonçalo Ramires começa a ter crises relacionadas à sua honra e honestidade.
Percebendo que o meio político não era exatamente o que ele desejava, o protagonista abandona seu cargo político e parte para o continente africano, onde se torna muito rico explorando terras. Quatro anos depois, Gonçalo retorna rico, bem estabelecido e como um novo homem. Assim termina a obra de Eça de Queiroz.
Sobre o autor Eça de Queiroz
José Maria Eça de Queiroz foi um escritor e diplomata português, nascido no dia 25 de novembro de 1845 e falecido aos 54 anos, no dia 16 de agosto de 1900. Ele estudou Direito na Universidade de Coimbra e é considerado um dos mais importantes escritores portugueses de todos os tempos.
O autor faz parte do movimento literário do realismo português. Algumas de suas obras são: O Crime do Padre Amaro (1875), A Tragédia da Rua das Flores (1878), O Primo Basílio (1878), O Mandarim (1880), A Relíquia (1887), Os Maias (1888), entre outras.
Todas as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2025 a 2029
Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2025 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:
2025
- Marília de Dirceu (1792) – Tomás Antônio Gonzaga
- Quincas Borba (1891) – Machado de Assis
- Os ratos (1944) – Dyonélio Machado
- Alguma poesia (1930) – Carlos Drummond de Andrade
- A Ilustre Casa de Ramires (1900) – Eça de Queirós
- Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
- Água Funda (1946) – Ruth Guimarães
- Romanceiro da Inconfidência (1953) – Cecília Meireles
- Dois irmãos (2000) – Milton Hatoum
2026
- Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
- O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2027
- Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
- A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2028
- Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
- A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2029
- Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
- João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
- Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira
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