A identidade hispano-americana na Literatura

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Ao longo da nossa formação acadêmica, somos expostos a diversas obras literárias, conhecemos diversos autores, lemos diversos contos, peças teatrais e romances, certo? No entanto, quase nunca esses escritores e essas obras são de origem hispano americana, o que faz com que não nós não tenhamos conhecimento sobre as produções e a identidade cultural dos nossos vizinhos. Portanto, pensando nisso, o QG elaborou uma matéria para você conhecer melhor os principais autores da América Latina, e conhecer um pouco sobre a literatura e identidade hispano-americana. Confira!  

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JUAN RULFO  

Juan Rulfo foi um escritor mexicano, nascido em 1917, e que publicou duas obras ao longo da vida – Pedro Páramo e Chão em Chamas. No entanto, não se engane por achar que quantidade é sinônimo qualidade, pois com apenas duas obras Rulfo se solidificou no mundo literário, e é considerado o precursor do realismo mágico com Pedro Páramo. O livro mostra a forte ligação que a América Latina tem com o mundo dos mortos, partindo de uma concepção do realismo irreal, em que vida e morte estão em constante cruzamento. Além disso, vale ressaltar que o momento em que a história é narrada, corresponde a um momento em que o continente latino americano estava enfrentando diversos conflitos armados entre os Estados e movimentos revolucionários, devido aos altos privilégios dos fazendeiros. Assim, esse ponto histórico é representado na obra através do protagonista latifundiário, Pedro Páramo, que por ser detentor de muitas terras, acaba usando esse fator como uma forma de coesão social.  

 

GABRIEL GARCIA MÁRQUEZ  

Seguindo as influências de Juan Rulfo, Gabriel Garcia Marquez foi um escritor colombiano nascido em 1927, que se tornou a mais importante figura do realismo mágico. Escreveu obras como Amor nos Tempos do Cólera, Crônica de Uma Morte Anunciada, O General em Seu Labirinto e Cem Anos de Solidão, obra que lhe rendeu um Nobel de Literatura. O livro conta a história das gerações da família Buendía e de Macondo, povoado que ajudaram a construir. No entanto, ao longo do romance, a história da família se confunde com a história da própria Améria Latina, tendo em vista que os Buendía vivenciam ditaduras, conflitos armados, violência política, independência e abandono. Vale ressaltar, que para construir essa narrativa, Gabo – como era intimamente conhecido – usou como inspiração a Revolução Cubana, a Guerra Civil Colombiana e o caudilhismo, além de tecer críticas ao machismo e não esquecer das pragas que assolaram o continente. Dessa maneira, Gabriel García Márquez fez de Cem Anos de Solidão a representação da identidade cultural e da força do continente Latino Americano.  

 

PABLO NERUDA  

Nascido no Chile em 1904, Pablo Neruda foi um escritor amplamente conhecido por seus poemas e sonetos. Suas obras tinham influência do modernismo e do surrealismo, e falavam sobre amor, morte, cotidiano, mas também sobre questões éticas e políticas. Dentre seus livros estão: Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, Cem Sonetos de Amor e O Habitante e sua Esperança. Vale lembrar também, que sua figura é considerada um símbolo de resistência, tendo em vista que durante a ditadura de Pinochet implantada no Chile, Pablo Neruda foi perseguido, e sua casa em Santiago foi invadida, saqueada, e seus livros queimados. Nesse sentido, hoje em dia as três casas de Neruda pelo país são consideradas pontos essenciais, para quem visita o Chile, pois mostram a força e a resistência da literatura. 

 

 GABRIELA MISTRAL  

Gabriela Mistral nasceu no Chile, em 1889, e foi além de poetisa, diplomata e pedagoga. Dentre suas principais obras estão: Desolação, Ternura e Lagar. Além disso, Gabriela Mistral foi a primeira mulher hispano americana a ganhar um Nobel de Literatura, e mesmo se tornando uma grande poetisa nunca deixou de se dedicar a educação, tanto é que foi uma grande defensora da educação pública no Chile. Foi convidada pelo Ministro da Educação do México para auxiliar na execução de planos de reformas educacionais, e em 1926 vinculou-se a Liga das Nações (atual ONU) como diplomata.  

  

Por fim, embora a literatura latina seja pouca repercutida no Brasil, é muito importante que a gente tenha conhecimento para além dos cânones europeus. Isso porque entender a história e a cultura de nossos vizinhos, é entender nossa história e nossa identidade como continente.  

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