“Tolerância” é o “direito que se reconhece aos outros de terem opiniões diferentes ou até opostas às nossas”, ou seja, a aceitação da diferença, ainda que haja divergência. A origem do conceito de tolerância, como conhecemos hoje, está na Carta sobre a Tolerância, do filósofo inglês John Locke (1632 -1704), publicada em 1689. Um dos principais precursores do liberalismo, Locke defendeu os direitos dos indivíduos, no contexto do fim do absolutismo.
Já a palavra “intolerância” vem do latim intolerantia, que significa impaciência de aguentar. Segundo esta mesma linha, de acordo com a antropóloga e feminista francesa Françoise Hériter (1933), a intolerância está ligada à dificuldade de reconhecer a expressão da condição humana no que nos é absolutamente diverso.
Ser “intolerante” teria o sentido de “restringir a definição de humano aos membros do grupo; os outros, sendo não humanos, podem ser tratados como tais”. Esta é uma das chaves para a compreensão de uma das causas do aumento da intolerância nos últimos tempos.
Para facilitar os seus estudos, listamos alguns casos de intolerância que vêm assombrando o Brasil e o mundo. Assuntos que podem até mesmo virar tema de questões e da redação do Enem 2016.
HOMOFOBIA – O PRECONCEITO E A LUTA PELA IGUALDADE DE DIREITOS
Os Estados Unidos viveram, na madrugada do dia 12 de junho, um de seus atentados mais marcante da história. O norte-americano de ascendência afegã Omar Mateen invadiu a boate Pulse matando pelo menos 50 pessoas e ferindo 53. Para saber mais clique aqui.
A CRISE DOS IMIGRANTES NA EUROPA (XENOFOBIA)
Estamos vivendo a mais grave crise dos imigrantes, isto é, mais de 350.000 pessoas deslocaram-se de países islâmicos, sobretudo da Síria e da Líbia, em direção à Europa. Os imigrantes geralmente chegam à Europa pela Grécia ou pela Itália e, de lá, muitos tentam chegar à Alemanha. O país mais prospero da União Européia (Alemanha) recebeu no ano passado 441,8 mil solicitações de asilo, o equivalente a 35% do total do bloco. Em seguida aparecem Hungria (174,4 mil), Suécia (156,1 mil) e Áustria (85,5 mil). Para saber mais clique aqui.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
O Estado Islâmico (EI) impõe uma interpretação fundamentalista do islamismo, com imposição pelo terror, que inclui execuções por decapitação e açoitamentos, a fim de atingir aqueles que os extremistas consideram infiéis (minorias éticas e religiosas e ocidentais) ou muçulmanos que teriam renegado a religião. Essas práticas levam milhares de habitantes desses locais a migrarem para outras regiões como a Europa. E no Brasil? Temos intolerância religiosa?
No Brasil, o ódio e a intolerância contra religiões fizeram mais uma vítima no Rio: uma menina de 11 anos, foi apedrejada na cabeça. O caso ocorreu no mês de junho de 2015 ,na Avenida Meriti, na Vila da Penha, Zona Norte da cidade. Por volta das 18h30, após uma festa em um barracão, um grupo de oito religiosos, vestidos com trajes brancos do Candomblé, caminhava de volta para casa. Na altura do número 3.318, dois homens em um ponto de ônibus do outro lado da via começaram a insultá-los.
– Ficamos todos muito nervosos, a gente não sabia o que tinha acontecido (…) Minha neta sangrou muito, chegou a desmaiar. Não reagimos em nenhum momento, a prioridade era socorrer lembra a avó.
No Facebook, a avó da vítima iniciou uma campanha contra a intolerância religiosa publicando fotos de endocanibalistas segurando um cartaz com a frase “Eu visto branco, branco da paz, sou do Candomblé, e você?”. Diante disso, é o caso de nos perguntarmos: que dimensões assume a intolerância religiosa no Brasil? É grande ou pequena? É explícita ou camuflada? É regra ou exceção?
Devido ao crescimento da diversidade religiosa no Brasil é constatado um crescimento da discriminação religiosa, tendo sido criado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa por meio da Lei nº 11.635, de 27 de Dezembro de 2007, como um reconhecimento da existência da questão no Brasil.
Fonte: sallesadvogadosassociados.com.br
Veja o relato da avó da menina que foi vítima de discriminação religiosa:
“acho que, independentemente do que a pessoa pratica ou no que acredita, em qualquer religião, a prioridade é tratar o ser humano como um irmão – desabafa ela, adepta do Candomblé há 33 anos, destacando que a neta está traumatizada e que iniciará um tratamento psicológico por causa do trauma. Fonte: http://extra.globo.com/
Está previsto na lei a liberdade de religião e a Igreja e o Estado são instituições sociais separadas, sendo o Brasil um país laico. A legislação do Brasil não permite qualquer tipo de intolerância religiosa.
O que nós podemos fazer para atenuar essa nova questão social?
Segundo o “Relatório Internacional de Liberdade Religiosa de 2005”, desenvolvido pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, a relação amigável entre as religiões contribui para a liberdade religiosa no Brasil.
DESIGUALDADE RACIAL NAS REDES SOCIAIS – PARTE 1
Casos recentes de ofensas racistas pelas redes sociais contra a jornalista Maria Júlia Coutinho, a atriz Taís Araújo e a cantora Ludmila ganharam destaque na imprensa. Em julho e outubro de 2015, Maria Júlia e Taís, foram alvos de comentários racistas no Facebook.
DESIGUALDADE RACIAL NAS REDES SOCIAIS – PARTE 2
Além desses casos de racismos nas redes sociais, recentemente, alguns trechos da obra de Monteiro Lobato, em particular relativos à personagem Tia Nastácia, do Sítio do Pica-Pau Amarelo, têm sido alvo de polêmicas. Algumas colocações da personagem Emília têm sido consideradas racistas e os textos do escritor passaram a ser criticados.
O caminho para vencer a intolerância passa pelo acesso à informação e à educação. Com o objetivo de alertar, principalmente adolescentes e jovens, para a questão da intolerância e do preconceito, o Ministério público de São Paulo lançou, em 2015, a campanha Quem Se Dá Bem com Gente, Se Dá Bem Na Vida. A iniciativa envolve a criação de uma cartilha que descreve as características dos principais tipos de intolerância.
Fonte: http://bit.ly/2faPCXf
Diante do contexto atual, existe uma tendência nos temas abordados pelo Enem e vestibulares de valorizar as minorias, promover a inclusão social, colocar fim no preconceito, aceitar o outro. Hoje, busca-se uma sociedade mais justa, baseada na equidade. E os temas de redação têm mostrado isso.