Tendo como pano de fundo um cortiço, o romance difunde as teses naturalistas, que buscam uma maior aproximação com a realidade ao descrever os costumes, os conflitos interiores do ser humano, as relações sociais, a crise das instituições.
Para produzir O cortiço, Aluísio Azevedo ateve-se à observação de dois ambientes: o cortiço e o sobrado, representando os extremos sociais da cidade do Rio de Janeiro do século XIX. O cortiço é o lugar precário onde os pobres vivem e representa a mistura de raças. Do outro lado, o sobrado representa a burguesia ascendente do século XIX, ou seja, é o símbolo do ponto aonde se quer chegar.
O livro narra inicialmente a história de João Romão rumo ao enriquecimento. Para acumular capital, João Romão explora os empregados e até comete atos ilícitos, como furtos. Sua amante, Bertoleza, o ajuda de domingo a domingo, trabalhando sem descanso. João se torna dono do cortiço, da taverna e da pedreira. Depois, passa a se dedicar a negócios mais vultosos e, aos poucos, aumenta a sua renda
Em oposição a João Romão, surge a figura de Miranda, comerciante de tecidos e também português, muda-se para o sobrado que fica ao lado do cortiço. No início, Miranda cria uma disputa acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para aumentar seu quintal, mas um fato, no entanto, muda a perspectiva da situação. Quando Miranda recebe o título de barão, João entende que não basta ganhar dinheiro, é necessário também ostentar uma posição social reconhecida, frequentar ambientes requintados, adquirir roupas finas, ir ao teatro, ler romances, ou seja, participar ativamente da vida burguesa. Romão, por sua vez, tem fortuna, cobiçada por Miranda que vive às custas do dinheiro da esposa. Logo, uma aliança se estabelece entre eles.
João Romão aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. No entanto, Bertoleza percebendo as manobras de Romão para se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado. Para se ver livre da amante, que atrapalha seus planos de ascensão social, Romão a denúncia a seus donos como escrava fugida.
Narrador
A obra é narrada em terceira pessoa, com narrador onisciente (que tem conhecimento de tudo) que entra no pensamento dos personagens, faz julgamentos e tenta comprovar, como se fosse um cientista, as influências do meio, da raça e do momento histórico.
Tempo
A história se desenrola sem precisão de datas. No entanto, o tempo é trabalhado de maneira linear com o desenvolvimento do cortiço e com o enriquecimento de João Romão, ou seja, com princípio, meio e desfecho da narrativa.
Importância da Obra
Publicado em 1890, o Cortiço é o romance mais exemplar da estética realista-naturalista. Nele pode-se perceber que o processo de formação das elites brasileiras passa por dois momentos:
O primeiro deles é o da conquista do poder por determinados grupos que se utilizam basicamente da exploração e do furto, no segundo momento, a necessidade de não só se manterem no poder, mas também de se elevarem socialmente, transformando-se em elites.
Ao longo do romance vão aparecendo os diferentes modos de adaptação do cidadão português ao Brasil, além da luta dos negros e, especialmente, dos mestiços pela sobrevivência.
Miranda e João Romão são figuras que representam momentos distintos do processo de constituição das elites brasileiras. Miranda foi o português que chegou antes, se adaptou rapidamente ao País, casou-se com a filha do patrão e tornou-se rico. João Romão rouba, engana e explora para torna-se rico.
A história de João Romão é a vida de um dono de cortiço no Rio de Janeiro do século XIX que consegue enriquecer e ganhar status social graças à exploração da miséria alheia. João Romão representa a elite brasileira.
Dica de Estudo
Assista grátis ao filme: O Cortiço de Aluísio Azevedo
Aproveite e baixe também o livro de Aluísio Azevedo – O Cortiço
Bons Estudos!