Seguimos Perambulando com o QG por Frankfurt am Main, na Alemanha. A cidade dos negócios e do mercado financeiro é também uma das mais importantes para as ciências sociais e a filosofia contemporânea, pois é daqui que vem a Escola de Frankfurt.
Autores como Jürgen Habermas, Walter Benjamin, Adorno, Horkheimer, Axel Honneth; temas como revolução cultural, sexualidade, indústria cultural, marxismo no século XX, questões de gênero, teoria do reconhecimento e que levam à discriminação positiva (como cotas), tudo isso tem um pé nessa tal de Escola de Frankfurt.
E o que é a Escola de Frankfurt?
Um instituto de pesquisa social, cuja base está em Frankfurt e que desenvolveu uma série de teses a respeito da adaptação do pensamento marxista para o século XX. Tratou de fazer uma crítica à cultura moderna, uma condenação aos costumes tradicionais impulsionando as revoltas estudantis da década de 1960 e até hoje, condenando o uso da violência pelo Estado, discutindo questões de gênero e sexualidade, pensando em como a sociedade desenvolve melhores formas de comunicação para a democracia, etc..
Abaixo algumas fotos da Escola de Frankfurt que, por este nome, ficou mais marcada por um movimento filosófico, mas cujo prédio abriga o Instituto de Pesquisa Social da Johann Wolfgang Goethe Universidade.
Ok, Luiz, e comente mais sobre a importância deste Instituto para o ENEM!?
A prova do ENEM de 2015 foi bem focada nas áreas de Sociologia e Filosofia. Essa é uma tendência que vem se acentuando nos últimos anos. Em várias questões, tanto de 2015 quanto de outros anos, é comum o avaliador apresentar trechos de livros ou artigos para serem avaliados, e não é raro aparecer algum filósofo da Escola de Frankfurt (como Habermas, Adorno, Walter Benjamin, etc.).
O Instituto de Pesquisa Social foi fundado, nesse mesmo prédio insosso da imagem, em 1923, e ficou mais conhecido por seu apelido – “Escola de Frankfurt”. Tal apelido foi dado nos anos 1960, tamanha a mística, o encantamento que seus pesquisadores exerciam sobre a juventude revoltada da época.
Houve épocas, contudo, que a Escola de Frankfurt mudou de lugar. Como boa parte de seus membros eram judeus, no período de fuga do regime nazista na Alemanha, o instituto migrou de cidade em cidade, entre a Suíça e os Estados Unidos (Genebra, Nova Iorque, Los Angeles) para, depois da guerra, voltar a Frankfurt.
A Escola de Frankfurt é um assunto fundamental para entender a Sociologia e a Filosofia contemporânea, sobretudo os movimentos sociais, o marxismo heterodoxo, e a formação de uma série de filósofos que influenciaram nos rumos do século XX e XXI.
Por exemplo, Michel Foucault, um dos mais importantes filósofos contemporâneos e figura carimbada nas provas do ENEM, rasgava elogios ao falar da “Escola de Frankfurt”, tanto que chegou a dizer: “Se eu tivesse conhecido a Escola de Frankfurt em tempo, teria economizado muito trabalho”.
O Perambulando com o QG listou 10 coisas sobre a Escola de Frankfurt e que só o QG vai te contar:
1 – A “Escola de Frankfurt”, que na verdade está mais para um movimento filosófico mundial, tem como base um quadro institucional: o Instituto de Pesquisas Sociais fundado em 1923 na Universidade de Frankfurt. O instituto foi o primeiro centro de pesquisa orientado com viés marxista em uma grande universidade alemã;
2 – O movimento filosófico “Escola de Frankfurt” se vale de uma personalidade intelectual carismática junto a um novo programa teórico, aberto à cooperação e contando com Max Horkheimer como o principal líder;
3 – Um manifesto de inauguração de 1931 foi apresentado por Horkheimer – “O Presente estado da Filosofia Social e os objetivos encarados pelo Instituto de Pesquisa Social”;
4 – Um novo paradigma: o materialismo, ou a teoria crítica do processo geral da existência social, contando com aportes integrados que passam por Schopenhauer, Nietzsche e Klages e adentram o materialismo histórico (de raiz marxista).
Tem como um dos seus expoentes atuais o filósofo Axel Honneth e a teoria do reconhecimento (importante para grupos sociais demandarem direitos, como foi importante no Brasil para o movimento negro tratar do tema das cotas);
5 – Edição de um jornal e outras publicações do trabalho de pesquisa: “Revista de Pesquisa Social”;
6 – Elaboração do conceito de indústria cultural. Trata-se de uma crítica à vida consumista moderna, que transformou praticamente tudo em produtos, e a própria arte passou a ser consumida industrialmente. Segundo Adorno e Horkheimer, a cultura da sociedade capitalista massificada identifica-se com um tipo de classificação social (superior ou inferior, dominantes e dominados), e a dependência do mercado consumidor, não sendo, portanto, algo livre e despojado de intenções dominadoras.
Somos socialmente e psicologicamente envolvidos pelas imagens, pelos sons, pelo que a indústria capitalista produz e como ela massifica as pessoas, unifica as ideias e domina os sujeitos;
7 – A Escola de Frankfurt, assim como outros autores marxistas do século XIX como Antônio Gramsci e Luckács, foi importantíssima para a difusão do marxismo no século XX. Os frankfurtianos recuperaram Marx e o mesclaram com outros autores – como Freud, Weber e o próprio Luckács -, mas tendo como ênfase o conceito de ideologia desenvolvido na juventude de Marx.
A transformação central na interpretação marxista foi a seguinte: a revolução é um processo cultural, as pessoas devem achar e pensar em serem socialistas, nos seus hábitos e costumes;
8 – O propósito da Escola de Frankfurt é pensar no processo revolucionário através de reformas e de mudanças culturais, e não propriamente pela revolução abrupta, violenta, impondo modelos econômicos;
9 – A teoria crítica é uma defesa do indivíduo diante das propagandas consumistas. Por isso, a crítica à cultura de massa, ao que chamavam de Indústria cultural (TV, rádio, discos, publicidade, material ilustrado, etc.);
10 – Desde a década de 1960, a Escola de Frankfurt também ganhou notoriedade pela orientação de Jürgen Habermas e seu trabalho em torno da razão comunicativa, da linguística intersubjetiva e o que ele chama de “a filosofia do discurso da modernidade”.
O ENEM 2015 mostrou a importância da Filosofia e da Sociologia nas provas. Por isso, no Curso Completo 2016 teremos ainda mais aulas das matérias, confira: http://bit.ly/Completo2016