A Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) atualizou, no final do ano de 2023, a lista de leituras obrigatórias para os futuros vestibulares da USP (Universidade de São Paulo). Foram listadas as obras que serão abordadas nas provas de 2025 a 2029. Entre elas, está Alguma poesia, do escritor Carlos Drummond de Andrade.
É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular de 2025, compilamos um resumo completo sobre o livro de Drummond. Ao final da leitura, confira também a lista completa das leituras obrigatórias selecionadas pela USP, de 2025 a 2029!
Resumo do livro Alguma poesia
“Alguma poesia” (1930), de Carlos Drummond de Andrade, é uma obra essencial para compreender o início da trajetória de um dos maiores poetas brasileiros.
Reunindo 49 poemas, o livro inaugura a fase modernista de Drummond, com uma linguagem simples, inovadora e carregada de reflexões sobre o cotidiano, a sociedade e as emoções humanas.
Entre os destaques, estão “No Meio do Caminho”, que surpreende pela irreverência e originalidade, e “Poema de Sete Faces”, com sua profundidade existencial. Ideal para estudantes e amantes da literatura, a obra é um marco na poesia brasileira, mostrando a força criativa de Drummond e sua sensibilidade única.
Quais as principais características da obra?
Publicada em 1930, “Alguma poesia”, de Carlos Drummond de Andrade, apresenta características marcantes da primeira fase do Modernismo brasileiro. Isso ocorre porque muitos poemas do livro foram escritos em anos anteriores e, inclusive, já haviam sido publicados em revistas literárias da época.
Essa conexão com o Modernismo inicial explica a presença de poemas curtos, além de versos livres e brancos, ou seja, desprovidos de métrica fixa e rimas, traços típicos do movimento.
Outro ponto que se destaca é a linguagem coloquial, que aproxima a poesia do cotidiano e rompe com os padrões formais tradicionais. Os temas explorados por Drummond também refletem essa ruptura: o poeta aborda situações aparentemente banais e comuns, transformando-as em matéria poética com um olhar inovador.
O humor e a ironia, por sua vez, permeiam grande parte dos poemas, revelando um estilo leve e, ao mesmo tempo, crítico. Com essa combinação de elementos, “Alguma poesia” não apenas marca o início da trajetória literária de Drummond, mas também consolida sua relevância no cenário modernista e na história da literatura brasileira.
Temas comuns nos poemas do livro
Em “Alguma poesia”, Carlos Drummond de Andrade aborda temas profundamente pessoais, revelando seus sentimentos, desejos, angústias e frustrações. A obra reflete suas experiências de vida, com destaque para a família, a infância e sua cidade natal, Itabira, localizada em Minas Gerais.
Drummond fala de sua “cidadezinha” com carinho e saudade, oferecendo ao leitor um retrato de sua formação e do vínculo afetivo com o lugar que o marcou para sempre.
Amizade e amor
Além disso, o autor explora as amizades e os amores que viveu, tratando dessas relações com uma sinceridade emocional que vai do afeto à dor. A amizade, para Drummond, não é apenas um tema, mas uma reflexão sobre as complexidades das relações humanas.
Em relação ao amor, o poeta mostra tanto a beleza quanto as frustrações que o acompanham, expressando suas emoções de forma honesta e muitas vezes, melancólica.
Críticas sociais e metalinguagem
Apesar de focar em temas pessoais, a obra também contém críticas sociais sutis. O autor, com sua visão crítica, não deixa de apontar as desigualdades e problemas do Brasil da época, fazendo reflexões sobre a realidade social.
Outro ponto interessante são os poemas metalinguísticos, que falam sobre a própria poesia e o processo de criação. Drummond reflete sobre a escrita, questionando os limites da linguagem poética e o papel do poeta.
Dessa forma, “Alguma poesia” é uma obra rica e multifacetada, que mistura a reflexão íntima com a crítica social e o questionamento sobre a própria arte, tornando-a acessível e relevante até hoje para leitores de todas as idades.
Qual o tema do poema “Cota Zero”?
O poema “Cota Zero”, de Carlos Drummond de Andrade, faz parte de sua obra “Alguma poesia” e é um excelente exemplo do estilo inovador do autor. O poema é bem curto, com apenas três versos, mas carrega um significado profundo. Leia a seguir:
Stop.
A vida parou
ou foi o automóvel?
Esses poucos versos nos mostram a habilidade de Drummond em transmitir uma reflexão sobre o cotidiano de maneira simples, mas impactante. O termo “Stop” sugere o momento de interrupção, mas não apenas no sentido físico do automóvel. O poema questiona, de forma quase filosófica, se a parada do carro representa também a paralisação da vida.
Essa dúvida entre o que parou — o automóvel ou a própria vida — nos coloca diante de uma situação cotidiana, mas que, em sua simplicidade, reflete um aspecto mais profundo da existência.
O estilo de Drummond nesse poema é chamado de poema pílula, que se caracteriza por ser um poema extremamente curto, mas que possui uma carga significativa de reflexões. Embora seja breve, “Cota Zero” nos faz pensar sobre o ritmo acelerado da vida moderna e como momentos de pausa, como o de um carro parando, podem ser interpretados de forma mais intensa.
No contexto caótico e impessoal da cidade moderna, quando algo tão comum quanto um automóvel para, pode-se ter a sensação de que todo o fluxo da vida também se interrompe.
Assim, por meio desse poema tão curto e direto, o escritor nos convida a refletir sobre as pequenas pausas do nosso cotidiano e como elas, por mais simples que sejam, podem ter um grande impacto na forma como percebemos o mundo ao nosso redor. A força do poema está justamente na sua capacidade de transformar um instante banal em uma reflexão profunda sobre a vida moderna.
Para concluir
Em suma, “Alguma poesia”, de Carlos Drummond de Andrade, é uma obra fundamental para quem está se preparando para o vestibular, especialmente para a Fuvest 2025. Através de seus poemas curtos, mas profundos, Drummond consegue capturar a essência da vida moderna, explorando temas como o cotidiano, os sentimentos humanos e até críticas sociais.
Com uma linguagem simples e acessível, ele transforma questões aparentemente banais em reflexões existenciais. Se você deseja se sair bem no vestibular, entender a obra e a poesia de Drummond certamente ajudará a ampliar sua visão literária e a se conectar com um dos maiores poetas da língua portuguesa.
Saiba mais sobre o autor
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi um dos maiores poetas brasileiros do século XX, reconhecido mundialmente por sua contribuição à literatura. Nascido em Itabira, Minas Gerais, ele viveu durante um período de grandes transformações sociais e culturais no Brasil e no mundo, o que influenciou profundamente sua obra.
Drummond foi uma figura central do Modernismo no Brasil, movimento literário que buscava romper com as convenções do passado e explorar novas formas de expressão.
Ele é considerado um dos principais representantes da segunda fase do Modernismo brasileiro, marcada por uma linguagem mais introspectiva e reflexiva, além de um olhar crítico sobre a realidade social e política do país. Ao longo de sua carreira, Drummond escreveu poesias que abordam desde questões pessoais, como a busca por identidade e a saudade de sua cidade natal, até críticas contundentes à sociedade e à política brasileira.
Com uma obra vasta, que inclui não apenas poesia, mas também crônicas, ensaios e traduções, Drummond se consolidou como um dos pilares da literatura brasileira, influenciando várias gerações de escritores e leitores. Seu estilo único, que mistura simplicidade e profundidade, continua sendo uma referência fundamental para quem estuda a literatura nacional.
Todas as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2025 a 2029
Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2025 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:
2025
- Marília de Dirceu (1792) – Tomás Antônio Gonzaga
- Quincas Borba (1891) – Machado de Assis
- Os Ratos (1944) – Dyonélio Machado
- Alguma poesia (1930) – Carlos Drummond de Andrade
- A Ilustre Casa de Ramires (1900) – Eça de Queirós
- Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
- Água Funda (1946) – Ruth Guimarães
- Romanceiro da Inconfidência (1953) – Cecília Meireles
- Dois irmãos (2000) – Milton Hatoum
2026
- Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
- O Cristo Cigano (1961) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- As meninas (1973) – Lygia Fagundes Telles
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2027
- Opúsculo Humanitário (1853) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
- A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2028
- Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
- João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
- A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida
2029
- Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
- Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
- D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
- João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
- Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
- Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
- Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
- Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
- A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira
Foto do post: Reprodução/Marcel Gautherot/Acervo IMS