Todos os anos, o ENEM costuma manter certo padrão, ou seja, mesmo trazendo provas diferentes, tenta sempre cobrar as mesmas matérias e assuntos que trouxe nos anos anteriores. Uma matéria recorrente de Biologia é a parte de genética, e um assunto muito comumente cobrado é o Sistema ABO e o Fator RH.
Vamos revisar?
No início do século do XX, o biólogo austríaco Karl Landsteiner e sua equipe de cientistas fizeram uma descoberta que veio a revolucionar a medicina, que foi o Sistema ABO.
O Sistema ABO mostrou que os seres humanos possuem 4 grupos sanguíneos:
- Grupo A
- Grupo B
- Grupo AB
- Grupo O
Agora, o que diferencia esses grupos e define o Sistema ABO?
As hemácias, também chamadas de eritrócitos ou glóbulos vermelhos, que são as células presentes no sangue e tem como principal função o transporte de oxigênio no nosso organismo, podem possuir em sua superfície glicoproteínas chamadas de aglutinogênios.
Vale ressaltar que aglutinogênio também é chamado de antígeno. Antígeno é qualquer partícula que estimula o nosso sistema imunológico (sistema de defesa do organismo). Existem dois tipos de aglutinogênios, o tipo A e o B.
- Algumas pessoas possuem o aglutinogênio do tipo A e, por isso, seu sangue é do tipo A.
- Outras, tem o aglutinogênio do tipo B, logo, seu sangue é do tipo B;
- Pode haver também, pessoas com ambos os tipos de aglutinogênio, tendo assim o sangue do tipo AB;
- Por fim, algumas pessoas não possuem nenhum tipo de aglutinogênio, o que torna seu sangue do tipo O;
A descoberta do Sistema ABO foi uma revolução na medicina, como dito antes, porque antes disso, ocorriam muitos acidentes de incompatibilidade sanguínea durante transfusões de sangue, algumas inclusive levando pacientes a óbito. Mas por que isso?
Isso ocorre porque existe algo chamado de aglutininas, que são anticorpos referentes ao sistema ABO que circulam no nosso plasma sanguíneo.
Como foi dito anteriormente, os aglutinogênios são antígenos justamente porque tem a capacidade de gerar uma resposta imunológica em um organismo quando o sangue é doado.
- O antígeno/aglutinogênio do tipo A, possui anticorpos/aglutininas anti-B. Ou seja, uma pessoa do grupo A, não pode receber sangue do tipo B, pois ela possui anticorpos contra esse tipo sanguíneo;
- O antígeno do tipo B, possui aglutininas anti-A. O que significa que não pode receber sangue de uma pessoa do grupo A;
- Entretanto, o antígeno do tipo AB não possui aglutininas, o que é simples de ser entendido, porque, como ela possui tanto o antígeno A quanto o B, se ela tivesse algum anticorpo, ele atacaria o próprio organismo.
- Por fim, o antígeno do tipo O possui ambas aglutininas, anti-A e anti-B, porque como ela não tem antígeno, ambos são “corpos estranhos”, e tudo que é estranho ao nosso corpo, o sistema de defesa ataca;
Fonte da imagem: https://www.coladaweb.com/biologia/sistema-abo
Agora fica fácil de entender aquilo que a gente tanto ouve nas aulas de genética sobre doador e receptor universal.
Se uma pessoa tiver o sangue tipo A, que possui aglutinina anti-B no plasma, ela não poderá receber sangue do tipo B e nem do tipo AB. O mesmo acontece com uma pessoa que tem o sangue tipo B, que possui aglutinina anti-A no plasma, e por isso não pode receber sangue tipo A e nem tipo AB.
Pessoas com o tipo AB, não possuem aglutininas, podendo receber assim, qualquer tipo de sangue. Por isso, o grupo AB é chamado de receptor universal.
As pessoas com sangue do tipo O, tem ambas aglutininas no plasma e, por isso, só poderão receber sangue tipo O. Entretanto, por não apresentarem aglutinogênios A e/ou B, podem doar sangue para qualquer indivíduo. Por isso, o grupo O é chamado de doador universal.
Fonte da imagem: https://www.todamateria.com.br/sistema-abo/
E sobre o fator Rh?
O biólogo Karl Landsteiner, além de ter descoberto o Sistema ABO, não parou por aí, e descobriu algo chamado de Fator Rh.
Durante uma experiência de Landsteiner e sua equipe, que contou com um macaco da espécie Rhesus, eles observaram que quando injetavam o sangue desse macaco em cobaias, estas produziam anticorpos, que eles chamaram de anti-Rh (abreviatura de anti-rhesus).
Eles decidiram então repetir essa mesma experiência, mas com humanos. Foi-se observado que 85% das amostras de sangue humano testadas com o anticorpo Rh sofreram aglutinação, o que indica a presença de antígeno Rh no sangue. Mas como nem todas aglutinaram, significa que alguns tipos de sangue não possuiam o antígeno Rh.
Dessa forma, descobriram que determinados tipos de sangue possuem ausência do fator Rh.
Os indivíduos que apresentaram as hemácias aglutinadas pelo anticorpo Rh foram classificadas como Rh positivas (Rh+). Ademais, as hemácias dos que não se aglutinaram foram chamadas de Rh negativas (Rh-).
Viu como é fácil? E sabendo de todos esses termos e conceitos, uma questão do ENEM facilmente se descomplica. Gostou das dicas? Para mais revisões nessa reta final, conheça outras matérias do Blog do QG, clicando aqui!