A saga da gangue dos Peaky Blinders e a ascensão nos negócios legais e ilegais da família Shelby tem como plano de fundo uma Inglaterra em pós-Grande Guerra. O mais interessante dessa contextualização histórica da série é que ela é fundamental para se compreender o enredo da trama, não funciona apenas como um detalhe.
Thomas Shelby, o líder dos Peaky Blinders, lutou na Primeira Guerra Mundial e seus traços de personalidade traduzem muitos relatos de ex-combatentes. O abalo emocional daquele conflito gerou traumas imensos na sociedade europeia como um todo. O início do século XX ficou conhecido como a “Belle Époque”, devido ao avanço das inovações da Segunda Revolução Industrial e ao otimismo burguês. A Grande Guerra apresenta-se a partir de 1914 como um ponto de inflexão: um balde de água fria naquela sociedade europeia.
Outro ponto também bem trabalhado na série é o próprio fortalecimento de ideologias socialistas naquela Europa que tinha acabado de presenciar o choque dos capitalismos imperialistas e a ascensão do bolchevismo na Rússia. Isso transparece na série na forte perseguição policial a personagens tidos como comunistas e nas greves trabalhistas que se desenvolveram na Inglaterra na década de 1920.
A presença de personagens femininos fortes também marca a série. Como maneira de fortalecer a imagem dessas personagens, a série recorre a um fenômeno histórico que marcou o mercado trabalhista dos países participantes do conflito que foi a ocupação de cargos tidos como masculinos por esposas, mães e filhas, já que os homens estavam participando da guerra.
Esse cenário de destruição, cinza, triste, traumatizado é muito bem trabalhado na fotografia da série que valoriza muito esses aspectos, além de mostrar uma Inglaterra completamente afetada e transformada depois da Guerra. As fábricas ao fundo e a fuligem no ar podem parecer detalhes, mas na verdade, transmitem muita historicidade daqueles fatos ali narrados.
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