O século XX, como já diria Eric J. Hobsbawm pelo título de sua obra mais importante, ficaria conhecido como a Era dos Extremos. A ocorrência de duas guerras mundiais, uma das crises mais graves do mundo capitalista em 1929 e a Guerra Fria fariam jus à conceituação do historiador. Dentro desse contexto, o Holocausto nazista foi um dos eventos mais impactantes desses 100 anos de História Contemporânea.
Ao tratarmos do assunto, devemos dar um passo atrás e retornar à ascensão de Adolf Hitler ao cargo de Chanceler e posteriormente fuhrer do 3º Reich alemão. Com o final da 1ª Guerra Mundial e a paz vingativa do Tratado de Versalhes – que culpabilizava integralmente a Alemanha por todas as perdas humanitárias no conflito -, a Europa passou por um período de tensão que dava ares de que uma nova guerra estaria se aproximando. Nos países derrotados, como a Alemanha, ou insatisfeitos com os rumos diplomáticos europeus, como Japão e Itália, a busca por culpados intensificou discursos de ódio e procurou por culpados da catástrofe econômica e moral que a derrota em uma guerra mundial causou.
Antes de seguir com a análise sociológica e histórica, é importante ressaltar que o antissemitismo – aversão ao povo judeu – não era algo restrito à Alemanha. A própria Inglaterra já registrava sintomas sociais parecidos. No entanto, a perseguição oficial e legalizada concretizou-se na Alemanha com as Leis de Nuremberg (1935), que determinava horário de reclusa, impedimento de relações afetivas com judeus, dentre outras medidas. O judeu passou a ser visto sociologicamente como estrangeiro, um corpo estranho naquela sociedade.
Os primeiros campos de concentração nazistas começam a se estruturar mais complexamente a partir de 1935. A perseguição era pública e visível, porém os horrores cometidos dentro desses locais não eram expostos para a população civil como um todo, como o filme O Menino do Pijama Listrado mostra. O mundo recebia certas informações a respeito dos campos de extermínios, porém tudo se resumia ao âmbito de boatos e só confirmariam-se os indícios com a invasão soviética em a território nazista já em 1944/1945.
Além de judeus, casais homoafetivos, ciganos, negros, deficientes e outras minorias também eram exploradas e assassinadas, porém o caso judaico representou um impacto humanitário bem significativo devido a estruturação de uma política de extermínio que quase se sucedeu dizimando uma comunidade história tão marcante. No entanto, por fim, é importante, exercendo uma função de historiador, policiar-se sempre em questões envolvendo qualificação de eventos históricos. Ou seja, dizer que certo período ou acontecimento foi o mais horrível da História é querer comparar tragédias, sendo que essas por sua vez possuem naturezas e características que devem ser respeitadas em suas essências.