Apesar de falarmos a mesma língua e a essência dessa ser sempre a mesma, não podemos negar suas variedades que acontecem por diversas razões como histórias, regionais, sociais ou contextuais. Até porque da mesma forma que usamos vestimentas diferentes, também nos expressamos de formas diferentes. Os estudos dessas variedades linguísticas não são mais questionados e sim aceitos, desde que essas variedades estejam contextualizadas de forma adequada ao serem produzidas.
Antes de mais nada, precisamos entender que há a unidade linguística, isto é, apesar de suas variações, elas não são línguas ou sublínguas do português. As variedades linguísticas nada mais são do que modos de expressão da língua dentro de um código geral.
Variedades Geográficas
Todos brasileiro sabe que em cada lugar do país temos diferentes manifestações da língua portuguesa. Essas manifestações se dão pelo desenvolvimento da cultura local, gerando falares específicos e sotaques que afetam a oralidade do discurso. Alguns conhecem essa variedade como “dialetos regionais”. Exemplo disso é a palavra “mandioca”, que em alguns lugares é conhecida por “aipim” e outros “macaxeira”.
Variedades Históricas
A língua é um elemento vivo e dinâmico, por isso é esperado que ela mude ao longo do tempo. Os textos de uma época traduzem a ideia e elementos daquele tempo, mas também revelam a história da própria língua.
Variedades Socioculturais
Em um mesmo espaço geográfico dentro de uma mesma época, ainda sim encontramos variedades linguísticas. Isso se dá devido a presença de diversos grupos sociais e/ou culturais. Jovens, funkeiros, surfistas são exemplos de coletivos que usam palavras bem restritas à sua comunidade. Além disso, o diferente grau de escolaridade graças a desigualdade, acaba provocando uma variedade sociocultural. Há também os jargões utilizados por diversas profissões, como por exemplo o famoso “briefing” usado nas agências de publicidade.
Variedades Contextuais
Um falante pode utilizar diferentes variedades em um mesmo dia. Em casa com a sua família, você utiliza a língua informal e mais afetiva. Na reunião, você acaba sendo mais formal. Em uma apresentação, você utilizará uma linguagem mais rebuscada. Em um bar, você vai utilizar uma linguagem informal com gírias e vocabulares propícios para o local.
Preconceitos Linguísticos
A forma de empregar o português reflete um aspecto cultural da vida na sociedade brasileira. Por isso, não se deve de forma alguma julgá-la de forma preconceituosa. Quando uma pessoa menos escolarizada é julgada por sua forma de falar, é um preconceito linguístico que não pode acontecer.
As variedades linguísticas não retratam o empobrecimento do idioma, mas reafirmam seu dinamismo e diversidade. Cada um tem seu lugar sem preconceito ou privilégios. O exemplo tão utilizado em provas do personagem Chico Bento mostra isso, uma vez que não se poderia escrever suas falas utilizando a normal culta, pois ele não a detém.
A língua é falada por diversas pessoas desde juízes, passando por engenheiros e até analfabetos. Cada falante tem seu contexto, e por isso não há nenhuma hierarquia de registros que tenham maior importância que outros.