O que é uma variante linguística?
O nome já diz um pouco. O termo é adotado para variações que uma palavra pode sofrer de acordo com influências externas, e é delas que vamos falar a seguir. O ENEM adoooora abordar esse assunto, só no ENEM 2016, tiveram questões relacionadas a diversos tipos de variantes. A prova cobra bastante esse assunto, pois retrata o que acontece no Brasil, onde temos vários exemplos de variantes linguísticas que algumas vezes até geram discussões nas redes sociais. Afinal, é biscoito ou bolacha?
Os dois estão corretos. Esse tipo de variante se chama variante regional ou geográfica, já que cada região pode usar um termo ou palavra para se referir a algo. Em São Paulo, as crianças gostam de bolacha e no Rio de Janeiro, as crianças gostam de biscoito. Outros exemplos de variantes regionais: macaxeira = aipim = mandioca.
Como caiu no ENEM?
(ENEM 2016)
PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra.
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você.
EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele.
BENONA: Mas, Eurico, nós lhe devemos certas atenções.
EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado da verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção.
(SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olimpyio, 2013)
Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para
(A) marcar a classe social das personagens.
(B) caracterizar usos linguísticos de uma região.
(C) enfatizar a relação familiar entre as personagens.
(D) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares.
(E) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens.
Gabarito: B
A variante histórica possui um traço mais gramático. Ela é marcada pela evolução do tempo e da gramática, mas ainda possui influências antigas. Exemplo: “Vossamercê” era o termo inicial, que depois virou “vosmecê” e hoje é “você”. Legal, né? Assim como a nossa história evolui e é marcada por fatos, a Língua Portuguesa acompanha toda essa evolução.
Como caiu no ENEM?
(ENEM 2016)
Mandinga — Era a denominação que, no período das grandes navegações, os portugueses davam à costa ocidental da África. A palavra se tornou sinônimo de feitiçaria porque os exploradores lusitanos consideram bruxos os africanos que ali habitavam — é que eles davam indicações sobre a existência de ouro na região. Em idioma nativo, mandingdesignava terra de feiticeiros. A palavra acabou virando sinônimo de feitiço, sortilégio.
(COTRIM, M. O pulo do gato 3. São Paulo: Geração Editorial, 2009. Fragmento)
No texto, evidencia-se que a construção do significado da palavra mandinga resulta de um (a)
(A) contexto sócio-histórico.
(B) diversidade técnica.
(C) descoberta geográfica.
(D) apropriação religiosa.
(E) contraste cultural.
Gabarito: A
E por último, a variante sociocultural é específica de grupos sociais, separados por classe social, etnia, sexo, idade, profissão, etc. Exemplo: no Marketing Digital, usamos o termo campanha para criar posts patrocinados nas redes sociais. Em uma agência de Publicidade ou para uma grande empresa, campanha é criar um comercial de TV ou divulgação em uma grande revista. Pegou o raciocínio? 😉
Como caiu no ENEM?
(ENEM 2016)
Texto I
Entrevistadora — Eu vou conversar aqui com a professora A.D. … O português então não é uma língua difícil?
Professora — Olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é só regras gramaticais… não se você se apaixona pela língua que você… já domina… que você já fala ao chegar na escola se teu professor cativa você a ler obras da literatura… obra da/ dos meios de comunicação… se você tem acesso a revistas… é… a livros didáticos… a… livros de literatura o mais formal o e/ o difícil é porque a escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
Texto II
Professora — Não, se você parte do princípio que língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias e se tem acesso a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
(MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001)
O texto I é a transcrição de entrevista concedida por uma professora de português a um programa de rádio. O texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos
(A) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.
(B) são modelos de emprego de regras gramaticais.
(C) são exemplos de uso não planejado da língua.
(D) apresentam marcas da linguagem literária.
(E) são amostras do português culto urbano.
Gabarito: E
Bons estudos! 🙂