A intolerância é um assunto que cerca nosso cotidiano nos dias atuais. As pessoas não sabem conciliar liberdades individuais e liberdades que envolvem um grupo em sua totalidade. Com isso, situações contrárias ao que deve acontecer são comuns em nosso contexto atual. A partir desses fatos, e da coletânea de textos, escreva um artigo de opinião, com cerca de 30 linhas, sobre o tema: como é possível agir contra o problema da intolerância, hoje, no Brasil?
Deixe claro o seu ponto de vista, por meio de argumentos coerentes e com embasamentos teóricos.
TEXTO 1
Membros de várias religiões protestam no Rio contra intolerância
Um protesto contra intolerância religiosa reuniu diversas pessoas neste domingo (21) no Largo do Bicão, na Vila da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. O ato, que agrupa fiéis de diferentes religiões,foi realizado após a menina Kailane Campos, de 11 anos, candomblecista, ter sido apedrejada na saída de um culto.
Vestidos de branco ou com vestimentas próprias de suas crenças, centenas de religiosos pediam “paz e respeito”, em torno de 11h. Em ato ecumênico, às 12h, o grupo seguia em caminhada em direção ao local onde a menina foi atingida, na Avenida Meriti, na Vila da Penha, Zona Norte.
“É muito lindo ver isso tudo aqui junto”, declarou a mãe de Kailane, Karina Coelho. “Unir todo mundo na paz e o amor entre todos. Eu acho que essa seria a palavra para isso [para definir o protesto]”.
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informou às 13h38, “que, após a liberação do trecho da Avenida Meriti a partir da altura do Largo do Bicão, sentido Avenida Brasil, o trânsito na região está intenso”.
(…)
‘Nada abala fé‘
Kailane Campos disse que nunca sentiu nenhum tipo de discriminação e que ficou nervosa no momento da agressão. “Esse susto não abala minha fé, ela vai sempre continuar”, disse.
A menina deu entrevista à GloboNews na companhia da avó, Kátia Marinho, que no candomblé é conhecida como Mãe Kátia de Lufan. Iniciada no candomblé há mais de 30 anos, ela descreveu como foi o momento da pedrada.
“Há 25 anos tenho um barracão na Vila da Penha. Éramos um grupo de oito pessoas, saímos da casa do meu compadre e voltávamos para o meu barracão. Quando pegamos a (Avenida) Meriti, eles estavam no ponto de ônibus. Quando viram um monte de gente de branco, começaram a falar: ‘É coisa do diabo, está amarrado’. Continuamos a andar e de repente só escutamos ela gritar, o sangue desceu”, explicou.
Iniciada no candomblé há mais de 30 anos, a avó da garota diz que nunca havia passado por uma situação como essa.
TEXTO 2
É do professor de história André Luiz Ribeiro, 27, o mais recente relato sobre uma onda de violência baseada na intolerância que persiste no Brasil em 2014.
Confundido com um ladrão em São Paulo, ele foi espancado e só conseguiu escapar depois de dar aula sobre Revolução Francesa a um dos bombeiros que o resgataram.
Da postagem no Facebook da foto de um adolescente negro acorrentado a um poste no Rio de Janeiro até a morte da dona-de-casa Fabiane Maria de Jesus no Guarujá (SP), foram mais de 50 casos neste ano.
São aprisionamentos, espancamentos coletivos e cenas bárbaras que já fizeram vítimas em quase todos os estados do país, contando apenas os noticiados –não há estatística criminal sobre linchamentos no Brasil.
Nesta semana, mais três pessoas foram linchadas, em São Paulo e no Piauí. O G1 mostra nesta reportagem especial as faces dessa intolerância. Detalhes dos crimes, suas vítimas, a origem, seus autores, suas causas e consequências.
‘Foi algo surreal’
Mais três linchamentos foram noticiados em julho, em São Paulo e no Piauí. Uma das vítimas foi o professor André, que dá aula de História para cerca de 230 alunos em uma escola pública na periferia da capital paulista.
Apontado como ladrão, acorrentado e brutalmente espancado por dezenas de pessoas, André relatou ao G1 que o dono do bar assaltado já tinha mandado o filho buscar um facão quando os bombeiros chegaram.
“Eu disse que era professor, que estava ali por acaso. Aí um dos bombeiros falou para dar uma aula sobre Revolução Francesa. Foi o que me salvou.”
Só depois de explicar sobre a ascensão da burguesia é que o levaram ao hospital, diz. “Foi algo surreal. Só acreditamos quando chega próximo de nós. Aí você vê que é muito real mesmo, esse ódio das pessoas. Essa brutalidade do ser humano.”
Mesmo assim, foi preso e está em liberdade provisória, já que o dono do bar não retirou a queixa. “Eu estou bem melhor, mas a ferida na alma, a inocência, está perdida.”
( http://g1.globo.com/politica/dias-de-intolerancia/platb/ )
TEXTO 3Duas em cada dez empresas se recusam a contratar homossexuais no Brasil
Quase 20% das empresas que atuam no Brasil se recusam a contratar homossexuais. A conclusão é de uma pesquisa da empresa de recrutamento e seleção Elancers, que entrevistou 10 mil empregadores e mostrou que muitas companhias preferem rejeitar um candidato gay por temer que sua imagem seja associada a ele.
Cerca de 7% dessas empresas não contratariam homossexuais “de modo algum”, diz o estudo, enquanto 11% só considerariam a contratação se o candidato jamais pudesse chegar a um cargo de visibilidade, como o de executivo.
A pesquisa cita a justificativa de uma das recrutadoras entrevistadas, cujo nome foi preservado: “As empresas rejeitam homossexuais para posições de nível hierárquico superior, como diretores, vice-presidentes ou presidentes porque esses cargos representam a organização em eventos públicos e a associação de imagem poderia ser negativa para a companhia”, diz ela. “Quando falamos de escolas, as restrições a homossexuais são maiores por várias razões, mas principalmente pelo receio em relação aos pais dos alunos.”