Conheça a poeta Narcisa Amália, autora de ‘Nebulosas’, leitura obrigatória da Fuvest

narcisa amália

Se você está se preparando para a Fuvest, já deve saber que as leituras obrigatórias representam partes cruciais da prova, e para além dos textos, conhecer os autores desses livros poderá te ajudar a entender melhor cada produção. Pensando nisso, para otimizar os seus estudos, preparamos uma biografia de Narcisa Amália, com curiosidades e principais trabalhos. Ela escreveu a obra “Nebulosas”, que está entre as leituras obrigatórias da Fuvest.

Ao final da leitura, confira também a lista completa dos livros selecionados pela USP, que serão cobrados nos vestibulares 2026 a 2029.

Narcisa Amália: vida e obra

Narcisa Amália de Campos foi uma escritora, poeta e jornalista brasileira nascida em 3 de abril de 1852, em São João da Barra, no Rio de Janeiro. Seus pais, Joaquim Jácome de Oliveira Campos e Narcisa Ignácia de Oliveira Campos, poeta e professora, foram responsáveis por sua alfabetização, aos quatro anos de idade. A família se mudou para Resende quando a menina estava com 11 anos, e lá seus pais fundaram duas instituições de ensino, o Colégio Jácome e o Colégio Nossa Senhora da Conceição.

Em Resende, aproximadamente aos 14 anos, Narcisa se casou com João Batista da Silveira, um artista ambulante, mas o casal se separou quatro anos depois, em 1870. Nesse mesmo ano, no dia 28 de janeiro, a autora teve seu primeiro poema publicado, intitulado “À lua”, no jornal O Parahybano. Em agosto, Narcisa Amália também começou a publicar capítulos da obra “Os climas antigos”, do autor Gaston de Saporta, no jornal Astro Resendense

‘Nebulosas’: primeiro e único livro da autora

Seu primeiro e único livro, chamado “Nebulosas”, foi publicado no ano de 1872 e recebeu elogios do escritor Machado de Assis à época do lançamento. Sua obra foi positivamente avaliada nos meios literários brasileiros, apesar da clara desvalorização culturalmente atrelada às mulheres. Narcisa recebeu como prêmios uma lira e uma pena, ambas de ouro, por seu trabalho e foi homenageada por poetas como Teixeira de Melo e Ezequiel de Freire, os quais dedicaram poemas à autora. Para o último, redigiu o prefácio de seu livro “Flores do campo”.

Os versos de Narcisa Amália também encantaram o imperador Dom Pedro II, que a visitou em Resende para ouvi-la declamar seus poemas. Em 1874, a autora foi convidada por Teixeira de Melo a participar da revista Lux, periódico em que publicou o conto “Nelumbia”. A contribuição da autora aos jornais da época continua em 1879, com a publicação do poema “Perfil de escrava” no jornal O Fluminense. Ela participou, além disso, como revisora e tradutora em diversos periódicos.

Narcisa se casou novamente em 1880 com um homem chamado Francisco Cleto da Rocha. Mais tarde, o segundo matrimônio da autora também acabou em divórcio. Francisco se sentia incomodado com o sucesso da esposa e até mesmo a proibiu de se reunir com outros intelectuais da cidade.

Ele, então, espalhou boatos de que a autoria dos poemas da autora não era legítima. Isso fez com que Narcisa, em uma espécie de exílio, fosse para São Cristóvão, no Rio de Janeiro, em 1889. A poeta deixou a carreira literária para lecionar, mas mantendo seus trabalhos para jornais. Narcisa Amália faleceu em São Cristóvão, em 24 de julho de 1924.

Principais publicações

Narcisa Amália publicou somente um livro, intitulado “Nebulosas”. A obra consiste em uma coletânea de 44 poemas e gerou grande repercussão na época de seu lançamento, uma vez que publicações de autoria feminina eram raras. Os temas abordados pela autora em “Nebulosas” são variados: vemos versos românticos, descrições do cotidiano de Narcisa, homenagens a familiares e amigos, análises da sociedade e questões ligadas à espiritualidade e à história do Brasil.

Apesar da ousadia em tratar de assuntos de extrema relevância social, Narcisa foi alvo de críticas, pois acreditava-se que os assuntos sobre os quais escrevia seriam impróprios para uma mulher. No entanto, seus poemas causaram impacto, sendo elogiados por até mesmo Machado de Assis, segundo registros da época.

Narcisa também teve grande influência nos jornais de seu tempo e é considerada a primeira mulher a ocupar um cargo jornalístico no Brasil. Publicou poemas, o conto “Nelumbia” – um conto de fantasia baseado na cultura oriental, o qual tem como pano de fundo um amor conturbado e impossível -, traduções e comentários relacionados à política de seu tempo, sendo vista como uma das primeiras vozes feministas do Brasil.

Narcisa Amália e a relevância de sua obra

Os versos de Narcisa Amália concentram doses de pioneirismo por meio das críticas sociais feitas pela autora. Narcisa exaltava a natureza brasileira e o amor pelo país, mas sem se desviar dos problemas que presenciava em seu contexto cultural e histórico.

A autora registrou em seus escritos a defesa da voz feminina na sociedade e a importância da luta contra a desigualdade de gênero, e o fez em um período em que a cena literária – assim como outros ambientes – era dominada por homens.

Além disso, Narcisa apoiava a abolição da escravidão e relatava as injustiças sofridas por aqueles marginalizados pela sociedade. Ainda que tenha dado vida a somente um livro, tanto “Nebulosas” quanto seus trabalhos como jornalista são evidências da relevância de Narcisa Amália na literatura brasileira e na luta pelos direitos de minorias.

Curiosidades sobre Narcisa Amália

  • Narcisa Amália também é conhecida como a primeira mulher a ser considerada jornalista no Brasil. A escritora dirigiu o periódico A Gazetinha, em Resende, no qual assinou publicações em defesa aos direitos das mulheres, à abolição da escravatura e ao governo republicano.
  • A autora acreditava que uma das funções do poeta era buscar transformar o mundo mediante sua arte. 
  • Em sua infância, Narcisa estudou francês e latim. Mais tarde, além de escritos de sua autoria, ela também publicou traduções de obras estrangeiras.
  • Narcisa Amália foi alvo de discursos preconceituosos e de críticas devido ao seu posicionamento quanto aos direitos das mulheres. Além disso, foi desacreditada em relação à autoria de seus trabalhos. Apenas anos após sua morte essa ideia foi descartada por meio de estudos realizados sobre a vida e a obra da autora.
  • A Câmara Municipal de São João da Barra, cidade onde a poeta nasceu, instituiu, em sua homenagem, o Diploma Mulher Cidadã Narcisa Amália no ano de 2013. O prêmio tem o objetivo de honrar as mulheres de destaque da cidade de São João da Barra.

Confira as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2026 a 2029

Agora, saiba as leituras obrigatórias da Fuvest para as edições de 2026 a 2029, além dos autores de cada livro. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:

Leituras obrigatórias Fuvest 2026

Leituras obrigatórias Fuvest 2027

  • Opúsculo humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

Leituras obrigatórias Fuvest 2028

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

Leituras obrigatórias Fuvest 2029

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Dom Casmurro (1899) – Machado de Assis
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Incidente em Antares (1970) – Erico Verissimo
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira

Foto do post: Reprodução/Acervo

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