Resumo do livro Balada de amor ao vento, leitura obrigatória da Fuvest

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A obra Balada de amor ao vento, da escritora Paulina Chiziane, está entre as leituras obrigatórias da Fuvest 2026, 2027 e 2028. É essencial que os candidatos procurem ler, conhecer e estudar os livros com antecedência. Assim, para te ajudar na sua preparação para a prova do vestibular, compilamos um resumo completo sobre o livro!

A obra é um expoente internacional na literatura de Moçambique. Repleto de manifestações culturais, o romance retrata temas como a poligamia na visão feminina, a violência doméstica, a pressão pela maternidade, a traição e a marginalização.

Resumo de ‘Balada de amor ao vento’

O romance traz a narrativa sob visão da narradora-protagonista Sarnau, mulher moçambicana de uma aldeia no sul do país. Para a ambientação do livro, uma parte da narrativa se passa em um vilarejo em Gaza, no sul de Moçambique, país onde Paulina Chiziane cresceu. Outra parte do livro é ambientada em Mafalala, atualmente chamada de Maputo, capital do país.

Algo muito presente na obra é a manifestação da natureza para associação com os sentimentos dos personagens, como com os acontecimentos na vida de Sarnau:

“Os pássaros cantaram para nós, os caniços dançaram para nós, o céu e a terra uniram-se ao nosso abraço e empreendemos a primeira viagem celestial nas asas das borboletas.”

Sarnau e Mwando

Sarnau se atrai por Mwando, que almejava ser padre, mas é expulso por se relacionar sexualmente com Sarnau. Aqui, é interessante observar como isso constitui parte identitária da mulher nesse contexto sociocultural.

“Mwando deu o primeiro golpe. Os nossos sangues uniram-se. Neste momento os defuntos que estão no fundo do mar festejam, porque eu hoje sou mulher.”

Sarnau se apaixona por Mwando, que abandona a protagonista por um casamento com outra mulher após Sarnau confessar estar grávida. Novamente, destaca-se a associação da personagem com a natureza e a metáfora no trecho “Há quarenta dias que não vejo a lua”.

A preferência de Mwando ainda tinha teor religioso, pois a outra mulher, Sumbi, era católica. Relações do sincretismo religioso podem ser vistas aqui, como pela menção da ideia de tentação e pecado que Sarnau incitaria:

“Como Adão no paraíso, a voz da serpente sugeriu-lhe a maçã, que lhe arrancou brutalmente a venda de todos os mistérios. Sim, escutou os lábios de uma mulher pronunciando em sussurros o seu nome, despertando-o do ventre fecundo da inocência. Mwando nasceu”.

Devastada, Sarnau tenta se suicidar em um lago, associação simbólica muito forte de suas lágrimas e mágoas. Depois de ser salva, Sarnau encontra um curandeiro (“griot”) para abortar o filho de Mwando.

Casamento com Nguila

Sarnau, então, casa-se com Nguila, herdeiro e futuro líder da tribo dos Zucula, como sua primeira esposa. É importante ressaltar aqui que há uma relação de poligamia em que o esposo pode se relacionar com outras mulheres, mas o contrário não é permitido.

Além disso, Sarnau sofria constantemente com a violência doméstica e com a pressão para ter um filho homem, pois ela já havia concebido apenas duas filhas gêmeas mulheres.

Também é importante destacar a prática do “lobolo”, que é como uma compensação cultural da capacidade reprodutiva da mulher para a família do marido, o que confere legitimidade ao casamento. 

Mudança para a terceira pessoa em alguns capítulos

Há uma mudança de foco narrativo para a terceira pessoa em capítulos que retratam a trágica relação de Mwando com Sumbi, que abandona o marido após a morte de seu único filho com ele para viver com um homem mais velho e rico.

Depois disso, Mwando volta arrependido para se encontrar com Sarnau, a qual o recebe romanticamente e entra em conflitos internos, pois Sarnau engravida de Mwando em um período em que Nguila não estava mais se relacionando com ela.

Sarnau encontra um curandeiro para fazer com que Nguila voltasse a se atrair por ela, o que funciona, mas gera muito ciúmes de uma outra esposa de Nguila, Phati. Apesar de um parto muito difícil, o filho homem nasce com uma grande celebração.

Mwando tenta convencer Sarnau, em especial por ressaltar as marcas de feridas da violência doméstica por parte de Nguila. Descobertos por Phati, Mwando e Sarnau precisam fugir para escapar da morte que Nguila tinha ordenado.

Apesar de fugirem, Mwando sente medo da perseguição do rei e foge, deixando a protagonista sozinha novamente.

O que acontece ao final do livro ‘Balada de amor ao vento’?

Ao final do livro, cerca de 15 anos depois, acontece um mal súbito na filha Chivite, que morava com Sarnau em Mafalala (atual Maputo, capital de Moçambique). Os curandeiros entenderam que a doença era causada por conta de um espírito maligno, cuja forma de derrotar seria nomear a filha com o nome do espírito. Assim, Chivite se torna Phati, junto com o reconhecimento de que a antiga rival era também vítima do sistema patriarcal.

Após esse vento, Mwando volta do exílio para tentar reconciliar-se com Sarnau, mas a protagonista diz que ele só a terá de volta se pagar. Mwando se incomoda com a prostituição de Sarnau, mas ela argumenta que é é culpa dele, porque ela precisava do dinheiro para pagar de volta o “lobolo” de Nguila, de forma a não arruinar os seus casamentos. Foi para conseguir esse dinheiro que Sarnau começou a se prostituir.

“Tu foste para mim vida, angústia, pesadelo. Cantei para ti baladas de amor ao vento. Eras para mim o mar e eu o teu sal. Nunca encontrei os teus olhos nos momentos de aflição. No abismo, não encontrei a tua mão. O meu preço é para ti inacessível?”.

Apesar disso, para que os filhos tivessem a presença de um pai, Sarnau volta com Mwando, encerrando, assim, a história.

Como o livro ‘Balada de amor ao vento’ pode ser cobrado na Fuvest?

Confira algumas temáticas presentes em “Balada de amor ao vento” que podem ser cobradas nas provas da Fuvest.

Elementos da natureza

Ao longo do texto, há metáforas que comparam os sentimentos a retratos da natureza, como pelo próprio vento no título e as águas como representação da fluidez do tempo e mudanças, especialmente pelo Rio Save, que aparece no início e no fim do enredo.

O vento aparece como um contador de histórias, transmissor de mensagens, o qual foi utilizado quando Sarnau cantava para que Mwando voltasse.

Além disso, em diversos momentos, os sentimentos são associados com as paisagens naturais, como por flores, voar dos pássaros ou mesmo o fluir dos rios.

Religião

A presença dos rituais religiosos, em especial aos de passagem, são bem destacados aqui. Como exemplo, podemos pensar nos “griots”, os curandeiros que eram tidos como sábios locais e colaboraram com a comunidade.

A crença nos antepassados, homenagem aos mortos, os ritos de iniciação, como para Mwando, que foi circuncidado; todos são elementos importantes para se observar nos aspectos culturais da obra e que podem ser relacionados a questões interdisciplinares com a história ou a sociologia, por exemplo.

Além disso, aspectos do sincretismo religioso também podem ser abordados em relação ao contato com a história de colonização, opressão e assimilações de Moçambique.

Patriarcalismo

A questão do patriarcalismo pode ser abordada a partir principalmente da poligamia masculina, que permitia o casamento do marido com outras mulheres, mas, se uma mulher casada se relacionasse com outro homem, seria visto como adultério.

A pressão por um filho homem de Sarnau pode ser correlacionada com a violência doméstica e a banalização da opressão na sociedade retratada. Além disso, apesar de não serem sinônimos, o tema do “lobolo” pode ser associado com o pagamento de “dotes” para os casamentos.

O abandono recorrente da paternidade de Mwando pode ser também apresentado pela Fuvest em questões sobre a diferença na pressão social entre o papel da mãe e do pai. Esse aspecto também pode ser relacionado com a discussão sobre o aborto na obra, a pressão social por submissão da mulher e os reflexos da rivalidade feminina.

Sobre a autora Paulina Chiziane

Nascida em Moçambique no ano de 1955, Paulina Chiziane é uma escritora de língua portuguesa cujas obras retratam o universo feminino e as complexidades sociais de seu país. Foi a primeira mulher a publicar um romance na história de Moçambique.

Paulina teve participação ativa no processo de independência de Moçambique e, em 2002, publicou seu livro mais famoso “Niketche: uma história de poligamia”. Em 2021, tornou-se a primeira mulher africana a ser reconhecida com o Prêmio Camões, a mais prestigiosa honraria conferida a escritores lusófonos.

Paulina Chiziane é conhecida por sua escrita crítica à marginalização das mulheres moçambicanas e celebra a diversidade cultural de seu povo, utilizando uma linguagem rica em figuras de linguagem para explorar temas sociais e culturais

Confira as leituras obrigatórias da Fuvest para os vestibulares de 2026 a 2029

Agora, saiba as leituras obrigatórias formuladas pela Fuvest para as edições de 2026 a 2029. Os títulos em negrito são referentes às obras inéditas em relação ao ano anterior do vestibular:

2026

2027

  • Opúsculo humanitário (1853) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • Caminho de pedras (1937) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2028

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • Memórias de Martha (1899) – Júlia Lopes de Almeida
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • A paixão segundo G. H. (1964) – Clarice Lispector
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Balada de amor ao vento (1990) – Paulina Chiziane
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira de Almeida

2029

  • Conselhos à minha filha (1842) – Nísia Floresta
  • Nebulosas (1872) – Narcisa Amália
  • D. Casmurro (1899) – Machado de Assis
  • João Miguel (1932) – Rachel de Queiroz
  • Nós matamos o cão tinhoso! (1964) – Luís Bernardo Honwana
  • Geografia (1967) – Sophia de Mello Breyner Andresen
  • Incidente em Antares (1970) – Érico Veríssimo
  • Canção para ninar menino grande (2018) – Conceição Evaristo
  • A visão das plantas (2019) – Djaimilia Pereira 

Foto do post: Divulgação/Companhia das Letras

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